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“Inteligência Artificial”: tema de reflexão na 61ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil

Os trabalhos do episcopado brasileiro retomados ontem, segunda-feira (15), no Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida prosseguem nesta terça-feira, na segunda semana da 61ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, após um domingo de repouso.
Silvonei José – Vatican News – Aparecida
Na parte da manhã desta terça-feira, os bispos participaram na Santa Missa com Laudes, realizada no Altar Central do Santuário Nacional de Aparecida, presidida por dom João Justino de Medeiros, primeiro vice-presidente da CNBB, arcebispo de Goiania. Após a Santa Missa tem lugar a 15ª e 16ª sessões da AG CNBB.

Já a Missa de ontem, segunda-feira foi presidida pelo bispo de Imperatriz–MA e presidente da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB, dom Vilson Basso. A Santa Missa foi concelebrada pelos bispos dom Antônio Fontinele de Melo, de Humaitá–MA, e o bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre, Dom Darley José Kummer, que também integram a Comissão para a Juventude da CNBB
Após a Santa Missa a 11ª sessão da AG CNBB. Os bispos aprofundaram o tema da “Inteligência Artificial”, em um painel apresentado pelo chefe do departamento de Engenharia Elétrica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e presidente da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), professor Everthon de Souza Oliveira, e Danilo Pinto, secretário do Instituto Nacional de Pastoral padre Alberto Antoniazzi (Inapaz) e sócio-fundador da SBCC.
Os trabalhos
Em seguida, às 10h, os jornalistas voltaram a se encontrar com os bispos na Coletiva de Imprensa. Os bispos indicados para participar da coletiva nesta segunda foram: o bispo de Imperatriz–MA, dom Vilson Basso, que falou sobre o tema “Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes”; o bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, dom Maurício da Silva Jardim, que apresentou os projetos missionários e Igrejas Irmãs, e também o bispo de Campo Limpo (SP), dom Valdir José de Castro, que conversou sobre o tema da Inteligência Artificial.
Após a Coletiva, o episcopado retornou para a 12ª sessão, que centralizou a sua atenção sobre o tema central da Assembleia: “a atualização das diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil”. Os bispos continuaram o caminho de discernimento sobre as diretrizes na dinâmica das 45 mesas sinodais.
No período da tarde, os bispos participaram da 13ª e 14ª sessão, que foram reservadas. Os prelados trataram de assuntos internos e, por este motivo, não foi autorizada a cobertura da imprensa.
Coletiva de Imprensa
A coletiva desta segunda-feira (15), teve a presença de muitos jornalistas. Os jornalistas se encontraram com o bispo de Imperatriz–MA, dom Vilsom Basso, com o bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, dom Maurício da Silva Jardim e com o bispo de Campo Limpo (SP), dom Valdir José de Castro.
Os assuntos tratados foram “Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes”, projetos missionários e Igrejas Irmãs, além da Inteligência Artificial.
Desafios e Luzes para a evangelização das juventudes
O tema da Inteligência Artificial foi abordado por Dom Valdir José, que explicou que o episcopado está refletindo esse tema, que não é propriamente novidade, mas tem se desenvolvido cada vez mais.
“Devemos tudo isso ao Papa Francisco, que tem incentivado a Igreja a entrar, refletir, pensar e agir pastoralmente, levando em consideração a inteligência artificial. Se os senhores se lembram, o tema para o Dia Mundial da Paz foi ‘Inteligência artificial e paz’, e o tema para o próximo Dia Mundial das Comunicações é ‘Inteligência artificial e sabedoria do coração, para uma comunicação plenamente humana’”.
O bispo explicou que é necessário que a Igreja, como perita em humanidade, pense como ela pode orientar eticamente o uso das inteligências artificiais. Como utilizar as inteligências artificiais para o serviço da Igreja de evangelização?
“Vamos partir do positivo das inteligências artificiais. Como a Igreja pode utilizar esses meios e recursos para anunciar o Evangelho, para comunicar-se com a cultura de hoje”.
E finalizou, citando uma frase de Papa Francisco sobre o assunto: “Corre-se o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade”.
“Então nós temos que humanizar a tecnologia. Não negar as tecnologias, mas como utilizá-las levando ao o coração humano e tornando a humanidade mais humana?”.
Dom Vilsom Basso, bispo referencial para a Pastoral da Juventude, iniciou apresentando o sonho do Papa Francisco com o Sínodo de 2018, que fala que a Igreja deve investir tempo, energia e recursos financeiros na evangelização dos jovens. 
“A Christus Vivit – disse ele – que foi a exortação apostólica pós-sinodal, onde papa Francisco coloca meios para uma nova pastoral com os jovens, colocando a Boa Nova de que Deus ama os jovens, que o Cristo derramou seu sangue por eles e que Jesus vive e está sempre presente ao lado dos jovens”.
No último ano, jovens de todo o mundo participaram da Jornada Mundial da Juventude, que se realizou em Lisboa, esse tipo de evento engaja os jovens de uma maneira muito forte, mas existem desafios para manter esse interesse após o término do evento.
“Os eventos ajudam, mas o fundamental é o dia a dia, os encontros semanais, a vida na comunidade. E nesse sentido, nós pensamos aqui maneiras de como a gente pode trabalhar o dia a dia nos grupos de jovens. Onde os jovens estão? Na catequese, liturgia, pastoral da comunicação, no trabalho social, na missão. Como fazer para que esse fogo não se apague? Fazer com que isso de fato reverbere, chegue a outros jovens. Jovem evangelizando jovem”.
Dom Vilsom contou em primeira mão, uma das alternativas encontradas pelos bispos, para chegar ao jovem.
“Como grande desafio é de fato chegar na juventude, a Igreja tem uma bela notícia, a notícia de um Cristo Vivo, jovem, ressuscitado com tantas propostas e parece que não chegar lá, por quê? Então discutimos, criamos um grupo de trabalho chamado gamificação, estou dando em primeira mão para vocês; junto com a Universidade Católica de Brasileira, descobrir novas maneiras de conversar, de envolver, falar de Jesus, por que não através de um aplicativo, através um game?”.
Por fim, ele ainda falou da importância de chegar aos jovens e permanecer com eles.
“Um dos assuntos é esse, são esses milhares de jovens que chamamos de “desigrejados”, que não se congregam em uma igreja, em uma comunidade, como fazer chegar no coração deles essa boa, bela e libertadora noticia que é nosso senhor Jesus Cristo”.
Projetos missionários e Igrejas Irmãs
Dom Maurício, bispo de Rondonópolis-Guiratinga–MT, falou sobre a Igreja e a missão, explicando que a missão é o dia a dia, é a essência da Igreja, do cristão.
“A missão é a natureza da Igreja, é a identidade, é aquilo que está no coração de toda a Igreja. A missão não se reduz a atividades, a algumas horas do dia, mas à missionariedade, que, inclusive nas novas diretrizes, ocupa um lugar muito central. Ela é compreendida como transversal. Papa Francisco diz que a missão é o paradigma de toda a Igreja”.
Ele ainda explicou sobre o Projeto Igrejas Irmãs, que há 52 anos realiza um trabalho verdadeiro de missão.
“A maturidade da fé e a maturidade de uma Igreja é quando ela oferece ajuda a uma outra igreja. E aqui no Brasil nós temos o projeto Igrejas Irmãs, que foi criado em 1972, quando as igrejas do sul do Brasil começaram a ajudar as igrejas do norte. Então, há 52 anos que nós temos esse projeto de cooperação missionária; uma diocese ajuda outra diocese”.
E acrescentou:
“Atualmente são mais de cem dioceses ajudando outras dioceses. São diferentes formas de cooperação missionária, ajuda material, envio de pessoas e também através da oração. E aqui nós estamos também discutindo uma atualização desse Projeto Igrejas Irmãs: nós queremos lançar um texto, um documento de estudos pela CNBB, discutindo o todo do projeto”.
“Nossa meta é Cristo…”
No sábado teve lugar a terceira coletiva de imprensa que teve como pauta a análise de conjuntura eclesial, o Ano Jubilar, o processo sinodal e a missão do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).
“Nossa meta é Cristo…”
Sobre o Jubileu da Esperança, com início na noite do Natal de 2024, o arcebispo de Goiânia (GO) e primeiro vice-presidente da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva, destacou que “a esperança da humanidade é Jesus Cristo morto e ressuscitado” e, que, num mundo marcado pela violência e pela guerra, é importante que os católicos, com o testemunho profético e coerente, “proclamem a esperança de quem acolhe o Evangelho”.
Dom João Justino explicou que a Igreja no Brasil aguarda as indicações do Papa Francisco para a celebração jubilar, mas que já começou a articulação, a fim de dinamizar pastoralmente a iniciativa por meio de um encontro que ocorreu em Brasília (DF), para representantes das dioceses, nos dias 29 e 30 de janeiro, com a assessoria do prefeito do Dicastério para a Evangelização e também coordenador do Jubileu de 2025, dom Rino Fisichella.
Escuta e proximidade
“Será uma grande festa do povo de Deus que celebra sua fé e o mistério da redenção”, explicou o arcebispo de Goiânia ao afirmar que o Papa Francisco presenteia a Igreja com a oportunidade de olhar a realidade vivida e descobrir os campos que precisam ser tocados pelo anúncio de Jesus Cristo, “a alegria de nossa esperança”, e concluiu: “a peregrinação jubilar é uma metáfora do que é a vida. Nossa meta é Cristo, a vida eterna!”.
O bispo de Camaçari (BA) e membro da comissão brasileira do Sínodo sobre a Sinodalidade, dom Dirceu de Oliveira Medeiros, disse que as dioceses do país continuam a caminhada sinodal a partir da acolhida pastoral do Relatório de Síntese, amplamente divulgado. Ele enfatizou “que a sinodalidade é novo modo da Igreja se portar no terceiro milênio”. Retomando o método ‘Conversa no Espírito’, iniciado na 61ª edição da AG, ele relatou que a dinâmica “tem se mostrado eficaz para o discernimento eclesial”.
O representante da CNBB no Sínodo disse que os membros da Igreja estão desafiados a caminhar como irmãos e irmãs e que também toda a sociedade “é convidada a aprender com método de escuta e de proximidade”.
Realidade plural
Com o binômio ‘individualização’ e ‘pluralização’, o bispo de Petrópolis (RJ), Joel Portella Amado, discorreu sobre a análise de conjuntura eclesial enfatizando que os fiéis e os ministros ordenadores vivem “num mundo marcado por profundas transformações” e que na realidade plural e individual apresentada, “a proximidade, o convívio e a cumplicidade”, características das comunidades eclesiais, evidenciam o testemunho evangélico e realçam o modo solidário de ser Igreja, “na escuta e no diálogo de todos”.
Renovar as estruturas
No que tange o papel do CELAM, o bispo auxiliar de Cusco, no Peru, e secretário-geral da entidade, dom Lizardo Estrada, ressaltou que o episcopado latino-americano, composto por 22 conferências episcopais, “reafirma a comunhão, a fraternidade e a colegialidade entre si e com o Papa Francisco” e que por meio de cursos e motivações pastorais, o CELAM “quer renovar as estruturas por meio da conversão pastoral como discípulos missionários de Jesus Cristo!”, finalizou.

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O Papa: muitos conflitos abertos, não ceder à lógica das armas

Francisco divulgou uma carta por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma a Maria Salus Populi Romani durante a fúria da II Guerra Mundial. O Pontífice pede que o aniversário seja uma oportunidade para “meditar em torno do terrível flagelo da guerra”. Olhando para a Ucrânia, Oriente Médio, Sudão e Mianmar, exorta a ouvir os “gritos de terror e de sofrimento” que questionam a consciência de todos e a “trabalhar pela paz na Europa e no mundo”.
Mariangela Jaguraba- Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldassarre Reina, por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma ao ícone de Nossa Senhora conhecido como “Salus Populi Romani” durante a II Guerra Mundial.
O Pontífice une-se espiritualmente a toda a comunidade diocesana que celebra pela primeira vez a memória litúrgica da Salus Populi Romani, e recorda o voto que o povo de Roma e seu Pastor, Papa Pio XII, fez a Nossa Senhora em 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando o confronto direto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos estava prestes a acontecer”, escreve o Papa no texto.
“A devoção ao antigo ícone conservado na Basílica de Santa Maria Maior está viva há séculos no coração dos romanos, que recorriam a ele para fazer súplicas e invocações, especialmente durante pragas, desastres naturais e guerras”, escreve ainda Francisco. “Os eventos marcantes da vida religiosa e civil de Roma eram registrados em frente a essa imagem. Portanto, não é de surpreender que o povo romano desejou confiar-se mais uma vez a Maria Salus Populi Romani enquanto a Urbe vivia o pesadelo da devastação nazista”, ressalta ainda o Papa.

Pio XII com os cidadãos romanos após o bombardeio do bairro de São Lourenço

Não ceder à lógica das armas
De acordo com Francisco, “oitenta anos depois, a lembrança desse acontecimento tão cheio de significado quer ser uma ocasião para rezar por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e para fazer uma meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.
Muitos conflitos em diferentes partes do mundo ainda estão abertos hoje. Penso em particular na martirizada Ucrânia, na Palestina e Israel, no Sudão e Mianmar, onde as armas ainda fazem barulho e mais sangue humano continua sendo derramado.

“Esses são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento questionam a consciência de todos: não podemos e não devemos ceder à lógica das armas!”

O apelo de Paulo VI à ONU
O Pontífice recorda que “vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falando na ONU, perguntou: ‘Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?'” Segundo Francisco, “essa pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus que também deve encontrar hoje corações dispostos a acolhê-lo e trabalhar para serem construtores da reconciliação e testemunhas da esperança.”

Ser construtor de paz
Francisco espera “que as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”. “Pode ser construtor de paz”, ressalta o Papa, “quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se compromete em criar vínculos, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”.
O Pontífice conclui a carta, pedindo a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz” e confia “todos os habitantes de Roma, especialmente os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade, à intercessão materna da Salus Populi Romani”.

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Indonésia. Ilha de Flores ainda é uma “terra prometida” de vocações

“Em junho e julho estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”, conta Pe. Galvani
Vatican News

 

Em 1924 os vigários e prefeitos apostólicos encontraram-se pela primeira vez, para definir uma orientação comum sobre diversas questões da vida da Igreja e sobre a relação com as …

“Nesta época de final de ano letivo, estamos obtendo bons resultados vocacionais. Nós, Camilianos, tentamos nos manter em forma tanto quanto possível com muitas pequenas coisas boas para fazer, não apenas no campo vocacional, mas também com nossas iniciativas sociais e de caridade.”
É o que conta à agência missionária Fides o padre Luigi Galvani, pioneiro na Diocese de Maumere, na Indonésia, onde os Missionários Camilianos estão presentes em três dioceses com 4 seminários, dois centros sociais onde coordenam um programa de nutrição para 160 crianças pobres, apoio à distância para cerca de 20 estudantes merecedores, um projeto de “casas especiais” para libertar os doentes mentais de situações de opressão e, por fim, um modesto projeto de produção de água mineral e do sorvete “São Camilo”.
Ordenações diaconais entre os vários institutos missionários
“Em junho e julho – explica ele – estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”.
A mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio

Em algumas áreas do país, que o Papa visitará em setembro, membros do clero local e de ordens religiosas masculinas e femininas moram por alguns dias em famílias católicas, …

“Nos próximos meses, haverá também as profissões religiosas de numerosos noviços e noviças dos vários institutos masculinos e femininos presentes na Diocese de Maumere, que, no momento, atingiram o número de 62 comunidades religiosas”.
“Todos esses resultados vocacionais encorajadores – conclui o missionário – certamente recompensam o empenho dos vários promotores, mas também são um testemunho da fé e do espírito missionário de centenas e centenas de famílias na ilha de Flores, que continua sendo a mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio. Talvez seja também por isso que Flores é chamada de “terra prometida” de vocações.
(com Fides)

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África Central, quando uma Porta Santa se abriu para o mundo

O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015, foi aberto em um lugar sem precedentes, longe do coração cristão do mundo, a Basílica de São Pedro, mas dentro do coração do Papa Francisco, em Bangui. O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo da capital da África Central, revive aquele dia memorável e o significado benéfico que a visita do Pontífice produziu ao longo do tempo.
Maria Milvia Morciano e Jean Charles Putzolu – Vatican News
É tarde e a noite se prepara lentamente para chegar, tingindo o céu de rosa e dourado. A porta da Catedral de Notre-Dame em Bangui se abre, empurrada por duas mãos firmes. A figura de Francisco está de pé, vigorosa. Muitos anos se passaram desde aquele 29 de novembro de 2015, o primeiro dia do Advento e a data de início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que foi inaugurado, antecipadamente, em um lugar igualmente extraordinário, na capital da África Central. Pela primeira vez na história, a abertura da Porta Santa não se realiza na Basílica de São Pedro, no túmulo do Apóstolo, no centro do mundo cristão, mas em um lugar remoto, para muitos desconhecido.
Capital espiritual
A África Central é um dos países mais sangrentos e divididos do mundo. O Papa o escolheu justamente por esse motivo, para levar misericórdia e uma mensagem de paz a uma “terra que está sofrendo há vários anos com a guerra e o ódio, a incompreensão e a falta de paz. Mas nessa terra sofrida há também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui se torna a capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana, por todo o mundo, pelos países que estão sofrendo com a guerra, pedimos paz!”, disse o Papa na praça da igreja, depois de sair de um papamóvel, desprovido de qualquer proteção contra possíveis perigos, onde o imã também concordou em se sentar.
Um gesto universal compreendido por todos
Uma tradição antiga é transferida para um país jovem. O significado de abrir a Porta Santa e cruzar o limiar está enraizado em um simbolismo ancestral que, em Bangui, se ramifica e dá novos frutos. Ele está revestido de futuro. O gesto do Papa Francisco foi revolucionário porque, em um lugar fechado, cheio de barreiras, ele abre uma porta para a esperança, convida as pessoas a entrarem para encontrar misericórdia e paz, para encontrar Cristo e serem transformadas. Ele traduz de forma cristã uma metáfora compreensível para todos, em qualquer lugar do mundo, de qualquer tradição, religião, experiência e história. Todos entendem que se trata de um rito de passagem fundamental e sagrado.
A linha de fronteira, o limes latim, ponto final, fechamento, é transformada em limen, limiar, abertura. Talvez não seja coincidência o fato de duas palavras opostas conterem a mesma raiz, mas é interessante lembrar o fato de que, na linguagem eclesiástica, a “visitatio ad limina apostolorum” é a visita dos peregrinos aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que remonta aos primeiros séculos da Igreja, mais tarde estendida aos bispos. Tudo fala de Jubileu.
Portas Santas em toda parte
Naquele ano de Misericórdia, muitas Portas Santas foram abertas em todo o mundo, quase um sistema solar composto por milhares de estrelas brilhantes espalhadas pela Terra, mesmo nos lugares mais remotos. Foi uma grande oportunidade, um presente dado a todos, mesmo àqueles que, por vários motivos, não podiam se locomover e viajar. Foi um jubileu extraordinário que pôde ser vivenciado em todas as igrejas locais, permitindo que aqueles que quisessem vivenciar plenamente o evento, fazer a peregrinação e atravessar a Porta da Misericórdia em sua própria diocese.
Uma esperança que vem de Roma
O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo de Bangui, é um dos intérpretes nodais de seu país. Sua história é de fé e de uma árdua “luta pela paz”, lembrando o título de seu livro na versão italiana, publicado pela Livraria Editora Vaticana em 2022. O cardeal centro-africano compartilhou com a mídia vaticana, aos microfones de Jean Charles Putzolu, a memória daqueles dias e as consequências benéficas da visita do Papa à África Central.
Gostaria de levá-los de volta ao dia 29 de novembro de 2015, o primeiro domingo do Advento, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Foi em Bangui, na República Centro-Africana, portanto, em seu país: uma tradição muito antiga chegando a um país jovem. Em sua opinião, qual foi o significado desse gesto para todos os centro-africanos?
É um gesto único na história não apenas da Igreja universal, mas também da nossa Igreja.
Porque nós, centro-africanos, diante da violência, do sofrimento e da morte, encontrando-nos vivendo em um estado de absurdo, sentimos a esperança que veio de Roma por meio do homem de Deus, o Papa, que veio para aplacar, para trazer paz, tranquilidade e perdão, para trazer reconciliação, convidando nós, centro-africanos, a abrir as portas de nossos corações, cheios de ódio, rancor e vingança, para que pudéssemos nos enfrentar. É por isso que ele mesmo disse para depormos nossas armas: “leve a justiça, leve o amor”. Acredito que seu gesto será sempre lembrado aqui na República Centro-Africana. Muçulmanos, protestantes, católicos, todos nós somos unânimes em dizer que sua chegada foi salutar.
E o Papa de fato chegou. Ela se lembrou dessa mensagem, desse chamado para depor as armas. Havia uma enorme tensão até quase dois dias antes de sua chegada a Bangui. Houve mais tensão desde então? Essa mensagem foi ouvida? A mensagem do Papa foi ouvida e atendida? As armas ficaram em silêncio?
Acho que a mensagem foi ouvida. Passamos seis meses desde a partida do Papa como se estivéssemos em um país normal, algo impensável até dois dias antes de sua chegada. Sua chegada aliviou a pressão. Vimos muçulmanos saindo de seus enclaves para se juntarem a seus irmãos e irmãs católicos no estádio, para participar da grande celebração. As pessoas iam e vinham. O Km 5 [marco 5] era considerado um local onde havia muitas armas e, portanto, não se podia entrar. Mas fui até lá com os cristãos para acompanhar o Papa, dizendo aos muçulmanos: “vamos caminhar juntos!”
O Papa veio de Roma para a República Centro-Africana, os cristãos de Bangui deixaram nossos bairros para ir ao encontro de nossos irmãos, caminhando pela paz. Bem, nós marchamos e continuamos a fazê-lo desde aquele dia. Um líder rebelde nos disse que deveríamos conversar sobre espiritualidade com os imãs. Os imãs organizaram uma grande reunião para pedir aos líderes rebeldes que depusessem suas armas e muita coisa mudou desde então. Isso também foi resultado da visita do Papa.
Os imãs realizaram um grande encontro para pedir aos líderes rebeldes que deponham as armas e isso mudou muito. Esse também foi o resultado da visita do Papa, que nos deu um empurrão, nos fez recomeçar e agora estamos vendo os resultados. Hoje as armas não circulam mais como antes.
Em sua opinião, quais foram os outros frutos desse evento?
Foram os encontros entre jovens muçulmanos e jovens cristãos. Encontros bastante regulares entre mulheres muçulmanas e mulheres cristãs, e entre nós, líderes. Há pouco tempo, em março, uma mesquita a 250 quilômetros daqui foi vandalizada. O imã, o pastor protestante e eu falamos ao coração de nossos fiéis para desarmá-los e convidá-los a cooperar, respeitar, valorizar e respeitar o local. Esse, em minha opinião, é o fruto dessa passagem. Agora também pedimos que a justiça seja feita. Isso significa que aqueles que perderam suas casas devem poder recuperá-las, o que significa que aqueles que moram na casa do vizinho há muito tempo devem ter a gentileza de sair. E nós, líderes religiosos, trabalhamos com o coração. Há alguns que saem para deixar a casa para os proprietários sem passar pelos tribunais ou pelo Estado. Portanto, acho que isso também é proveitoso. Agora os corações estão dispostos e podemos conversar, podemos imaginar um futuro comum.
Quando o senhor diz que eles saem de casa, é porque eles realmente a devolvem ao seu legítimo proprietário, certo?
Exatamente isso.
Em um nível mais pessoal, Vossa Eminência, quais são suas lembranças mais fortes e talvez mais vívidas daquele período?
A lembrança mais vívida é a de entrar no quilômetro 5 dois dias antes: era impossível atravessar o posto de controle. Eu estava lá. Vi com meus próprios olhos: o Papa escolheu ir em um veículo não blindado, mas em campo aberto. Todos sabiam que havia muitas armas no local. Francisco teve a coragem de ir até lá e vimos que o imã também concordou em ir no papamóvel. Essa é a imagem mais forte. Quando saí para ir ao estádio, vi muçulmanos saindo em massa, arriscando suas vidas. Foi sua fé que os levou a sair. Um imã nos disse: ‘O Papa não veio para vocês, cristãos, mas para nós, muçulmanos. Estávamos no enclave, estávamos na escravidão. Ele nos libertou!”
Eminência, uma última pergunta: o senhor se tornou inseparável do Imã… entre cristãos e muçulmanos e também com os protestantes. Vocês realizam iniciativas juntos quase diariamente. Esse é outro fruto. É claro que é o resultado de seu trabalho, mas também é o resultado da visita do Papa…
A visita do papa nos confortou, incentivou e apoiou nesse trabalho. E fomos nós três que pedimos a ele que viesse à República Centro-Africana. Acho que todos nós somos gratos a ele. Esse é o fruto de sua passagem.
O Jubileu de 2025. Como estão se preparando para ele?
O Jubileu de 2025 é um momento importante para a Igreja. Bem, já estão sendo criados grupos aqui para refletir, orar, reunir-se e também para ver como, localmente, viveremos esse momento. Este ano celebraremos 130 anos de evangelização na República Centro-Africana e, ao mesmo tempo, estaremos caminhando para 2025, que está logo ali, e estamos trabalhando em ambos. Portanto, acho que há muito entusiasmo. Eu estava com um grupo de jovens que se encontrava na igreja em massa e dissemos uns aos outros: este é um momento importante porque é um momento de graça, mas também é um momento complicado e elevado. Não podemos deixar passar esse momento favorável.

O cardeal Dieudonné Nzapalainga

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