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Arquidiocese de Porto Alegre ativa rede de solidariedade na tragédia climática

As tempestades e inundações atingiram 388 dos 497 municípios do Rio Gande do Sul, atingindo 1.367.506 pessoas. 155.741 gaúchos tiveram que deixar suas casas, 47.676 mil estão em abrigos. Há 90 mortes confirmadas e 132 desaparecidos.A Capital gaúcha está isolada por terra e pelo ar. As rodovias estão submersas e o aeroporto Internacional Salgado Filho foi fechado até 30 de maio.

Elton Bozzetto e Pe. Gerson Schmidt* – Porto Alegre
Templos transformados em dormitórios, sacristia em hospitais e salões comunitários em refeitórios e abrigos. As paróquias e capelas da Arquidiocese de Porto Alegre se abriram para acolher a Deus nos corpos sofridos, fatigados e doloridos de milhares de pessoas da maior tragédia de enchentes da história riograndense. Como dizia o escritor judeu, Franz Kafka, a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. A mobilização solidária está em todas as regiões da Arquidiocese, do Estado e de todo o Brasil. 
Há dias, o Governo do Estado decretou estado de Calamidade Pública. A Rede Escolar está suspensa por tempo indeterminado. Conforme as últimas informações oficiais da Defesa Civil do Estado, o número de mortos em razão dos temporais que atingem o Rio Grande do Sul subiu para 90 nesta segunda-feira. Há 132 desaparecidos e 361 pessoas feridas. Calcula-se, porém, que o número de mortos seja maior. Alguns números revelam o tamanho da tragédia, mas que por hora ainda não seja possível calcular a proporção dessa catástrofe climática inédita no Rio Grande do Sul e no Brasil. Nem a famosa enchente de 1941, que foi imensa na capital gaúcha, foi de tamanha proporção. Algo inusitado e de dimensões sem precedentes. Embora os dados mudam a cada instante, são quase 160 mil pessoas fora de casa, sendo 48.147 em abrigos e 155.741 desalojadas (nas casas de familiares ou amigos). Ao todo, 388 dos 497 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 1.367.506 pessoas. A Capital gaúcha está isolada por terra e pelo ar. As rodovias estão submersas e o aeroporto Internacional Salgado Filho foi fechado porque a pista está alagada.

Paroquianos preparam refeição para desabrigados

Toda a rede da Dimensão da Caridade da Arquidiocese foi acionada. A Catedral Mãe de Deus foi transformada em ponto de coleta de doações para apoiar o atendimento dos flagelados nas dezenas de abrigos temporários que foram montados pela Igreja Católica, governos e organizações da sociedade civil.  A Cáritas Arquidiocesana montou uma força-tarefa para auxiliar as pessoas flageladas na tragédia que afetou o Estado. Os seus colaboradores estão trabalhando para selecionar alimentos, roupas e colchões, a fim de apoiar os locais que estão acolhendo os desabrigados. A atividade conta com a colaboração dos seminaristas de filosofia e teologia da Arquidiocese de Porto Alegre. 
Segundo o Diretor Executivo, Luís Carlos Campos, a solidariedade dos doadores tem permitido essa ajuda. “Neste domingo, a empresa KFG Distribuidora de Santa Catarina doou uma carreta com 28 paletes de água mineral”.  Os primeiros carregamentos já estão destinados para os locais que estão acolhendo as famílias desabrigadas na Paróquia Santa Rosa de Lima e Escola São Francisco na Zona Norte da Capital e para a Paróquia Nossa Senhora Desatadora de Nós no bairro Umbu, em Alvorada. Além de água, estão sendo destinados para esses locais colchões, a fim de auxiliar na montagem dos espaços de acolhimento.
O Caminhão do Mensageiro da Caridade/Cáritas Arquidiocesana transportou outra carga de material de apoio para as famílias atingidas. Roupas e cobertores foram destinados para os atendidos do Centro Pop 2, localizado no bairro floresta. Segundo a assistente social do Mensageiro da Caridade, Andressa Rech, a entidade se mobilizou imediatamente para atender às necessidades. “Muitos desses beneficiados estão fragilizados. Entre eles estão que se salvaram do incêndio da semana passada na Pousada Garoa”. O Diretor do Centro POP, Roque Grazziola, agradeceu a pronta resposta do Mensageiro da Caridade e destacou a mobilização da sociedade e dos doadores do Mensageiro. “Essas doações representam o apoio as pessoas mais fragilizadas de nossa Porto Alegre”, disse.   O Mensageiro da Caridade auxiliou também famílias que vivem no Morro da Glória. A equipe do CRAS Regional solicitou auxílio para um deficiente físico que perdeu seus pertences e estava dormindo no chão. A chuvarada também atingiu a residências de famílias com várias crianças na mesma comunidade. Foram repassados cama e colchão. A assistente social do Mensageiro da Caridade, Marta Bangel, afirmou que essa ação em rede é fundamental para garantir o atendimento das famílias nessa hora de dificuldade. “Nos próximos dias precisaremos de muito apoio dos doadores para que possamos garantir condições básicas de vida aos atingidos pela tragédia em nosso Estado”. 

Caminhão do “Mensageiro da Caridade” leva solidariedade às famílias atingidas

Acolhimento nas paróquias 
 
As paróquias católicas de forma generosa e comprometida abriram seus espaços para o acolhimento. A Paróquia Nossa Senhora de Fátima, da cidade de Guaíba, acolheu 220 pessoas na Igreja e no Salão Paroquial e outras 120 nas capelas de Pedras Brancas e São Francisco oriunda do município de Guaíba e Eldorado do Sul. O Pároco, Pe. Diego da Silva Corrêa, afirmou que “graças à Deus recebemos todos os dias muitas doações de alimentos roupas, cobertores, e material de higiene e limpeza, o povo tem sido muito generoso. Mas é um cenário de guerra”. Na Paróquia Menino Jesus de Praga, a força-tarefa montada na Comunidade Santa Luzia prepara alimento para distribuir nas comunidades afetadas e nos abrigos temporários montados para acolhimento. A paróquia também é um ponto de coleta de donativos para auxiliar os flagelados.  Segundo a agente da Caridade, Cleusa Tramontina, são centenas de marmitas distribuídas diariamente em abrigos nos Centros de Tradição Gaúcha, postos de saúde, em escolas e diretamente às famílias atingidas nas vilas da Zona Sul de Porto Alegre. “Nossas equipes volantes de voluntários, com seus automóveis, percorrem essas unidades para levar o alimento quente e preparado em nossa paróquia”. Também a paróquia N. Sra. da Paz, de Guaíba, montou acampamento para os desabrigados, bem como Charqueadas, Barão do Triunfo, Sentinela do Sul, sobretudo provindos da cidade de Eldorado do Sul, que, segundo Pe. Fabiano Glaeser dos Santos, pároco na Paróquia Medianeira de Eldorado, virou um único rio, havendo 100% de inundação. Sertão Santana acolhe 600 desabrigados. Diversos voluntários organizam constantemente equipes para o preparo de marmitas aos acolhidos nos acampamentos, provindas também de paróquias vizinhas. 
Gravataí e Canoas
 
No último final de semana, as paróquias do Vicariato de Gravataí realizaram uma ação coletiva de coleta de roupas, alimentos e material de limpeza. Milhares de itens foram doados pelos fiéis que foram às igrejas para as celebrações dominicais. O Pároco da Paróquia Santo Hilário, Pe. Batista Nunes Vieira, abriu os espaços da Igreja para receber flagelados da cidade e de outros municípios. “Aqui acolhemos, preparamos alimento e cuidamos das pessoas. Graças a Deus, o apoio da comunidade com doações e o trabalho dos voluntários são abundantes. Isso significa uma expressão do amor de Deus que cuida das pessoas em seu momento de maior fragilidade”, destacou Pe. Batista. O Seminário Arquidiocesano São José, em Gravataí, está acolhendo 150 pessoas, numa ação conjunta com a Defesa Civil do município. A Paróquia Santa Luzia também está recebendo flagelados da cidade e da Região Metropolitana. 
Na cidade de Canoas, uma das mais atingidas, sobretudo no Bairro populoso de Matias Velho (200 mil moradores), as paróquias que estão nas zonas altas como São Luiz Gonzaga, São Cristóvão, Nossa Senhora das Graças, Santa Luzia e São Paulo abriram suas estruturas para abrigar os atingidos pelos alagamentos. Somente na paróquia São Luiz Gonzaga são 250 pessoas alojadas. As escolas católicas também estão acolhendo. O Colégio Auxiliadora das Irmãs de Notre Dame, está abrigando 800 pessoas e mais de trezentas estão no Colégio La Salle, dos Irmãos Lassalistas. Segundo informação da defesa civil, a cidade de 348 mil habitantes tem dois terços de sua área alagada.  

Desabrigados acolhidos em ginásio de escola na Arquidiocese

Colégios Católicos
 
As Escolas Católicas também estão integradas nessa rede de acolhimento, amparo e solidariedade.  O Colégio Rainha do Brasil, das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, abriu suas portas para acolher desabrigados, dando prioridade às famílias que possuem filhos autistas. O Colégio tem atenção especializada para surdos e deficientes. A atenção direcionada a esses públicos é fundamental diante da extensão da tragédia. Também abriram as suas portas os colégios Dom Feliciano e Mãe de Deus das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. A Rede São Francisco abriu sua unidade da Baltazar de Oliveira Garcia, São Francisco/Santa Fé e São Vicente Palotti, no bairro Passo D’Areia e Coração de Maria de Esteio para receber 511 pessoas flageladas. Segundo o Diretor pedagógico da Rede São Francisco, Prof. Vitor Heinrichsen, destacou que a capela da escola foi transformada em dormitório, tamanha a necessidade de entre-ajuda e espaço.
Povo da Rua
 
 A Pastoral do povo da Rua da Arquidiocese de Porto Alegre também fez uma mobilização especial para atender a esse público. Uma rede de contatos, informações e emergência está funcionando desde o início da tragédia, com o objetivo de alocar as pessoas em espaços de abrigo e proteção. A ONG “A Fome tem Pressa”, que integra a pastoral, está preparando alimentos todos os dias para centenas de flagelados. Segundo o Coordenador da ONG, Rogério Dalló, são mais de 200 abrigados, além de trinta bebês e cinquenta crianças. “Nossa equipe de cozinha também está distribuindo em outras cozinhas comunitárias e abrigos como o sindicato dos metalúrgicos, Escola Mesquita e sindicato dos aeroviários. Temos um grande apoio dos sindicatos”, destacou Dalló. Somente no domingo foram distribuídas cinco mil refeições.
Algumas alternativas naturais estão sendo buscadas, porque o sistema de fornecimento de água está precarizado e está sendo racionalizado em Porto Alegre. A água só pode ser usada para uso emergencial e necessidades básicas. Por isso, a Pastoral do Povo da Rua está divulgando uma lista de bicas, fontes e vertentes naturais de água na Capital gaúcha, para que a população possa se abastecer de água potável. Apenas duas bombas de propulsão estão operando em toda a cidade. Verdadeiro “cenário de guerra”, como se ouve dizer em tantos lugares. Cenas jamais vistas e presenciadas. Mas, nunca, em toda a história gaúcha, se viu tamanha rede de solidariedade de nossa gente e de todo o povo brasileiro. 
*Jornalista Elton Bozzetto – RP 10.417 e Pe. Gerson Schmidt – Jornalista e colaborador na Rádio Vaticano

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O Papa: muitos conflitos abertos, não ceder à lógica das armas

Francisco divulgou uma carta por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma a Maria Salus Populi Romani durante a fúria da II Guerra Mundial. O Pontífice pede que o aniversário seja uma oportunidade para “meditar em torno do terrível flagelo da guerra”. Olhando para a Ucrânia, Oriente Médio, Sudão e Mianmar, exorta a ouvir os “gritos de terror e de sofrimento” que questionam a consciência de todos e a “trabalhar pela paz na Europa e no mundo”.
Mariangela Jaguraba- Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldassarre Reina, por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma ao ícone de Nossa Senhora conhecido como “Salus Populi Romani” durante a II Guerra Mundial.
O Pontífice une-se espiritualmente a toda a comunidade diocesana que celebra pela primeira vez a memória litúrgica da Salus Populi Romani, e recorda o voto que o povo de Roma e seu Pastor, Papa Pio XII, fez a Nossa Senhora em 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando o confronto direto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos estava prestes a acontecer”, escreve o Papa no texto.
“A devoção ao antigo ícone conservado na Basílica de Santa Maria Maior está viva há séculos no coração dos romanos, que recorriam a ele para fazer súplicas e invocações, especialmente durante pragas, desastres naturais e guerras”, escreve ainda Francisco. “Os eventos marcantes da vida religiosa e civil de Roma eram registrados em frente a essa imagem. Portanto, não é de surpreender que o povo romano desejou confiar-se mais uma vez a Maria Salus Populi Romani enquanto a Urbe vivia o pesadelo da devastação nazista”, ressalta ainda o Papa.

Pio XII com os cidadãos romanos após o bombardeio do bairro de São Lourenço

Não ceder à lógica das armas
De acordo com Francisco, “oitenta anos depois, a lembrança desse acontecimento tão cheio de significado quer ser uma ocasião para rezar por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e para fazer uma meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.
Muitos conflitos em diferentes partes do mundo ainda estão abertos hoje. Penso em particular na martirizada Ucrânia, na Palestina e Israel, no Sudão e Mianmar, onde as armas ainda fazem barulho e mais sangue humano continua sendo derramado.

“Esses são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento questionam a consciência de todos: não podemos e não devemos ceder à lógica das armas!”

O apelo de Paulo VI à ONU
O Pontífice recorda que “vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falando na ONU, perguntou: ‘Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?'” Segundo Francisco, “essa pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus que também deve encontrar hoje corações dispostos a acolhê-lo e trabalhar para serem construtores da reconciliação e testemunhas da esperança.”

Ser construtor de paz
Francisco espera “que as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”. “Pode ser construtor de paz”, ressalta o Papa, “quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se compromete em criar vínculos, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”.
O Pontífice conclui a carta, pedindo a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz” e confia “todos os habitantes de Roma, especialmente os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade, à intercessão materna da Salus Populi Romani”.

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Indonésia. Ilha de Flores ainda é uma “terra prometida” de vocações

“Em junho e julho estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”, conta Pe. Galvani
Vatican News

 

Em 1924 os vigários e prefeitos apostólicos encontraram-se pela primeira vez, para definir uma orientação comum sobre diversas questões da vida da Igreja e sobre a relação com as …

“Nesta época de final de ano letivo, estamos obtendo bons resultados vocacionais. Nós, Camilianos, tentamos nos manter em forma tanto quanto possível com muitas pequenas coisas boas para fazer, não apenas no campo vocacional, mas também com nossas iniciativas sociais e de caridade.”
É o que conta à agência missionária Fides o padre Luigi Galvani, pioneiro na Diocese de Maumere, na Indonésia, onde os Missionários Camilianos estão presentes em três dioceses com 4 seminários, dois centros sociais onde coordenam um programa de nutrição para 160 crianças pobres, apoio à distância para cerca de 20 estudantes merecedores, um projeto de “casas especiais” para libertar os doentes mentais de situações de opressão e, por fim, um modesto projeto de produção de água mineral e do sorvete “São Camilo”.
Ordenações diaconais entre os vários institutos missionários
“Em junho e julho – explica ele – estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”.
A mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio

Em algumas áreas do país, que o Papa visitará em setembro, membros do clero local e de ordens religiosas masculinas e femininas moram por alguns dias em famílias católicas, …

“Nos próximos meses, haverá também as profissões religiosas de numerosos noviços e noviças dos vários institutos masculinos e femininos presentes na Diocese de Maumere, que, no momento, atingiram o número de 62 comunidades religiosas”.
“Todos esses resultados vocacionais encorajadores – conclui o missionário – certamente recompensam o empenho dos vários promotores, mas também são um testemunho da fé e do espírito missionário de centenas e centenas de famílias na ilha de Flores, que continua sendo a mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio. Talvez seja também por isso que Flores é chamada de “terra prometida” de vocações.
(com Fides)

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África Central, quando uma Porta Santa se abriu para o mundo

O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015, foi aberto em um lugar sem precedentes, longe do coração cristão do mundo, a Basílica de São Pedro, mas dentro do coração do Papa Francisco, em Bangui. O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo da capital da África Central, revive aquele dia memorável e o significado benéfico que a visita do Pontífice produziu ao longo do tempo.
Maria Milvia Morciano e Jean Charles Putzolu – Vatican News
É tarde e a noite se prepara lentamente para chegar, tingindo o céu de rosa e dourado. A porta da Catedral de Notre-Dame em Bangui se abre, empurrada por duas mãos firmes. A figura de Francisco está de pé, vigorosa. Muitos anos se passaram desde aquele 29 de novembro de 2015, o primeiro dia do Advento e a data de início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que foi inaugurado, antecipadamente, em um lugar igualmente extraordinário, na capital da África Central. Pela primeira vez na história, a abertura da Porta Santa não se realiza na Basílica de São Pedro, no túmulo do Apóstolo, no centro do mundo cristão, mas em um lugar remoto, para muitos desconhecido.
Capital espiritual
A África Central é um dos países mais sangrentos e divididos do mundo. O Papa o escolheu justamente por esse motivo, para levar misericórdia e uma mensagem de paz a uma “terra que está sofrendo há vários anos com a guerra e o ódio, a incompreensão e a falta de paz. Mas nessa terra sofrida há também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui se torna a capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana, por todo o mundo, pelos países que estão sofrendo com a guerra, pedimos paz!”, disse o Papa na praça da igreja, depois de sair de um papamóvel, desprovido de qualquer proteção contra possíveis perigos, onde o imã também concordou em se sentar.
Um gesto universal compreendido por todos
Uma tradição antiga é transferida para um país jovem. O significado de abrir a Porta Santa e cruzar o limiar está enraizado em um simbolismo ancestral que, em Bangui, se ramifica e dá novos frutos. Ele está revestido de futuro. O gesto do Papa Francisco foi revolucionário porque, em um lugar fechado, cheio de barreiras, ele abre uma porta para a esperança, convida as pessoas a entrarem para encontrar misericórdia e paz, para encontrar Cristo e serem transformadas. Ele traduz de forma cristã uma metáfora compreensível para todos, em qualquer lugar do mundo, de qualquer tradição, religião, experiência e história. Todos entendem que se trata de um rito de passagem fundamental e sagrado.
A linha de fronteira, o limes latim, ponto final, fechamento, é transformada em limen, limiar, abertura. Talvez não seja coincidência o fato de duas palavras opostas conterem a mesma raiz, mas é interessante lembrar o fato de que, na linguagem eclesiástica, a “visitatio ad limina apostolorum” é a visita dos peregrinos aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que remonta aos primeiros séculos da Igreja, mais tarde estendida aos bispos. Tudo fala de Jubileu.
Portas Santas em toda parte
Naquele ano de Misericórdia, muitas Portas Santas foram abertas em todo o mundo, quase um sistema solar composto por milhares de estrelas brilhantes espalhadas pela Terra, mesmo nos lugares mais remotos. Foi uma grande oportunidade, um presente dado a todos, mesmo àqueles que, por vários motivos, não podiam se locomover e viajar. Foi um jubileu extraordinário que pôde ser vivenciado em todas as igrejas locais, permitindo que aqueles que quisessem vivenciar plenamente o evento, fazer a peregrinação e atravessar a Porta da Misericórdia em sua própria diocese.
Uma esperança que vem de Roma
O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo de Bangui, é um dos intérpretes nodais de seu país. Sua história é de fé e de uma árdua “luta pela paz”, lembrando o título de seu livro na versão italiana, publicado pela Livraria Editora Vaticana em 2022. O cardeal centro-africano compartilhou com a mídia vaticana, aos microfones de Jean Charles Putzolu, a memória daqueles dias e as consequências benéficas da visita do Papa à África Central.
Gostaria de levá-los de volta ao dia 29 de novembro de 2015, o primeiro domingo do Advento, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Foi em Bangui, na República Centro-Africana, portanto, em seu país: uma tradição muito antiga chegando a um país jovem. Em sua opinião, qual foi o significado desse gesto para todos os centro-africanos?
É um gesto único na história não apenas da Igreja universal, mas também da nossa Igreja.
Porque nós, centro-africanos, diante da violência, do sofrimento e da morte, encontrando-nos vivendo em um estado de absurdo, sentimos a esperança que veio de Roma por meio do homem de Deus, o Papa, que veio para aplacar, para trazer paz, tranquilidade e perdão, para trazer reconciliação, convidando nós, centro-africanos, a abrir as portas de nossos corações, cheios de ódio, rancor e vingança, para que pudéssemos nos enfrentar. É por isso que ele mesmo disse para depormos nossas armas: “leve a justiça, leve o amor”. Acredito que seu gesto será sempre lembrado aqui na República Centro-Africana. Muçulmanos, protestantes, católicos, todos nós somos unânimes em dizer que sua chegada foi salutar.
E o Papa de fato chegou. Ela se lembrou dessa mensagem, desse chamado para depor as armas. Havia uma enorme tensão até quase dois dias antes de sua chegada a Bangui. Houve mais tensão desde então? Essa mensagem foi ouvida? A mensagem do Papa foi ouvida e atendida? As armas ficaram em silêncio?
Acho que a mensagem foi ouvida. Passamos seis meses desde a partida do Papa como se estivéssemos em um país normal, algo impensável até dois dias antes de sua chegada. Sua chegada aliviou a pressão. Vimos muçulmanos saindo de seus enclaves para se juntarem a seus irmãos e irmãs católicos no estádio, para participar da grande celebração. As pessoas iam e vinham. O Km 5 [marco 5] era considerado um local onde havia muitas armas e, portanto, não se podia entrar. Mas fui até lá com os cristãos para acompanhar o Papa, dizendo aos muçulmanos: “vamos caminhar juntos!”
O Papa veio de Roma para a República Centro-Africana, os cristãos de Bangui deixaram nossos bairros para ir ao encontro de nossos irmãos, caminhando pela paz. Bem, nós marchamos e continuamos a fazê-lo desde aquele dia. Um líder rebelde nos disse que deveríamos conversar sobre espiritualidade com os imãs. Os imãs organizaram uma grande reunião para pedir aos líderes rebeldes que depusessem suas armas e muita coisa mudou desde então. Isso também foi resultado da visita do Papa.
Os imãs realizaram um grande encontro para pedir aos líderes rebeldes que deponham as armas e isso mudou muito. Esse também foi o resultado da visita do Papa, que nos deu um empurrão, nos fez recomeçar e agora estamos vendo os resultados. Hoje as armas não circulam mais como antes.
Em sua opinião, quais foram os outros frutos desse evento?
Foram os encontros entre jovens muçulmanos e jovens cristãos. Encontros bastante regulares entre mulheres muçulmanas e mulheres cristãs, e entre nós, líderes. Há pouco tempo, em março, uma mesquita a 250 quilômetros daqui foi vandalizada. O imã, o pastor protestante e eu falamos ao coração de nossos fiéis para desarmá-los e convidá-los a cooperar, respeitar, valorizar e respeitar o local. Esse, em minha opinião, é o fruto dessa passagem. Agora também pedimos que a justiça seja feita. Isso significa que aqueles que perderam suas casas devem poder recuperá-las, o que significa que aqueles que moram na casa do vizinho há muito tempo devem ter a gentileza de sair. E nós, líderes religiosos, trabalhamos com o coração. Há alguns que saem para deixar a casa para os proprietários sem passar pelos tribunais ou pelo Estado. Portanto, acho que isso também é proveitoso. Agora os corações estão dispostos e podemos conversar, podemos imaginar um futuro comum.
Quando o senhor diz que eles saem de casa, é porque eles realmente a devolvem ao seu legítimo proprietário, certo?
Exatamente isso.
Em um nível mais pessoal, Vossa Eminência, quais são suas lembranças mais fortes e talvez mais vívidas daquele período?
A lembrança mais vívida é a de entrar no quilômetro 5 dois dias antes: era impossível atravessar o posto de controle. Eu estava lá. Vi com meus próprios olhos: o Papa escolheu ir em um veículo não blindado, mas em campo aberto. Todos sabiam que havia muitas armas no local. Francisco teve a coragem de ir até lá e vimos que o imã também concordou em ir no papamóvel. Essa é a imagem mais forte. Quando saí para ir ao estádio, vi muçulmanos saindo em massa, arriscando suas vidas. Foi sua fé que os levou a sair. Um imã nos disse: ‘O Papa não veio para vocês, cristãos, mas para nós, muçulmanos. Estávamos no enclave, estávamos na escravidão. Ele nos libertou!”
Eminência, uma última pergunta: o senhor se tornou inseparável do Imã… entre cristãos e muçulmanos e também com os protestantes. Vocês realizam iniciativas juntos quase diariamente. Esse é outro fruto. É claro que é o resultado de seu trabalho, mas também é o resultado da visita do Papa…
A visita do papa nos confortou, incentivou e apoiou nesse trabalho. E fomos nós três que pedimos a ele que viesse à República Centro-Africana. Acho que todos nós somos gratos a ele. Esse é o fruto de sua passagem.
O Jubileu de 2025. Como estão se preparando para ele?
O Jubileu de 2025 é um momento importante para a Igreja. Bem, já estão sendo criados grupos aqui para refletir, orar, reunir-se e também para ver como, localmente, viveremos esse momento. Este ano celebraremos 130 anos de evangelização na República Centro-Africana e, ao mesmo tempo, estaremos caminhando para 2025, que está logo ali, e estamos trabalhando em ambos. Portanto, acho que há muito entusiasmo. Eu estava com um grupo de jovens que se encontrava na igreja em massa e dissemos uns aos outros: este é um momento importante porque é um momento de graça, mas também é um momento complicado e elevado. Não podemos deixar passar esse momento favorável.

O cardeal Dieudonné Nzapalainga

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