Connect with us

Notícias

Pizzaballa: a paz na Terra Santa só virá de baixo para cima

A entrevista com o Patriarca de Jerusalém, cardeal Pizzaballa, após 200 dias de guerra: “o que aconteceu mostrou claramente a inevitabilidade da solução de ‘dois Estados’. Não há alternativa para os dois estados a não ser a continuação da guerra”.
Roberto Cetera
“Quando nos encontramos em novembro para uma longa conversa, 30 dias após o início da guerra em Gaza, certamente não imaginávamos que ainda estaríamos aqui depois de 200 dias, e sem que uma possível solução para o conflito tivesse amadurecido nesse meio tempo”, contou o Patriarca de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, com quem nos encontramos no edifício do Patriarcado em Jerusalém, por ocasião de um discurso sobre o Dia da Terra celebrado na segunda-feira, 22 de abril.
Naquela longa entrevista, o senhor expressava muita tristeza pelos eventos que estavam ocorrendo e muita decepção pelas “pontes” que pareciam ter desmoronado para sempre.
Infelizmente, não mudou muita coisa desde então: a incerteza sobre o resultado dessa crise ainda reina suprema. O que mudou, em comparação com o que na época poderia parecer um excesso de pessimismo, foi a nossa – quando digo nossa, refiro-me à minha e à da comunidade que lidero – redescoberta da bússola de orientação e da vontade de não desistir e de resistir à tragédia que continua a se desenrolar diante de nossos olhos, quem toca diretamente tantas das nossas pessoas. Naquela época, ficamos realmente chocados. Moro nesta terra há 34 anos, que agora é a minha terra, e já vi muitas guerras, intifadas, confrontos e etc., mas não tenho dúvidas: este é o teste mais difícil que tivemos de enfrentar. A incerteza agora é quanto tempo essa guerra vai durar e, mais ainda, o que acontecerá depois, porque uma coisa é certa: nada voltará a ser como antes. E não estou falando apenas de política; estou pensando em cada um de nós. Essa guerra mudará todos nós. Levará muito tempo para metabolizá-la. Mas também é verdade que os longos períodos são comuns aqui, e a paciência, para o bem ou para o mal, nunca falta. Caso contrário, não haveria explicação para uma guerra que, de várias formas, está ocorrendo há 76 anos.
O senhor também se sente mudado?
Sem dúvida. Sinto, por exemplo, muito mais do que no passado, a necessidade de ouvir. Saber como ler os tempos à luz do Evangelho é a tarefa prioritária de um pastor. E isso só pode ser feito por meio de uma escuta de 360 graus. Também porque sinto que meu povo, e não apenas ele, expressa uma grande necessidade de ouvir. Cada um tem sua própria narrativa, sua própria dor, seu próprio sofrimento, que lamenta não ser suficientemente ouvido, compreendido, consolado. Hoje, mais do que nunca, a primeira forma de caridade aqui é ouvir. Acabo de voltar da Galileia, de uma visita pastoral a Jaffa de Nazaré, onde, além do meu próprio povo, eu também queria conhecer os líderes locais de outras religiões. Ouvir suas razões sem noções preconcebidas não significa compartilhá-las. Mas isso ainda é muito importante porque, se as pessoas virem que os líderes conversam entre si, elas se sentirão inclinadas a fazer o mesmo e a superar a desconfiança. Agora o Pessach começou e o Ramadã terminou recentemente: os festivais religiosos são uma ocasião importante para nos reconhecermos e dialogarmos. Não há necessidade de grandes discursos, basta fazer uma refeição ou tomar um drinque juntos para derrubar os muros que nos separam. Um jantar em conjunto pode fazer mais do que uma conferência ou um documento sobre diálogo inter-religioso. Devemos tentar entender o que temos em comum, e não o que nos divide. Certamente temos dores em comum. Mas não podemos nos limitar à dor. O que realmente está incomodando a todos agora é a ausência de perspectivas. O que não significa criar hipóteses abstratas de cenários futuros, mas entender quais são os elementos básicos de nossas identidades. E entender como essas identidades podem coexistir, se não se interpenetrarem. Isso se aplica a todos, mas também se aplica a nós, cristãos. Nós também precisamos repensar como habitamos esta terra como cristãos. Certamente como testemunhas da história e da geografia da Salvação. Mas também há algo mais a entender, porque ser cristão é, antes de tudo, um modo de vida. Orientado para o Evangelho.
O senhor acredita ser um compromisso difícil?
Com certeza. É uma tarefa difícil e, acima de tudo, cansativa. É cansativo nos questionarmos e nos compararmos sobre como cada um de nós vivenciou esse período. Porque a dor muitas vezes tende a ser “egoísta”: é a minha dor que você não consegue entender, é a minha dor que é sempre maior do que a sua. O esforço, então, é facilitar esse confronto, induzindo cada um de nós a reconhecer a dor do outro. Quero deixar claro que não estou dizendo isso por “bondade” cristã, mas simplesmente porque não vejo outra alternativa. Será que podemos sair desse drama de outra forma? No passado, nesta terra, alguém mais corajoso tentou o caminho político da paz. Mas foram sempre tentativas que partiram de cima para baixo: acordos, negociações, compromissos. Todas elas falharam miseravelmente. Pense em Oslo, por exemplo. Portanto, agora é o momento de inverter a direção e iniciar um caminho que, em vez disso, seja de baixo para cima. Repito: será cansativo, mas não vejo outro caminho.
Essa sua consideração também tem um impacto sobre a leitura do conflito no Ocidente?
É claro que sim. Porque, fora deste país, prevalece uma leitura polarizada do conflito. E isso, além de ser prejudicial, é extremamente insensato, porque as razões do conflito são muito complexas, com camadas ao longo de décadas. Tratar o conflito israelense-palestino com o espírito de um clássico de futebol é errado. Mesmo no Ocidente, há necessidade de conversarmos uns com os outros, de nos confrontarmos, de documentarmos uns aos outros. Além, é claro, de orar insistentemente pela paz.
E a Igreja que o senhor lidera?
Nós também temos uma grande necessidade de conversar uns com os outros. Depois de 7 de outubro, houve, e ainda há, diferentes sensibilidades. Até mesmo radicalmente diferentes. E não acho que agora seja o momento de sintetizá-las. Agora é o momento de ouvi-las. E falar sobre elas também dentro das diferentes sensibilidades e posições que surgiram. Todos devem analisar com sinceridade e coragem a consistência de suas posições. E quais foram os processos mentais que as induziram. Para fazer isso, é preciso coragem. A coragem de admitir que nós também mudamos. E para entender como e por quê. É um processo que só pode acontecer – como nos ensina São Francisco – por meio de uma abertura decisiva da mente e do coração. A mente por si só não é suficiente. E o coração sozinho não é suficiente. É somente em uma relação sincera com o outro que podemos nos definir melhor na verdade. Obviamente, esse é um processo que também me afeta pessoalmente. Ninguém pode ter a presunção de permanecer o mesmo. Nesse sentido, acredito que também precisamos revisar um pouco a narrativa cristã, que, como eu disse, só pode renascer a partir da consciência do que realmente constitui nossa identidade, sempre partindo da realidade, da experiência concreta, da realidade de nossa fé. Que, em sua quintessência, é a esperança que se fundamenta na experiência da Ressurreição. Podemos então definir a constituição de nossa identidade também olhando para nossa rica história passada. No passado, nossa presença se concretizava na construção de igrejas, escolas e hospitais. Hoje, não somos mais chamados a construir estruturas, mas relações. Relações com os “outros” de nós, sabendo que somos os “outros” deles. Isso em relação a outras religiões, mas também em relação à rica diversidade da composição da comunidade católica na Terra Santa, levando em conta o caráter árabe-cristão como um elemento insubstituível.
Apesar do seu pequeno número, as comunidades cristãs reconheceram objetivamente uma presença forte e de liderança. Toda intervenção pública sua é sempre examinada, discutida, talvez criticada, por um lado e por outro…
É verdade. Eu não tenho muito a ver com isso. Talvez o próprio fato de sermos uma pequena minoria, que soma 2 ou 3% da população, e não podermos ser alistados de fato em nenhum lado, nos dê esse peso específico superior. Muito também depende do fato de que, por mais pequenos que sejamos, fazemos parte de uma instituição mundial que tem a universalidade como sua principal característica. Além disso, há também o fato de estarmos sempre e em qualquer caso ao lado dos que sofrem, o que faz com que haja incursões entre todos aqueles – que são a maioria – que, independentemente de suas crenças religiosas, são inspirados pelos valores do humanismo. E ainda tem o Papa Francisco.
Que valor tiveram os discursos do Papa Francisco nesses seis meses aqui na Terra Santa?
Até agora, a palavra do Papa Francisco nessa guerra tem tido um grande peso. Mesmo quando foi alvo de críticas de ambos os lados, na verdade, talvez exatamente quando foi alvo de críticas, ele manifestou a grande autoridade de que desfruta. Seus repetidos apelos para a libertação dos reféns e para um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza entraram com peso na história desta guerra. Gostaria de lembrar que hoje muitos estão pedindo um cessar-fogo, mas em novembro apenas a voz solitária e corajosa do Papa Francisco estava pedindo isso. Isso também é verdade para nosso povo e para os cristãos de Gaza. O alívio proporcionado pelos telefonemas quase diários do Papa foi enorme, e também significou muito para aqueles que, fora de Gaza, estavam acompanhando ansiosamente o destino deles.
Como está a situação dos cristãos em Gaza, de acordo com as notícias que o senhor tem agora?
Ontem chegaram dois contêineres cheios de comida e eles finalmente podem comer algo mais substancial. A situação continua difícil por causa do equilíbrio psicológico, que obviamente está vacilando após seis meses de cativeiro nas dependências da igreja. Todos precisam se envolver em algum tipo de trabalho para o bem de toda a comunidade, e isso é importante porque assim eles se distraem de pensar em seu estado atual, nos perigos que enfrentam e na memória daqueles que não conseguiram sobreviver. Que não são apenas aqueles que morreram assassinados por bombas e armas, mas também aqueles que não sobreviveram à falta de medicamentos e cuidados. Atualmente, há pouco mais de 500 ainda dentro da igreja. Alguns, nos últimos dias, não aguentaram mais e, tendo chegado a Rafah, deixaram a Faixa. Eles tiveram que se endividar muito para sair. A coragem e a dedicação, especialmente das três freiras de Madre Teresa, que nunca pararam de cuidar das crianças deficientes, são comoventes. Espero que em breve possamos entrar em contato com esses nossos irmãos e irmãs e levar-lhes pessoalmente a ajuda de que precisam.
Quais foram seus momentos mais difíceis nesses 200 dias?
Sem dúvida, os primeiros. Ficamos chocados, eu não conseguia me concentrar em qual deveria ser a minha prioridade, porque no início não conseguíamos nem entender qual era o verdadeiro alcance dos eventos, a enorme tragédia que estávamos enfrentando. E depois, certamente, os dias de Natal. A privação da alegria do Natal, da festa do nascimento de Cristo para trazer a paz, foi terrível para nossos cristãos. Especialmente para os pequenos. As imagens da desolação em Belém no Natal não serão facilmente esquecidas nos próximos anos. Não nego nada do que foi feito. Os erros também fazem parte da realidade. Em um assunto tão complexo, não se pode deixar de cometer erros. Mas acho que posso afirmar que nossa posição sempre foi muito clara, transparente e honesta.
O senhor passou por momentos de solidão durante esses meses?
A oração é um grande alívio para a solidão porque faz com que você sinta a presença permanente do Senhor. Mas eu não seria sincero se negasse isso. É claro que a solidão é inevitável quando você tem responsabilidades, e quando elas são tão sérias que também afetam a vida das pessoas ao seu redor e daqueles que você ama. Mas a solidão também tem uma vantagem. A de preservar uma posição de liberdade. Aproveito a dádiva da amizade de muitos, mas um certo distanciamento permite que eu não seja influenciado emocionalmente em minhas decisões. Novamente, é um estilo que peguei emprestado dos ensinamentos de São Francisco.
A relação constante ao longo desses meses com o Papa Francisco foi importante para aliviar essa solidão da responsabilidade?
Sem dúvida. Não apenas os cristãos de Gaza, mas também o Patriarca se beneficiaram da colaboração ativa do Papa. Sou um bergamasco de poucas palavras, mas sinto que devo agradecê-lo do fundo do meu coração por isso e pela confiança que ele expressou em mim. Não se trata apenas de uma proximidade de palavras e afeto que o Papa Francisco quis transmitir às nossas comunidades, mas também de uma ajuda concreta que chegou até nós diretamente e com as visitas dos cardeais Krajewski, Filoni e, nos últimos dias, Dolan.
A prioridade agora é certamente o fim da guerra. Mas depois disso, uma fase ainda mais difícil será aberta, tanto em Gaza quanto na Palestina e em Israel.
Sim. As consequências serão difíceis. Enquanto isso, espero que aqueles que deixaram Gaza possam e queiram voltar. A reconstrução de Gaza levará décadas. Não sobrou nada: casas, estradas, infraestrutura. Será necessário um enorme esforço internacional. É inimaginável que as pessoas durmam em uma barraca por anos. Mas acredito que, de modo geral, tudo terá de ser reconstruído não apenas lá, mas também na Palestina e em Israel. Precisamos realmente dar um basta na história e começar tudo de novo, em uma base nova e diferente do passado. Nesse meio tempo, acho que tudo o que aconteceu nos últimos seis meses mostrou claramente a inevitabilidade da solução de “dois Estados”. Não há outra alternativa para os dois Estados que não seja a continuação da guerra. Mas os dois Estados precisam mudar internamente, precisam se repensar. As duas sociedades, que mudaram radical e rapidamente nos últimos anos, devem ter a coragem de repensar sua própria sociedade. Isso não será fácil porque ambas as sociedades têm um alto grau de heterogeneidade dentro de si, são multifacetadas. Ambas as sociedades precisam se equipar com um novo horizonte de valores, porque não é possível que o único agente de união social para ambas seja a defesa contra o inimigo. Se não fizerem isso, comprometerão seriamente seu futuro. Em muitos países, vemos uma fragmentação de interesses, um crescimento do egoísmo social, um delírio de poder e opressão que gera conflitos. Isso certamente não ajuda. Posso ser acusado de partidarismo, mas, na direção oposta, hoje só ouço a voz do Papa Francisco.
Nesse sentido, o Patriarca também desempenha uma função de relação com as instituições dos dois lados, um papel político.
Depende do que quer dizer com um papel político. A Igreja não desempenha um papel de mediadora, isso não está em suas funções e competências. Em vez disso, a Igreja pode desempenhar um papel de facilitação. Facilitar o diálogo e o reconhecimento mútuo. E isso nós fazemos, antes de tudo, na sociedade, e também entre instituições como expressões das sociedades.
O barulho sinistro dos aviões militares israelenses sobrevoando Jerusalém a caminho da “linha de confronto” no norte foi o pano de fundo de grande parte da conversa. O cardeal Pizzaballa ajustou o solidéu e se levantou. Uma comunidade de cristãos o aguarda na Galileia.

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias

O Papa: muitos conflitos abertos, não ceder à lógica das armas

Francisco divulgou uma carta por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma a Maria Salus Populi Romani durante a fúria da II Guerra Mundial. O Pontífice pede que o aniversário seja uma oportunidade para “meditar em torno do terrível flagelo da guerra”. Olhando para a Ucrânia, Oriente Médio, Sudão e Mianmar, exorta a ouvir os “gritos de terror e de sofrimento” que questionam a consciência de todos e a “trabalhar pela paz na Europa e no mundo”.
Mariangela Jaguraba- Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldassarre Reina, por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma ao ícone de Nossa Senhora conhecido como “Salus Populi Romani” durante a II Guerra Mundial.
O Pontífice une-se espiritualmente a toda a comunidade diocesana que celebra pela primeira vez a memória litúrgica da Salus Populi Romani, e recorda o voto que o povo de Roma e seu Pastor, Papa Pio XII, fez a Nossa Senhora em 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando o confronto direto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos estava prestes a acontecer”, escreve o Papa no texto.
“A devoção ao antigo ícone conservado na Basílica de Santa Maria Maior está viva há séculos no coração dos romanos, que recorriam a ele para fazer súplicas e invocações, especialmente durante pragas, desastres naturais e guerras”, escreve ainda Francisco. “Os eventos marcantes da vida religiosa e civil de Roma eram registrados em frente a essa imagem. Portanto, não é de surpreender que o povo romano desejou confiar-se mais uma vez a Maria Salus Populi Romani enquanto a Urbe vivia o pesadelo da devastação nazista”, ressalta ainda o Papa.

Pio XII com os cidadãos romanos após o bombardeio do bairro de São Lourenço

Não ceder à lógica das armas
De acordo com Francisco, “oitenta anos depois, a lembrança desse acontecimento tão cheio de significado quer ser uma ocasião para rezar por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e para fazer uma meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.
Muitos conflitos em diferentes partes do mundo ainda estão abertos hoje. Penso em particular na martirizada Ucrânia, na Palestina e Israel, no Sudão e Mianmar, onde as armas ainda fazem barulho e mais sangue humano continua sendo derramado.

“Esses são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento questionam a consciência de todos: não podemos e não devemos ceder à lógica das armas!”

O apelo de Paulo VI à ONU
O Pontífice recorda que “vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falando na ONU, perguntou: ‘Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?'” Segundo Francisco, “essa pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus que também deve encontrar hoje corações dispostos a acolhê-lo e trabalhar para serem construtores da reconciliação e testemunhas da esperança.”

Ser construtor de paz
Francisco espera “que as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”. “Pode ser construtor de paz”, ressalta o Papa, “quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se compromete em criar vínculos, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”.
O Pontífice conclui a carta, pedindo a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz” e confia “todos os habitantes de Roma, especialmente os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade, à intercessão materna da Salus Populi Romani”.

Continue Reading

Notícias

Indonésia. Ilha de Flores ainda é uma “terra prometida” de vocações

“Em junho e julho estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”, conta Pe. Galvani
Vatican News

 

Em 1924 os vigários e prefeitos apostólicos encontraram-se pela primeira vez, para definir uma orientação comum sobre diversas questões da vida da Igreja e sobre a relação com as …

“Nesta época de final de ano letivo, estamos obtendo bons resultados vocacionais. Nós, Camilianos, tentamos nos manter em forma tanto quanto possível com muitas pequenas coisas boas para fazer, não apenas no campo vocacional, mas também com nossas iniciativas sociais e de caridade.”
É o que conta à agência missionária Fides o padre Luigi Galvani, pioneiro na Diocese de Maumere, na Indonésia, onde os Missionários Camilianos estão presentes em três dioceses com 4 seminários, dois centros sociais onde coordenam um programa de nutrição para 160 crianças pobres, apoio à distância para cerca de 20 estudantes merecedores, um projeto de “casas especiais” para libertar os doentes mentais de situações de opressão e, por fim, um modesto projeto de produção de água mineral e do sorvete “São Camilo”.
Ordenações diaconais entre os vários institutos missionários
“Em junho e julho – explica ele – estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”.
A mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio

Em algumas áreas do país, que o Papa visitará em setembro, membros do clero local e de ordens religiosas masculinas e femininas moram por alguns dias em famílias católicas, …

“Nos próximos meses, haverá também as profissões religiosas de numerosos noviços e noviças dos vários institutos masculinos e femininos presentes na Diocese de Maumere, que, no momento, atingiram o número de 62 comunidades religiosas”.
“Todos esses resultados vocacionais encorajadores – conclui o missionário – certamente recompensam o empenho dos vários promotores, mas também são um testemunho da fé e do espírito missionário de centenas e centenas de famílias na ilha de Flores, que continua sendo a mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio. Talvez seja também por isso que Flores é chamada de “terra prometida” de vocações.
(com Fides)

Continue Reading

Notícias

África Central, quando uma Porta Santa se abriu para o mundo

O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015, foi aberto em um lugar sem precedentes, longe do coração cristão do mundo, a Basílica de São Pedro, mas dentro do coração do Papa Francisco, em Bangui. O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo da capital da África Central, revive aquele dia memorável e o significado benéfico que a visita do Pontífice produziu ao longo do tempo.
Maria Milvia Morciano e Jean Charles Putzolu – Vatican News
É tarde e a noite se prepara lentamente para chegar, tingindo o céu de rosa e dourado. A porta da Catedral de Notre-Dame em Bangui se abre, empurrada por duas mãos firmes. A figura de Francisco está de pé, vigorosa. Muitos anos se passaram desde aquele 29 de novembro de 2015, o primeiro dia do Advento e a data de início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que foi inaugurado, antecipadamente, em um lugar igualmente extraordinário, na capital da África Central. Pela primeira vez na história, a abertura da Porta Santa não se realiza na Basílica de São Pedro, no túmulo do Apóstolo, no centro do mundo cristão, mas em um lugar remoto, para muitos desconhecido.
Capital espiritual
A África Central é um dos países mais sangrentos e divididos do mundo. O Papa o escolheu justamente por esse motivo, para levar misericórdia e uma mensagem de paz a uma “terra que está sofrendo há vários anos com a guerra e o ódio, a incompreensão e a falta de paz. Mas nessa terra sofrida há também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui se torna a capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana, por todo o mundo, pelos países que estão sofrendo com a guerra, pedimos paz!”, disse o Papa na praça da igreja, depois de sair de um papamóvel, desprovido de qualquer proteção contra possíveis perigos, onde o imã também concordou em se sentar.
Um gesto universal compreendido por todos
Uma tradição antiga é transferida para um país jovem. O significado de abrir a Porta Santa e cruzar o limiar está enraizado em um simbolismo ancestral que, em Bangui, se ramifica e dá novos frutos. Ele está revestido de futuro. O gesto do Papa Francisco foi revolucionário porque, em um lugar fechado, cheio de barreiras, ele abre uma porta para a esperança, convida as pessoas a entrarem para encontrar misericórdia e paz, para encontrar Cristo e serem transformadas. Ele traduz de forma cristã uma metáfora compreensível para todos, em qualquer lugar do mundo, de qualquer tradição, religião, experiência e história. Todos entendem que se trata de um rito de passagem fundamental e sagrado.
A linha de fronteira, o limes latim, ponto final, fechamento, é transformada em limen, limiar, abertura. Talvez não seja coincidência o fato de duas palavras opostas conterem a mesma raiz, mas é interessante lembrar o fato de que, na linguagem eclesiástica, a “visitatio ad limina apostolorum” é a visita dos peregrinos aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que remonta aos primeiros séculos da Igreja, mais tarde estendida aos bispos. Tudo fala de Jubileu.
Portas Santas em toda parte
Naquele ano de Misericórdia, muitas Portas Santas foram abertas em todo o mundo, quase um sistema solar composto por milhares de estrelas brilhantes espalhadas pela Terra, mesmo nos lugares mais remotos. Foi uma grande oportunidade, um presente dado a todos, mesmo àqueles que, por vários motivos, não podiam se locomover e viajar. Foi um jubileu extraordinário que pôde ser vivenciado em todas as igrejas locais, permitindo que aqueles que quisessem vivenciar plenamente o evento, fazer a peregrinação e atravessar a Porta da Misericórdia em sua própria diocese.
Uma esperança que vem de Roma
O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo de Bangui, é um dos intérpretes nodais de seu país. Sua história é de fé e de uma árdua “luta pela paz”, lembrando o título de seu livro na versão italiana, publicado pela Livraria Editora Vaticana em 2022. O cardeal centro-africano compartilhou com a mídia vaticana, aos microfones de Jean Charles Putzolu, a memória daqueles dias e as consequências benéficas da visita do Papa à África Central.
Gostaria de levá-los de volta ao dia 29 de novembro de 2015, o primeiro domingo do Advento, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Foi em Bangui, na República Centro-Africana, portanto, em seu país: uma tradição muito antiga chegando a um país jovem. Em sua opinião, qual foi o significado desse gesto para todos os centro-africanos?
É um gesto único na história não apenas da Igreja universal, mas também da nossa Igreja.
Porque nós, centro-africanos, diante da violência, do sofrimento e da morte, encontrando-nos vivendo em um estado de absurdo, sentimos a esperança que veio de Roma por meio do homem de Deus, o Papa, que veio para aplacar, para trazer paz, tranquilidade e perdão, para trazer reconciliação, convidando nós, centro-africanos, a abrir as portas de nossos corações, cheios de ódio, rancor e vingança, para que pudéssemos nos enfrentar. É por isso que ele mesmo disse para depormos nossas armas: “leve a justiça, leve o amor”. Acredito que seu gesto será sempre lembrado aqui na República Centro-Africana. Muçulmanos, protestantes, católicos, todos nós somos unânimes em dizer que sua chegada foi salutar.
E o Papa de fato chegou. Ela se lembrou dessa mensagem, desse chamado para depor as armas. Havia uma enorme tensão até quase dois dias antes de sua chegada a Bangui. Houve mais tensão desde então? Essa mensagem foi ouvida? A mensagem do Papa foi ouvida e atendida? As armas ficaram em silêncio?
Acho que a mensagem foi ouvida. Passamos seis meses desde a partida do Papa como se estivéssemos em um país normal, algo impensável até dois dias antes de sua chegada. Sua chegada aliviou a pressão. Vimos muçulmanos saindo de seus enclaves para se juntarem a seus irmãos e irmãs católicos no estádio, para participar da grande celebração. As pessoas iam e vinham. O Km 5 [marco 5] era considerado um local onde havia muitas armas e, portanto, não se podia entrar. Mas fui até lá com os cristãos para acompanhar o Papa, dizendo aos muçulmanos: “vamos caminhar juntos!”
O Papa veio de Roma para a República Centro-Africana, os cristãos de Bangui deixaram nossos bairros para ir ao encontro de nossos irmãos, caminhando pela paz. Bem, nós marchamos e continuamos a fazê-lo desde aquele dia. Um líder rebelde nos disse que deveríamos conversar sobre espiritualidade com os imãs. Os imãs organizaram uma grande reunião para pedir aos líderes rebeldes que depusessem suas armas e muita coisa mudou desde então. Isso também foi resultado da visita do Papa.
Os imãs realizaram um grande encontro para pedir aos líderes rebeldes que deponham as armas e isso mudou muito. Esse também foi o resultado da visita do Papa, que nos deu um empurrão, nos fez recomeçar e agora estamos vendo os resultados. Hoje as armas não circulam mais como antes.
Em sua opinião, quais foram os outros frutos desse evento?
Foram os encontros entre jovens muçulmanos e jovens cristãos. Encontros bastante regulares entre mulheres muçulmanas e mulheres cristãs, e entre nós, líderes. Há pouco tempo, em março, uma mesquita a 250 quilômetros daqui foi vandalizada. O imã, o pastor protestante e eu falamos ao coração de nossos fiéis para desarmá-los e convidá-los a cooperar, respeitar, valorizar e respeitar o local. Esse, em minha opinião, é o fruto dessa passagem. Agora também pedimos que a justiça seja feita. Isso significa que aqueles que perderam suas casas devem poder recuperá-las, o que significa que aqueles que moram na casa do vizinho há muito tempo devem ter a gentileza de sair. E nós, líderes religiosos, trabalhamos com o coração. Há alguns que saem para deixar a casa para os proprietários sem passar pelos tribunais ou pelo Estado. Portanto, acho que isso também é proveitoso. Agora os corações estão dispostos e podemos conversar, podemos imaginar um futuro comum.
Quando o senhor diz que eles saem de casa, é porque eles realmente a devolvem ao seu legítimo proprietário, certo?
Exatamente isso.
Em um nível mais pessoal, Vossa Eminência, quais são suas lembranças mais fortes e talvez mais vívidas daquele período?
A lembrança mais vívida é a de entrar no quilômetro 5 dois dias antes: era impossível atravessar o posto de controle. Eu estava lá. Vi com meus próprios olhos: o Papa escolheu ir em um veículo não blindado, mas em campo aberto. Todos sabiam que havia muitas armas no local. Francisco teve a coragem de ir até lá e vimos que o imã também concordou em ir no papamóvel. Essa é a imagem mais forte. Quando saí para ir ao estádio, vi muçulmanos saindo em massa, arriscando suas vidas. Foi sua fé que os levou a sair. Um imã nos disse: ‘O Papa não veio para vocês, cristãos, mas para nós, muçulmanos. Estávamos no enclave, estávamos na escravidão. Ele nos libertou!”
Eminência, uma última pergunta: o senhor se tornou inseparável do Imã… entre cristãos e muçulmanos e também com os protestantes. Vocês realizam iniciativas juntos quase diariamente. Esse é outro fruto. É claro que é o resultado de seu trabalho, mas também é o resultado da visita do Papa…
A visita do papa nos confortou, incentivou e apoiou nesse trabalho. E fomos nós três que pedimos a ele que viesse à República Centro-Africana. Acho que todos nós somos gratos a ele. Esse é o fruto de sua passagem.
O Jubileu de 2025. Como estão se preparando para ele?
O Jubileu de 2025 é um momento importante para a Igreja. Bem, já estão sendo criados grupos aqui para refletir, orar, reunir-se e também para ver como, localmente, viveremos esse momento. Este ano celebraremos 130 anos de evangelização na República Centro-Africana e, ao mesmo tempo, estaremos caminhando para 2025, que está logo ali, e estamos trabalhando em ambos. Portanto, acho que há muito entusiasmo. Eu estava com um grupo de jovens que se encontrava na igreja em massa e dissemos uns aos outros: este é um momento importante porque é um momento de graça, mas também é um momento complicado e elevado. Não podemos deixar passar esse momento favorável.

O cardeal Dieudonné Nzapalainga

Continue Reading

Mais Vistos

Copyright © 2024 - Caminho Divino