Connect with us

Notícias

Dom Luis Marín: “a sinodalidade deve nos levar a um compromisso radical”

O Sínodo sobre a Sinodalidade está preparando a segunda sessão da Assembleia Sinodal, programada para 2 a 27 de outubro de 2024, dando continuidade ao trabalho realizado em outubro de 2023.
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
O subsecretário do Sínodo dos Bispos, dom Luis Marín de San Martín, explica nesta entrevista os passos que estão sendo dados no processo sinodal.
O Papa Francisco decidiu que o atual Sínodo teria uma assembleia em duas sessões e estamos no tempo intermediário entre uma sessão e outra. Como está sendo vivido esse tempo, quais são os passos que estão sendo promovidos pela Secretaria do Sínodo?
É um tempo de envolvimento, comprometimento e participação na mesma linha de todo o processo sinodal. Entre a primeira sessão da Assembleia do Sínodo dos Bispos em outubro de 2023 e a segunda sessão a ser realizada em outubro de 2024, o Secretariado do Sínodo está coordenando a conexão entre as duas sessões. Podemos destacar três fontes: trabalho nas Conferências Episcopais, grupos de estudo e comissões de canonistas e teólogos, encontro de párocos.
Antes de tudo, temos como material de trabalho o Relatório de Síntese, que oferece muitas ideias para desenvolver ainda mais a eclesiologia sinodal e concretizá-la na vida, no estilo e na missão. Aguardamos o discernimento coordenado pelas Conferências Episcopais sobre como ser uma Igreja sinodal em missão, no qual elas já estão trabalhando em nível local e cujos resultados nos serão enviados até 15 de maio.
Em segundo lugar, o Papa quis criar grupos de estudo sobre 10 temas, que são extraídos do que será o trabalho da Assembleia do Sínodo dos Bispos. São temas importantes que exigem grande profundidade teológica e serenidade no seu desenvolvimento, impossíveis de serem alcançados no curto espaço de tempo da segunda sessão: as relações entre as Igrejas Católicas Orientais e a Igreja Latina; o grito dos pobres; o ambiente digital; a formação sacerdotal em uma perspectiva sinodal missionária; as formas ministeriais específicas; as relações entre os bispos e a vida consagrada; alguns aspectos da figura e do ministério do bispo; o papel dos representantes pontifícios; os critérios teológicos e as metodologias sinodais para um discernimento compartilhado; o caminho ecumênico.
Esses temas serão trabalhados em grupos formados em colaboração com vários dicastérios da Cúria Romana. Aqui já temos um modo concreto de desenvolver a sinodalidade na Cúria Romana, de acordo com o que está estabelecido na constituição Predicate Evangelium. O Sínodo dos Bispos certamente será informado sobre esse trabalho conjunto entre especialistas de vários dicastérios, mesmo que ele tenha um desenvolvimento extenso e demorado.
O Papa também criou cinco comissões de teólogos e canonistas para estudar em profundidade o tema que as Conferências Episcopais foram solicitadas a abordar: como ser uma Igreja sinodal em missão. O tema será abordado a partir de três perspectivas: Igreja local, agrupamentos de Igrejas, Igreja universal. Duas outras perspectivas serão acrescentadas: o método sinodal e o “lugar” da Igreja sinodal na missão.
Por fim, será realizado um importante encontro de párocos, enviados pelas Conferências Episcopais. Ele será realizado em Sacrofano de 29 de abril a 2 de maio. O objetivo é ouvir suas reflexões e experiências sobre como ser uma Igreja sinodal em missão, a partir de três aspectos específicos: a compreensão da sinodalidade na vida da diocese; a participação dos diferentes carismas na vida da paróquia e da diocese; a dinâmica do discernimento e os organismos de participação.
Com a contribuição dessas três fontes (as conferências episcopais, as cinco comissões de canonistas e teólogos e o encontro de párocos), redigiremos o segundo Instrumentum laboris. Além disso, estamos preparando o que será a segunda sessão da Assembleia Sinodal (programa, etc.), que começará com um retiro espiritual de dois dias.

Dom Luis Marín de San Martín

O senhor fala de uma Igreja sinodal em missão, um desejo do Papa Francisco. Quais são os desafios a serem enfrentados hoje para tornar esse modo de ser Igreja uma realidade?
A Igreja sinodal nada mais é do que a Igreja de Jesus Cristo. Devemos voltar à beleza do Evangelho, com seu radicalismo e exigência, mostrando a alternativa que ele é aos critérios do mundo. Mas não a partir do retraimento, da autorreferencialidade e da busca por segurança. E muito menos da agressividade e do confronto. Não se trata de trincheiras, mas de família. É a Igreja de mãos estendidas e braços abertos, acolhedora, uma casa comum, inclusiva e misericordiosa, dinâmica e extrovertida, que comunica o entusiasmo do Evangelho no qual acredita e pelo qual vive. A Igreja coerente que dá testemunho e leva as Boas Novas a todos os cantos do mundo. Podemos dizer que o objetivo final do processo sinodal é a missão, a evangelização. Em suma, acredito que a sinodalidade é, fundamentalmente, uma experiência de Igreja, ou seja, uma experiência de comunhão com Cristo e, nele, de comunhão com nossos irmãos e irmãs. Somente dessa forma nos sentiremos impelidos a comunicar o Evangelho ao nosso mundo. E só então seremos confiáveis.
Para isso, o desafio não é outro senão experimentar o Ressuscitado (estamos no período da Páscoa), ou seja, o Cristo vivo, unido à sua Igreja. Cristo não é apenas uma referência acadêmica em um livro, nem é apenas um slogan, uma norma legal ou uma bandeira ideológica. Ele é uma pessoa viva. Essa experiência do Cristo vivo também nos leva à experiência da Igreja, da comunhão, da comunidade cristã unida no amor. Esse é o desafio do processo sinodal, que nos chama a ouvir a voz do Espírito e também a discernir os sinais dos tempos, não a partir de uma perspectiva monolítica e indiferenciada, mas a partir da riqueza que nos é dada pela Igreja, que se encarna na variedade de culturas e situações do mundo de hoje.

Dom Luis Marín de San Martín

Como podemos ajudar as pessoas a entender que o objetivo deste Sínodo não é responder a questões específicas, mas avançar no modo de ser Igreja que o Papa propõe?
A primeira coisa é entender o que é sinodalidade. O termo já é bem conhecido, mas talvez ainda existam algumas confusões e mal-entendidos que precisam ser esclarecidos. Devemos ter claro que a sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja, assim como a comunhão e a missão. E é um processo que assume a forma de eventos e estruturas (por exemplo, o Sínodo dos Bispos, o Sínodo diocesano, conselhos pastorais e econômicos, etc.). Mas, acima de tudo, é uma experiência. Não é apenas uma questão de falar sobre sinodalidade, mas de vivê-la, de “permear” toda a Igreja e tudo o que é Igreja. Ela deve se tornar um estilo, um modo de ser e de fazer. Para tornar a reforma concreta, evitando a “teorização” e o “espiritualismo”, é necessário tomar decisões e desenvolver estruturas que a tornem viável. É preciso dar passos.
Peço a todos que não tenham medo: que não tenham medo de Cristo, que não tenham medo do Evangelho, que não desconfiem do Espírito. A sinodalidade deve nos levar a um compromisso radical, à vanguarda. Seguir Cristo é sempre um risco. Assim como a vida. Também deve nos levar a fortalecer a comunhão, que é a única forma coerente de viver a fé cristã, que nos leva à participação no Cristo ressuscitado. É um momento de abandonar nossas zonas de conforto, de deixar para trás nossas zonas de conforto, de deixar para trás o mundanismo, de sacudir nossas rotinas, nossas maneiras obsoletas e falsas, de nos abrirmos para uma vivência forte e alegre de nossa fé, que, é claro, nos compromete, mas que dá sentido à nossa existência.
Embora a sinodalidade seja um processo de longo prazo, é necessário dar passos concretos da abertura ao discernimento, ouvindo a voz do Espírito no Povo de Deus. Assim, a disponibilidade à vontade de Deus, a inserção na Igreja e a abertura ao Espírito. O que o Papa está nos pedindo é que despertemos, recuperemos a alegria do Evangelho e, a partir daí, assumamos nossa responsabilidade e saiamos para dar testemunho, para evangelizar como Igreja. Vale a pena. Nossa coerência, nossa responsabilidade como cristãos no mundo de hoje e também nosso testemunho vocacional tanto da fé cristã quanto de vocações específicas. Vamos avançar nesse processo que começamos e que nos leva de volta ao Cristo vivo, ao Cristo ressuscitado e à experiência eclesial no mundo. Isso é muito concreto.
A primeira sessão da Assembleia Sinodal mostrou a riqueza da diversidade, mas ao mesmo tempo diferentes maneiras de entender a Igreja. Nessa diversidade, que, como o Papa insiste, é uma riqueza, é difícil superar as divergências e avançar no caminho sinodal?
Na Igreja, assim como na família, há diferenças, maneiras diferentes não apenas de ver a realidade, mas também de seguir Cristo e encarnar e desenvolver o Evangelho. Mas o amor (caridade) deve sempre prevalecer, que é o vínculo de união e o que nos caracteriza como cristãos. Nada mais. Às vezes nos esquecemos da centralidade do amor: sem ele não há Igreja. Portanto, antes de tudo, a unidade, sem a qual a diversidade não pode ser compreendida e assumida. Mas a unidade não é uniformidade indiferenciada. O amor respeita as diferenças e as integra como riqueza. Há diferenças de personalidade (cada pessoa é única e irrepetível); há uma variedade de vocações, carismas e ministérios; temos diversidades culturais e de formação. Como já foi dito, a Igreja não é apenas latino-ocidental. Ela tem muitas faces. O desafio é integrar, a partir da unidade, as variedades para que elas enriqueçam toda a Igreja. A experiência da Assembleia do Sínodo dos Bispos foi nesse sentido, embora ainda precisemos fazer mais progressos.
Na Assembleia do Sínodo dos Bispos, surgiram diferentes maneiras de ver a realidade, mas sempre a partir de um imenso amor pela Igreja. Acredito que não se trata de um confronto entre grupos ideológicos, mas de ouvir o Espírito, para discernir juntos a vontade de Deus, sempre buscando o bem da Igreja. É isso que humildemente tento fazer, assim como muitos irmãos e irmãs. É a experiência que tive no trabalho da Assembleia do Sínodo dos Bispos: fundamentalmente a de um profundo e enorme amor pela Igreja. Isso é algo pelo qual sou muito grato, pois me ajudou muito.
Que resultados são esperados da segunda sessão?
Devemos nos lembrar de que o Sínodo dos Bispos não tem o poder de decidir, não é deliberativo, mas consultivo; ele só pode fazer propostas ao Santo Padre. Portanto, não é um pequeno parlamento, que legisla e toma decisões para toda a Igreja, usando o voto para impor alguns critérios a outros, como se faz no debate político. Não é disso que se trata. Já disse que, sem oração e sem o Espírito Santo, não há Sínodo, porque não haverá discernimento da vontade de Deus, mas apenas confronto ideológico. Isso também não significa que estamos buscando um jogo político ou os compromissos de um grupo lânguido e moribundo.
Pelo contrário, trata-se de recuperar a dimensão profética: colocar-nos verdadeiramente nas mãos do Senhor, ouvir o Espírito (que fala na comunhão eclesial) e deixar-nos guiar por ele. O profeta fala a verdade de forma clara e direta porque está em contato com Deus; ele anuncia e denuncia, mas não “de cima”, não “de fora”, mas “de dentro”; não é profeta da calamidade, mas testemunha a alegria da salvação e, portanto, é gerador de esperança. Por que não? Basta de lágrimas na Igreja, de nos dessangrar com agressões e confrontos, enquanto o mundo precisa urgentemente de Cristo. Não ideologia, mas o Evangelho; não grupos de pressão organizados, mas a comunidade do Espírito; não o parlamento, mas a família. Essa é a verdadeira revolução. Que possamos aproveitar a oportunidade que o Senhor está nos oferecendo.
Outro ponto que deve ficar claro é o tema definido pelo Papa Francisco para esta Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos: “Por uma Igreja sinodal, comunhão, participação e missão”. Outros temas, por mais relevantes e importantes que sejam, não são objeto do Sínodo e terão de ser tratados em outro momento ou por meio de outras estruturas sinodais. Após o discernimento, propostas concretas serão apresentadas ao Santo Padre para que ele decida. Se não houver consenso, também poderão ser apresentadas opções complementares. Ou o discernimento pode ser continuado. Mas é necessário avançar em comunhão, com a consciência de que o Espírito Santo muitas vezes derruba as previsões. Dessa forma, a Igreja aprofunda os dados revelados para comunicá-los na vida. Estou muito confiante e acredito que, embora não seja fácil, o esforço vale a pena.
Após a primeira sessão, como alguém que faz parte da Secretaria do Sínodo, o que você pediria aos membros da Assembleia para a segunda sessão?
A primeira coisa é o que o Santo Padre nos disse: temos que ouvir o Espírito Santo porque o Sínodo é um evento fundamentalmente espiritual. Se não for assim, não funcionará. É por isso que devemos ir com a alma aberta e com vontade de mudar. Não para impor nossas próprias ideias, para ver como posso convencer os outros, mas abertos à renovação que o Espírito nos traz, por meio da oração e do discernimento. Em comunhão, podemos descobrir outras maneiras, outros caminhos para realizar o que o Senhor quer para sua Igreja hoje.
Eu também diria que temos de ouvir os sinais dos tempos atuais e não ter medo de dar passos, de desenvolver o que pode e deve ser desenvolvido, a partir do depósito da fé, que não muda. E também para deixar entrar, de maneira mais clara, essa variedade de sensibilidades, culturas e realidades na Igreja, que constituem uma enorme riqueza. A partir da unidade fundamental, talvez possa haver diferentes desenvolvimentos e decisões em um continente ou outro, como já existe na liturgia. Não se trata de uma questão de moda, mas de idiossincrasia.
Por fim, eu os incentivo a viver este momento como um verdadeiro Kairos. Ele é impressionante. É o tempo de Deus, cheio de beleza e criatividade. Acredito que ele não pode deixar de nos entusiasmar se realmente removermos nossos medos, barreiras, cansaço e rotinas. É assim que devemos entrar nesta segunda sessão: sabendo que fomos chamados pelo Espírito e que o Senhor está presente para renovar sua Igreja. Portanto, nossa missão fundamental no Sínodo é ser um canal de graça e não um muro de contenção; facilitar e não bloquear. E, assim, tornar possível a presença do Senhor neste momento da história. O desafio é ser o Evangelho hoje.

Continue Reading
Click to comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias

O Papa: muitos conflitos abertos, não ceder à lógica das armas

Francisco divulgou uma carta por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma a Maria Salus Populi Romani durante a fúria da II Guerra Mundial. O Pontífice pede que o aniversário seja uma oportunidade para “meditar em torno do terrível flagelo da guerra”. Olhando para a Ucrânia, Oriente Médio, Sudão e Mianmar, exorta a ouvir os “gritos de terror e de sofrimento” que questionam a consciência de todos e a “trabalhar pela paz na Europa e no mundo”.
Mariangela Jaguraba- Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldassarre Reina, por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma ao ícone de Nossa Senhora conhecido como “Salus Populi Romani” durante a II Guerra Mundial.
O Pontífice une-se espiritualmente a toda a comunidade diocesana que celebra pela primeira vez a memória litúrgica da Salus Populi Romani, e recorda o voto que o povo de Roma e seu Pastor, Papa Pio XII, fez a Nossa Senhora em 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando o confronto direto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos estava prestes a acontecer”, escreve o Papa no texto.
“A devoção ao antigo ícone conservado na Basílica de Santa Maria Maior está viva há séculos no coração dos romanos, que recorriam a ele para fazer súplicas e invocações, especialmente durante pragas, desastres naturais e guerras”, escreve ainda Francisco. “Os eventos marcantes da vida religiosa e civil de Roma eram registrados em frente a essa imagem. Portanto, não é de surpreender que o povo romano desejou confiar-se mais uma vez a Maria Salus Populi Romani enquanto a Urbe vivia o pesadelo da devastação nazista”, ressalta ainda o Papa.

Pio XII com os cidadãos romanos após o bombardeio do bairro de São Lourenço

Não ceder à lógica das armas
De acordo com Francisco, “oitenta anos depois, a lembrança desse acontecimento tão cheio de significado quer ser uma ocasião para rezar por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e para fazer uma meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.
Muitos conflitos em diferentes partes do mundo ainda estão abertos hoje. Penso em particular na martirizada Ucrânia, na Palestina e Israel, no Sudão e Mianmar, onde as armas ainda fazem barulho e mais sangue humano continua sendo derramado.

“Esses são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento questionam a consciência de todos: não podemos e não devemos ceder à lógica das armas!”

O apelo de Paulo VI à ONU
O Pontífice recorda que “vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falando na ONU, perguntou: ‘Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?'” Segundo Francisco, “essa pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus que também deve encontrar hoje corações dispostos a acolhê-lo e trabalhar para serem construtores da reconciliação e testemunhas da esperança.”

Ser construtor de paz
Francisco espera “que as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”. “Pode ser construtor de paz”, ressalta o Papa, “quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se compromete em criar vínculos, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”.
O Pontífice conclui a carta, pedindo a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz” e confia “todos os habitantes de Roma, especialmente os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade, à intercessão materna da Salus Populi Romani”.

Continue Reading

Notícias

Indonésia. Ilha de Flores ainda é uma “terra prometida” de vocações

“Em junho e julho estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”, conta Pe. Galvani
Vatican News

 

Em 1924 os vigários e prefeitos apostólicos encontraram-se pela primeira vez, para definir uma orientação comum sobre diversas questões da vida da Igreja e sobre a relação com as …

“Nesta época de final de ano letivo, estamos obtendo bons resultados vocacionais. Nós, Camilianos, tentamos nos manter em forma tanto quanto possível com muitas pequenas coisas boas para fazer, não apenas no campo vocacional, mas também com nossas iniciativas sociais e de caridade.”
É o que conta à agência missionária Fides o padre Luigi Galvani, pioneiro na Diocese de Maumere, na Indonésia, onde os Missionários Camilianos estão presentes em três dioceses com 4 seminários, dois centros sociais onde coordenam um programa de nutrição para 160 crianças pobres, apoio à distância para cerca de 20 estudantes merecedores, um projeto de “casas especiais” para libertar os doentes mentais de situações de opressão e, por fim, um modesto projeto de produção de água mineral e do sorvete “São Camilo”.
Ordenações diaconais entre os vários institutos missionários
“Em junho e julho – explica ele – estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”.
A mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio

Em algumas áreas do país, que o Papa visitará em setembro, membros do clero local e de ordens religiosas masculinas e femininas moram por alguns dias em famílias católicas, …

“Nos próximos meses, haverá também as profissões religiosas de numerosos noviços e noviças dos vários institutos masculinos e femininos presentes na Diocese de Maumere, que, no momento, atingiram o número de 62 comunidades religiosas”.
“Todos esses resultados vocacionais encorajadores – conclui o missionário – certamente recompensam o empenho dos vários promotores, mas também são um testemunho da fé e do espírito missionário de centenas e centenas de famílias na ilha de Flores, que continua sendo a mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio. Talvez seja também por isso que Flores é chamada de “terra prometida” de vocações.
(com Fides)

Continue Reading

Notícias

África Central, quando uma Porta Santa se abriu para o mundo

O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015, foi aberto em um lugar sem precedentes, longe do coração cristão do mundo, a Basílica de São Pedro, mas dentro do coração do Papa Francisco, em Bangui. O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo da capital da África Central, revive aquele dia memorável e o significado benéfico que a visita do Pontífice produziu ao longo do tempo.
Maria Milvia Morciano e Jean Charles Putzolu – Vatican News
É tarde e a noite se prepara lentamente para chegar, tingindo o céu de rosa e dourado. A porta da Catedral de Notre-Dame em Bangui se abre, empurrada por duas mãos firmes. A figura de Francisco está de pé, vigorosa. Muitos anos se passaram desde aquele 29 de novembro de 2015, o primeiro dia do Advento e a data de início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que foi inaugurado, antecipadamente, em um lugar igualmente extraordinário, na capital da África Central. Pela primeira vez na história, a abertura da Porta Santa não se realiza na Basílica de São Pedro, no túmulo do Apóstolo, no centro do mundo cristão, mas em um lugar remoto, para muitos desconhecido.
Capital espiritual
A África Central é um dos países mais sangrentos e divididos do mundo. O Papa o escolheu justamente por esse motivo, para levar misericórdia e uma mensagem de paz a uma “terra que está sofrendo há vários anos com a guerra e o ódio, a incompreensão e a falta de paz. Mas nessa terra sofrida há também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui se torna a capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana, por todo o mundo, pelos países que estão sofrendo com a guerra, pedimos paz!”, disse o Papa na praça da igreja, depois de sair de um papamóvel, desprovido de qualquer proteção contra possíveis perigos, onde o imã também concordou em se sentar.
Um gesto universal compreendido por todos
Uma tradição antiga é transferida para um país jovem. O significado de abrir a Porta Santa e cruzar o limiar está enraizado em um simbolismo ancestral que, em Bangui, se ramifica e dá novos frutos. Ele está revestido de futuro. O gesto do Papa Francisco foi revolucionário porque, em um lugar fechado, cheio de barreiras, ele abre uma porta para a esperança, convida as pessoas a entrarem para encontrar misericórdia e paz, para encontrar Cristo e serem transformadas. Ele traduz de forma cristã uma metáfora compreensível para todos, em qualquer lugar do mundo, de qualquer tradição, religião, experiência e história. Todos entendem que se trata de um rito de passagem fundamental e sagrado.
A linha de fronteira, o limes latim, ponto final, fechamento, é transformada em limen, limiar, abertura. Talvez não seja coincidência o fato de duas palavras opostas conterem a mesma raiz, mas é interessante lembrar o fato de que, na linguagem eclesiástica, a “visitatio ad limina apostolorum” é a visita dos peregrinos aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que remonta aos primeiros séculos da Igreja, mais tarde estendida aos bispos. Tudo fala de Jubileu.
Portas Santas em toda parte
Naquele ano de Misericórdia, muitas Portas Santas foram abertas em todo o mundo, quase um sistema solar composto por milhares de estrelas brilhantes espalhadas pela Terra, mesmo nos lugares mais remotos. Foi uma grande oportunidade, um presente dado a todos, mesmo àqueles que, por vários motivos, não podiam se locomover e viajar. Foi um jubileu extraordinário que pôde ser vivenciado em todas as igrejas locais, permitindo que aqueles que quisessem vivenciar plenamente o evento, fazer a peregrinação e atravessar a Porta da Misericórdia em sua própria diocese.
Uma esperança que vem de Roma
O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo de Bangui, é um dos intérpretes nodais de seu país. Sua história é de fé e de uma árdua “luta pela paz”, lembrando o título de seu livro na versão italiana, publicado pela Livraria Editora Vaticana em 2022. O cardeal centro-africano compartilhou com a mídia vaticana, aos microfones de Jean Charles Putzolu, a memória daqueles dias e as consequências benéficas da visita do Papa à África Central.
Gostaria de levá-los de volta ao dia 29 de novembro de 2015, o primeiro domingo do Advento, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Foi em Bangui, na República Centro-Africana, portanto, em seu país: uma tradição muito antiga chegando a um país jovem. Em sua opinião, qual foi o significado desse gesto para todos os centro-africanos?
É um gesto único na história não apenas da Igreja universal, mas também da nossa Igreja.
Porque nós, centro-africanos, diante da violência, do sofrimento e da morte, encontrando-nos vivendo em um estado de absurdo, sentimos a esperança que veio de Roma por meio do homem de Deus, o Papa, que veio para aplacar, para trazer paz, tranquilidade e perdão, para trazer reconciliação, convidando nós, centro-africanos, a abrir as portas de nossos corações, cheios de ódio, rancor e vingança, para que pudéssemos nos enfrentar. É por isso que ele mesmo disse para depormos nossas armas: “leve a justiça, leve o amor”. Acredito que seu gesto será sempre lembrado aqui na República Centro-Africana. Muçulmanos, protestantes, católicos, todos nós somos unânimes em dizer que sua chegada foi salutar.
E o Papa de fato chegou. Ela se lembrou dessa mensagem, desse chamado para depor as armas. Havia uma enorme tensão até quase dois dias antes de sua chegada a Bangui. Houve mais tensão desde então? Essa mensagem foi ouvida? A mensagem do Papa foi ouvida e atendida? As armas ficaram em silêncio?
Acho que a mensagem foi ouvida. Passamos seis meses desde a partida do Papa como se estivéssemos em um país normal, algo impensável até dois dias antes de sua chegada. Sua chegada aliviou a pressão. Vimos muçulmanos saindo de seus enclaves para se juntarem a seus irmãos e irmãs católicos no estádio, para participar da grande celebração. As pessoas iam e vinham. O Km 5 [marco 5] era considerado um local onde havia muitas armas e, portanto, não se podia entrar. Mas fui até lá com os cristãos para acompanhar o Papa, dizendo aos muçulmanos: “vamos caminhar juntos!”
O Papa veio de Roma para a República Centro-Africana, os cristãos de Bangui deixaram nossos bairros para ir ao encontro de nossos irmãos, caminhando pela paz. Bem, nós marchamos e continuamos a fazê-lo desde aquele dia. Um líder rebelde nos disse que deveríamos conversar sobre espiritualidade com os imãs. Os imãs organizaram uma grande reunião para pedir aos líderes rebeldes que depusessem suas armas e muita coisa mudou desde então. Isso também foi resultado da visita do Papa.
Os imãs realizaram um grande encontro para pedir aos líderes rebeldes que deponham as armas e isso mudou muito. Esse também foi o resultado da visita do Papa, que nos deu um empurrão, nos fez recomeçar e agora estamos vendo os resultados. Hoje as armas não circulam mais como antes.
Em sua opinião, quais foram os outros frutos desse evento?
Foram os encontros entre jovens muçulmanos e jovens cristãos. Encontros bastante regulares entre mulheres muçulmanas e mulheres cristãs, e entre nós, líderes. Há pouco tempo, em março, uma mesquita a 250 quilômetros daqui foi vandalizada. O imã, o pastor protestante e eu falamos ao coração de nossos fiéis para desarmá-los e convidá-los a cooperar, respeitar, valorizar e respeitar o local. Esse, em minha opinião, é o fruto dessa passagem. Agora também pedimos que a justiça seja feita. Isso significa que aqueles que perderam suas casas devem poder recuperá-las, o que significa que aqueles que moram na casa do vizinho há muito tempo devem ter a gentileza de sair. E nós, líderes religiosos, trabalhamos com o coração. Há alguns que saem para deixar a casa para os proprietários sem passar pelos tribunais ou pelo Estado. Portanto, acho que isso também é proveitoso. Agora os corações estão dispostos e podemos conversar, podemos imaginar um futuro comum.
Quando o senhor diz que eles saem de casa, é porque eles realmente a devolvem ao seu legítimo proprietário, certo?
Exatamente isso.
Em um nível mais pessoal, Vossa Eminência, quais são suas lembranças mais fortes e talvez mais vívidas daquele período?
A lembrança mais vívida é a de entrar no quilômetro 5 dois dias antes: era impossível atravessar o posto de controle. Eu estava lá. Vi com meus próprios olhos: o Papa escolheu ir em um veículo não blindado, mas em campo aberto. Todos sabiam que havia muitas armas no local. Francisco teve a coragem de ir até lá e vimos que o imã também concordou em ir no papamóvel. Essa é a imagem mais forte. Quando saí para ir ao estádio, vi muçulmanos saindo em massa, arriscando suas vidas. Foi sua fé que os levou a sair. Um imã nos disse: ‘O Papa não veio para vocês, cristãos, mas para nós, muçulmanos. Estávamos no enclave, estávamos na escravidão. Ele nos libertou!”
Eminência, uma última pergunta: o senhor se tornou inseparável do Imã… entre cristãos e muçulmanos e também com os protestantes. Vocês realizam iniciativas juntos quase diariamente. Esse é outro fruto. É claro que é o resultado de seu trabalho, mas também é o resultado da visita do Papa…
A visita do papa nos confortou, incentivou e apoiou nesse trabalho. E fomos nós três que pedimos a ele que viesse à República Centro-Africana. Acho que todos nós somos gratos a ele. Esse é o fruto de sua passagem.
O Jubileu de 2025. Como estão se preparando para ele?
O Jubileu de 2025 é um momento importante para a Igreja. Bem, já estão sendo criados grupos aqui para refletir, orar, reunir-se e também para ver como, localmente, viveremos esse momento. Este ano celebraremos 130 anos de evangelização na República Centro-Africana e, ao mesmo tempo, estaremos caminhando para 2025, que está logo ali, e estamos trabalhando em ambos. Portanto, acho que há muito entusiasmo. Eu estava com um grupo de jovens que se encontrava na igreja em massa e dissemos uns aos outros: este é um momento importante porque é um momento de graça, mas também é um momento complicado e elevado. Não podemos deixar passar esse momento favorável.

O cardeal Dieudonné Nzapalainga

Continue Reading

Mais Vistos

Copyright © 2024 - Caminho Divino