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África do Sul. Bispos: “Votem segundo a vossa experiência e consciência”

“Para o bem do país, votem segundo a vossa experiência e a vossa consciência, e não segundo a lealdade inquestionável a um ou outro partido político. Considerem o que é importante para toda a nação, não apenas o que é bom para vós pessoalmente, para o vosso partido político e para os seus parceiros de aliança”, apela a Conferência dos Bispos Católicos da África Austral (SACBC), em vista das eleições nacionais e provinciais de 2024.
Cidade do Vaticano
Numa carta pastoral sobre as próximas eleições, datada de 8 de fevereiro, os bispos católicos da África Austral desafiam o eleitorado a refletir sobre os seus 30 anos de democracia e a votar para reconstruir a sua nação à luz dos desafios que o país enfrenta atualmente devido à má governação.
Usando uma analogia das escrituras (Ageu 1: 5, 60), os bispos escrevem: “O profeta Ageu chama-nos a examinar a forma como temos caminhado como nação e a considerar como o poderíamos fazer de forma diferente… estamos a ver o fosso cada vez maior entre os que têm e os que não têm, a deterioração das infraestruturas, a corrupção desenfreada por parte de cidadãos egoístas e a violência. Mas não nos deixamos roubar a esperança de que, juntos, podemos manter a nossa visão de um país que é a casa de todos.”
“Por isso, como líderes católicos, apelamos a todos os nossos colegas católicos e a todos os sul-africanos para que continuem a trabalhar por um futuro melhor no nosso país. Não devemos ceder à desilusão e ao desespero paralisantes. Estes só conduzem a mais desespero, desencorajando os nossos jovens, em particular, de ocuparem o lugar que lhes compete nas instituições democráticas, que são os pilares da nossa democracia, pela qual tantos sacrificaram tanto”, apelam os bispos.

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Com a expetativa de que o Presidente Cyril Ramaphosa anuncie a data das eleições nacionais de 2024 no prazo de 15 dias após o discurso sobre o Estado da Nação, que teve lugar a 8 de fevereiro, os observadores afirmaram que as eleições serão um teste decisivo para o partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC), que está no governo há 30 anos.
Argumentam que estas eleições podem fazer com que o ANC perca a maioria do voto nacional devido aos desafios que os sul-africanos enfrentam, incluindo o desemprego recorde, uma crise de eletricidade e alegações de corrupção que caracterizaram a maior parte da sua liderança, incluindo o Presidente Ramaphosa.
Na carta pastoral, os bispos exortam os eleitores a estarem conscientes e preparados para a possibilidade de um governo de coligação e, por conseguinte, a tomarem as devidas precauções na forma como votam.
Explicam: “Uma vez que as eleições podem resultar em coligações, considerem de que forma o vosso voto pode contribuir para a formação de um governo de coligação. As coligações não devem reproduzir as situações de divisão e mesmo tóxicas a que assistimos em alguns locais”, explicam os prelados: “Usem o vosso voto”, dizem, “ninguém deve ficar em casa”.
“Usar o nosso direito de voto é uma forma de escolher a vida. As eleições e os seus resultados irão determinar se o país será colocado num caminho diferente do atual caminho de corrupção e incompetência… Apelamos vivamente a todos os eleitores elegíveis para que saiam e votem e enviem uma mensagem aos novos parlamentares”, acrescentam.
Os prelados alertam ainda o eleitorado contra os líderes egoístas e exortam-no a avaliar cada líder político tendo “presente os sacrifícios que tantos fizeram durante a luta contra o apartheid: “Estamos revoltados com o que temos visto e experimentado, ao ver como muitos dos nossos líderes se alimentam a si próprios, traindo os sonhos legítimos do nosso povo… Temos visto a parábola do homem rico e do pobre Lázaro tornar-se realidade perante os nossos olhos. Muitos dos nossos dirigentes banqueteiam-se sumptuosamente com fundos do Estado, enquanto os pobres, que são os legítimos beneficiários desses fundos, são deixados com fome fora do portão, à mercê dos cães (Lucas 16,19-31).”
Na carta pastoral, os bispos também lançam a Oração pelas Eleições de 2024 e fornecem recursos a serem usados durante o tempo de preparação para as eleições – com a agência CISA News África.

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