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Carta Pastoral do cardeal Tempesta pelos 15 anos do inicio da missão no Rio de Janeiro

“Ao olhar com gratidão esses 15 anos que me deram a oportunidade de conhecer a Arquidiocese, sua realidade, seu povo, sua história vejo quanta riqueza de vidas nós temos! Agradeço a todos pelo acolhimento e fraternidade”.
Cardeal Orani João Tempesta. O. Cist. – Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
PEREGRINOS DE ESPERANÇA E CONSTRUTORES DE PAZ
Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,
Na data em que comemoro os 15 anos de início de minha missão nesta Arquidiocese, que em 2009 era o Domingo da Misericórdia, ao encerrar a 61ª Assembleia Geral Ordinária da CNBB e às vésperas do LXI Dia Mundial de oração pelas vocações, Domingo do Bom Pastor (“Chamados a semear esperança e construir a Paz”,) envio aos nossos diocesanos uma reflexão para este nosso tempo, com os olhos voltados para o futuro cheio de esperança.
Ao olhar com gratidão esses 15 anos que me deram a oportunidade de conhecer a Arquidiocese, sua realidade, seu povo, sua história vejo quanta riqueza de vidas nós temos! Agradeço a todos pelo acolhimento e fraternidade. Dos 27 anos de episcopado, que comemoro no dia 25 de abril, festa de São Marcos Evangelista, mais da metade estou servindo aqui nesta Cidade Maravilhosa. Tive oportunidade de visitar toda a Arquidiocese, celebrando nas comunidades e conhecendo as várias faces desta cidade, assim como seu povo e sua realidade. Pude conviver com tantos irmãos bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, seminaristas, leigos e leigas dos diversos movimentos, pastorais e comunidades e assim sentir o pulso de nossa caminhada. Admiro cada esforço e cada missão que vejo passar diante de meus olhos. Vejo, porém, o sofrimento e a insegurança de nosso povo e a nossa necessidade de estar ainda mais próximos de todos com nossa ação evangelizadora e social.
Ao concluirmos a nossa Assembleia da CNBB, vejo a história que começou aqui no Palácio São Joaquim, no dia 14 de outubro de 1952, e que marca a vida de nossa Igreja. Nossa unidade com os irmãos bispos se traduz em muitas iniciativas entre nossas Igrejas particulares, seja pelo acolhimento de seminaristas entre nós, seja com a presença de padres que aqui vêm para especializações, seja pelo envio de nossos missionários para partilhar da missão junto ao povo de tantas regiões do país. O nosso Curso para os Bispos, que já vai para a 34ª edição, bem demonstra essa unidade e comunhão.
Sempre tive a consciência de nossa missão de acolhimento e serviço. A nossa unidade com a CNBB se faz concretamente, através de projetos para levarmos adiante as propostas pastorais, entre as quais a Campanha da Fraternidade, que nasceu com o nosso antecessor, D. Eugenio Sales, quando ainda exercia o ministério episcopal no Rio Grande do Norte. Aqui também, em 1955, nasceu o CELAM, Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho que virá à nossa Arquidiocese realizar sua assembleia comemorativa dos 70 anos, em 2025.
À medida que avançamos através do tempo de graça que Deus nos concede, encontramo-nos próximos de celebrar momentos significativos que entrelaçam nossa fé, nossa história e nossa esperança. Neste contexto, é com um coração pleno de amor e solicitude que lhes escrevo esta nova e breve carta pastoral, refletindo sobre os desafios que a nossa amada Igreja Católica enfrenta no mundo contemporâneo e no diálogo concreto com as realidades da nossa cidade.
1.         História de fé e esperança de um povo
Este ano, preparamo-nos para comemorar o 450º aniversário de criação da Prelazia de São Sebastião, ocorrida em 19 de julho de 1575, pelo Papa Gregório XIII, desmembrando-a da jurisdição espiritual da sede Primaz do Brasil, a de São Salvador da Bahia. O nascimento da prelazia de São Sebastião está intimamente ligado ao nascimento de nossa cidade. No dia 01 de março de 1565, é fundada oficialmente por Estácio de Sá a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Pouco mais de 10 anos após esta data, temos o evento que agora estamos evocando e pelo qual damos graças a Deus. Em 2026, a 16 de novembro, celebraremos os 350 anos de elevação a Diocese, pelo Papa Inocêncio XI.
Tais marcos históricos nos recordam a longevidade e a riqueza da missão evangelizadora em nossa Arquidiocese. O espaço geográfico inicial era imenso, mas a missão foi bem desempenhada pelos meus predecessores. Quando do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição, que apareceu nas águas do Rio Paraíba, foi a então Diocese do Rio de Janeiro que autorizou a construção da primeira capela e o culto à Virgem de Aparecida.
Podemos também evocar tantos bispos e sacerdotes que se sucederam nestas terras e deram suas vidas pela santificação do povo, seja pela celebração de Missas, administração do Batismo e demais sacramentos, absolvições concedidas, enfim, quantas graças derramadas abundantemente por meio da presença da fé Católica em nosso território!
Ao longo dos anos, nossa região foi se desmembrando em novas circunscrições eclesiásticas, enquanto a cidade do Rio de Janeiro tornou-se Distrito Federal, depois capital do Estado da Guanabara e, finalmente, capital do Estado do Rio de Janeiro. Foi crescendo em maturidade na fé e unidade com a Igreja, para prosseguir com empenho e ardor missionário, avançando para águas mais profundas, a fim de lançar as redes para a evangelização (cf. Lc 5,4).
A vida da nossa Arquidiocese está intimamente ligada à vida de nossa Cidade. Somos fruto de muitas migrações e conjunturas que moldaram o “espírito carioca”. Por isso, faz-se necessário que a Igreja, em sua tarefa de revelar o rosto de Cristo aos homens, esteja presente em meio a todas as realidades que compõem a nossa cidade, com seus contrastes e desafios, sendo sinal de esperança e fortaleza, em meio à violência, pobreza, descaso institucional, catástrofes climáticas e disputas ideológicas. Como mãe acolhedora, a Igreja deve estar aberta ao novo e viver a riqueza da unidade em meio à diversidade, unida a todos nas diferentes situações que se apresentam em nossa cidade.
Quando olhamos para a história da cidade do Rio de Janeiro, vemos quantos povos diversos por aqui passaram e deixaram traços de suas tradições e sua história neste território: desde os povos originários, a chegada dos portugueses, franceses, escravizados de diversas nações do Continente africano, colonos de outras nacionalidades e migrantes de diferentes territórios do Brasil. Nossa cidade sempre teve como marca a hospitalidade e a convivência com a diversidade de pessoas. Em consequência, a Igreja presente nesta terra tem a missão de ser sinal vivo e constante de unidade e acolhida para todos os que aqui se encontram.
Aproveitando esta data de ação de graças, gostaria de lembrar a importância de sermos cada dia mais Igreja. “Porque a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, pretende ela, na sequência dos anteriores Concílios, pôr de manifesto com maior insistência, aos fiéis e a todo o mundo, a sua natureza e missão universal. E as condições do nosso tempo tornam ainda mais urgente este dever da Igreja, para que deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo.”  Essa realidade ainda mais nos impulsiona para a nossa missão eclesial da unidade: “Que todos sejam um”, lema que serve como sinal para nossa grande cidade.
Há poucas semanas celebrávamos o Domingo de Páscoa, solenidade fundamental da nossa fé. O relato que foi então proclamado nos manifesta, dentre tantos aspectos, que o Senhor escolheu alguns para serem testemunhas oculares dos sinais da Ressurreição e, assim, pudessem anunciar essa experiência que viveram. Hoje nós somos escolhidos para testemunhar e anunciar estas maravilhas do Senhor na nossa cidade, em meio ao cansaço, conflitos, contrastes, lutas e contradições pelos quais passa o seu povo. Sinto-me próximo de todos e desejo que todos experimentem a presença materna desta Igreja que, por causa de Jesus Cristo, deseja levar a vida para todos.
Não podemos esperar muito tempo para isso. É preciso ter pressa para encontrar o Senhor e testemunhar as maravilhas da luz que vence definitivamente as trevas. Não uma pressa fruto de ansiedade generalizada ou da correria do dia a dia, mas a pressa daquele que compartilha a Boa Nova. Em tempos nos quais é tão fácil compartilhar notícias, compartilhemos a Grande Notícia que traz esperança à nossa realidade concreta. Não sejamos como pessoas que vivem em suas bolhas ou atrás de seus muros, cuidando só de si e dos seus interesses, perdidos muitas vezes no próprio egocentrismo. Nossa missão é servir o Ressuscitado presente em cada irmão.
Por isso, a Igreja no Rio de Janeiro deve ser, cada dia mais, sinal vivo de unidade em meio à diversidade de povos, culturas e credos. Este é um dos maiores testemunhos que podemos oferecer à nossa sociedade polarizada: viver a essência da palavra católico, cuja origem do grego significa universal.
2.         Somos testemunhas da Esperança
Simultaneamente, preparamo-nos para a celebração do Ano Jubilar de 2025, para o qual o Papa Francisco nos exorta a refletir sobre o tema da Esperança, como peregrinos a anunciar ao mundo essa realidade, convocando-nos a renovar nossa fé e a fortalecer nosso compromisso com o Evangelho no mundo contemporâneo. A nossa unidade com o Papa Francisco, cuja presença nos encantou na JMJ Rio 2013, continua nestes tempos de tantas contestações. Estamos unidos a Pedro na pessoa do Santo Padre e caminhamos juntos. Além da nossa oração por ele, realizada todos os sábados, no Santuário de Nossa Senhora da Penha, estamos unidos ao seu pensamento e ao seu coração. Cada vez que o encontro, transmito nossa unidade e orações e logo ele nos identifica como Rio de Janeiro.
Agora que somos convocados para o Jubileu, agradecemos as várias inspirações do Papa Francisco. Caminhando unidos e cheios de esperança, vamos “pescar com ele”, buscando cumprir nossa missão nestes tempos. Somos testemunhas da esperança para os homens e mulheres do nosso tempo, porque vivemos e experimentamos a esperança que vem da vida nova, trazida pelo Ressuscitado. Por isso, somos exortados a “manter acesa a chama da esperança que nos foi dada e fazer todo o possível para que cada um recupere a força e a certeza de olhar para o futuro com espírito aberto, coração confiante e mente clarividente.” 
O próximo Ano Santo, portanto, favorece a recomposição de um clima de esperança e confiança, como sinal de um renovado renascimento do qual todos sentimos a urgência. Mesmo diante de realidades desafiadoras como guerras, violência, corrupção, e tantos outros males que atingem a humanidade, devemos nos manter firmes na esperança que não decepciona, pois nada poderá ofuscar ou separar de nós o amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus nosso Senhor (cf. Rm 5,5; 8,39). Nesse ano, também vamos comemorar os 60 anos do encerramento do Concílio Vaticano II, evento que norteia a caminhada da Igreja, ainda nestes tempos em que necessitamos de muitas “atualizações”.
No caminho de preparação para o Ano Jubilar 2025, o Papa Francisco estabeleceu temas para serem aprofundados nos dois anos que antecedem o evento. O ano de 2023, foi dedicado ao estudo das quatro Constituições promulgadas pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. Segundo as palavras do Papa, essas Constituições – Sacrosanctum Concilium, Dei Verbum, Lumen Gentium, Gaudium et Spes – “juntamente com o magistério desses decênios, continuarão a orientar e guiar o santo povo de Deus, a fim de que progrida na missão de levar a todos o jubiloso anúncio do Evangelho”. 
Este ano de 2024 é o Ano da Oração. O Santo Padre nos recorda a importância da oração para a vida e missão do cristão: “Oração, em primeiro lugar, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, escutá-lo e adorá-lo. Oração, depois, para agradecer a Deus tantos dons do seu amor por nós e louvar a sua obra na criação, que a todos compromete no respeito e numa ação concreta e responsável em prol da sua salvaguarda. Oração, ainda, como voz de ‘um só coração e uma só alma’ (cf. At 4,32), que se traduz na solidariedade e partilha do pão quotidiano. Oração, além disso, que permita a cada homem e mulher deste mundo dirigir-se ao único Deus, para lhe expressar tudo o que traz no segredo do coração. E oração como via mestra para a santidade, que leva a viver a contemplação inclusive no meio da ação. Em suma, um ano intenso de oração, em que os corações se abram para receber a abundância da graça, fazendo do “Pai Nosso” – a oração que Jesus nos ensinou – o programa de vida de todos os seus discípulos”.
A oração é essencialmente a comunicação com o Divino, um momento de íntima conexão e reflexão. Orar é falar com Deus, sem barreiras, sem constrangimentos, na confiança daqueles que se sabem amparados por Ele em todos os momentos. A oração permite que o indivíduo expresse seus medos, anseios, gratidão e pedidos, dentro de um espaço de paz e introspecção. Por meio da oração, é possível encontrar orientação, conforto e força nos momentos de dúvida e desafio. Ela atua como um pilar de suporte, ajudando a nutrir a fé e a perseverança, aspectos cruciais para a caminhada espiritual de qualquer pessoa. Dentre as diversas formas de oração, a maior oração da Igreja é a Celebração da Missa.
Por isso exorto a todos para que encontrem motivações novas para intensificar e aprofundar a vida de oração pessoal, comunitária, eclesial preparando assim seus corações para viver o Ano Santo de 2025, mas também para viver semeando esperança nesta nossa cidade.
3.         Dons de Deus a serviço do anúncio da Esperança
A essas duas importantes comemorações jubilares, gostaria de somar uma celebração íntima e profundamente significativa: o meu Jubileu de Ouro Presbiteral, marcando cinquenta anos de dedicação e serviço ao povo de Deus. Em preparação para esse cinquentenário, pedi uma especial atenção às vocações sacerdotais, estabelecendo que se intensificasse a intercessão por elas (“Pedi ao Senhor da messe…”). Agradeço a iniciativa do Vicariato para a Pastoral, que estabeleceu para o dia 07 de cada mês uma jornada de oração e promoção vocacional, o que vem sendo organizado sequencialmente por cada Vicariato episcopal territorial.
Celebrando o Jubileu de Ouro Presbiteral, convido-os a refletirem sobre a beleza e a profundidade do chamado ao serviço. Refletir sobre os indivíduos que, com empenho e espírito colaborativo, desempenham suas funções em diversas áreas e de diferentes maneiras, dedicando-se à construção de um mundo mais justo, fraterno, solidário e uma sociedade mais acolhedora. Refletir sobre aquelas pessoas que entregam suas vidas ao Senhor, seja na quietude da oração ou na diligência do trabalho missionário, sem poupar esforços, inovando e pondo os dons que lhe foram concedidos à disposição de todos que cruzam seu caminho. Refletir, ainda, sobre aqueles que responderam ao chamado para o ministério ordenado, dedicando-se à propagação do Evangelho, compartilhando suas vidas – assim como o Pão Eucarístico – com os irmãos e irmãs, cultivando esperança e revelando a todos a maravilhosa realidade do Reino de Deus.  Nestes tempos atuais, admiro mais ainda os que se entregam a servir a Deus e aos irmãos como sacerdotes. Deus os fortaleça sempre mais na alegria da doação da vida!
Nesta ocasião em que faço memória deste chamado, gostaria de convidar a todos para fazermos memória dos inícios da nossa fé, quando fomos batizados e tivemos nosso encontro com o Senhor pela primeira vez. Nossa vocação primeira é a vida em Deus. A partir daí recordamos a vivência específica deste chamado fundamental. Assim como o Senhor me chamou para servi-lo com o dom do sacerdócio, a outros o Senhor deu o dom da vocação matrimonial, da vida consagrada, da vida missionária e de tantas outras formas que só Cristo, o Senhor das nossas vocações, sabe. Por isso, nesta ocasião em que damos graças a Deus pelos meus 50 anos de resposta ao seu chamado, gostaria que todos renovassem comigo a chama do amor primeiro. Enquanto Cristãos, somos primeiramente chamados ao Serviço. Esse chamado vai tomando configurações concretas nas vocações específicas às quais respondemos.
Agradeço a Deus pela alegria de celebrar meu Jubileu de Ouro Sacerdotal junto com vocês. Cada tempo de jubileu, como dizem as Escrituras, é o tempo em que tudo recomeça. Naquela época, há 50 anos atrás, eu simplesmente vivia e aprofundava a minha vocação sacerdotal, e pude testemunhar como o Senhor foi me conduzindo. Depois de um tempo de diaconato, pude continuar a servir à comunidade com alegria, em vários momentos da minha vida, como vigário paroquial da zona rural e na cidade, pároco, coordenador de pastoral, no Colégio dos Consultores e atividades diocesanas em minha paróquia e diocese de origem.
Ao olhar a nossa história, somos inspirados pela gratidão por tudo o que Deus permitiu que fosse feito e pela graça do caminhar, de poder levar adiante, e reavivar, nesse Jubileu de Ouro que se avizinha, toda a disponibilidade, toda a alegria de servir ao Senhor. Apesar de termos passado por diversas situações que ferem a Igreja, e a cada um de nós, somos capazes de olhar com generosidade e esperança a nossa sociedade.
Ao concluir o 49º ano da minha vida sacerdotal, agradeço a Deus pelo dom imerecido do sacerdócio e peço-lhe a graça de continuar construindo os alicerces que me possibilitam permanecer de pé e, ao mesmo tempo, passar conduzindo a esperança e a confiança no Senhor. Espero, como diz o Evangelho, que esta casa não seja construída sobre a areia, mas sobre o alicerce que é Jesus Cristo, a pedra viva, a pedra angular, sobre a qual devemos permanecer. Desejo continuar semeando aquilo que o Evangelho nos inspira, e não minhas próprias ideias, deixando que o Espírito Santo faça maravilhas na vida do nosso povo.
Tenho visto em tantos ministros ordenados, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, leigos e leigas das mais diversas idades e estados de vida, além dos jovens vocacionados, tantas pessoas de Deus, que têm levado adiante a sua missão! Tanto no interior da Igreja, como também na sociedade, manifestam seu profundo carinho pela missão nesta grande cidade, mesmo que isso não seja noticiado nem se fale sobre a beleza do Evangelho no coração das pessoas. Peço ao Senhor que possam buscar os alicerces na sua Palavra e na vida em unidade com Ele. Somos missionários com grandes desafios! Que Jesus Cristo continue conduzindo a história e nos fazendo ser sinais de esperança e confiança nesta cidade, apesar de suas controvérsias e desafios.
Desejo que as vocações, às quais eu dedico este momento, possam vir também nessa mesma esteira de construir-se sobre os alicerces duradouros, e que possamos semear esperança e confiança em todos os cantos aos quais somos enviados, amando o povo de Deus, servindo com generosidade e alegria a nossa população, e fazendo a diferença nessa sociedade muitas vezes carente, cheia de problemas e violência, para anunciar a Boa Notícia, a paz, a salvação e a esperança que é Jesus Cristo.
Neste próximo mês de maio, o nosso Seminário São José (o mais antigo do Brasil) completa 100 anos de sua reabertura, depois de um tempo em que, devido à situação da época, permaneceu fechado. Dom Frei Antônio de Guadalupe criou, através da provisão de 5 de setembro de 1739, o nosso Seminário e o Cardeal Sebastião Leme da Silveira Cintra, em maio de 1924, o reabriu depois de alguns anos fechado. 
Quantos bispos, padres e homens de bem foram formados em nosso Seminário, cada qual com sua história e passos importantes na vida cristã! De forma muito especial, convido a rezar por nossos padres. Que a vida e o ministério deles sejam uma inspiração para todos nós, recordando-nos a alegria e a gratidão com que devemos viver nossa própria vocação, seja ela qual for. Deste modo, unidos ao Ano da Oração, incluímos a promoção vocacional, fundamento para a vida espiritual e discernimento da opção de cada batizado, contribuindo significativamente para o seu desenvolvimento e a construção de uma comunidade mais coesa e espiritualmente enriquecida.
O povo reunido em oração tem um papel vital na promoção vocacional, processo pelo qual as pessoas são encorajadas e guiadas a descobrir e seguir seu chamado ou vocação na vida, concretizando o que Jesus nos mandou: “Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Mt 9,38). Através da oração, os corações e mentes são abertos para o chamado divino, permitindo que cada pessoa encontre seu verdadeiro propósito e contribua positivamente para o mundo à sua volta. Poucos veem a floresta que cresce lentamente, pois não faz barulhos, mas o Espírito Santo continua a conduzir-nos, mesmo em meio aos rumores divergentes ao nosso redor.
4.         Passos firmes para a Missão 
Para enriquecer estes momentos jubilares, trazemos a experiência sinodal como uma riqueza que retomamos com novo vigor na história da Igreja.
Na Solenidade de Corpus Christi do ano passado, 08 de junho de 2023, nossa Arquidiocese iniciou seu processo sinodal. O Sínodo, o segundo a ser realizado na Arquidiocese, tem sido um tempo intenso de escuta, diálogo e unidade sobre a missão, a fim de que se manifeste a presença de Jesus Cristo em todos os ambientes da cidade do Rio de Janeiro. O Sínodo dos Bispos alude aos temas da Comunhão, Participação e Missão. O tema nos faz “caminhar juntos” nessa direção, porém salientando a importância da missão.
O primeiro Sínodo, convocado, presidido e promulgado pelo então Arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara, em 1949, portanto há 75 anos, teve por objetivo salvaguardar, por meio do Direito Canônico e Eclesiástico, os princípios morais do Cristianismo.
Nosso segundo Sínodo tem como tema “A Missão da Igreja no Atual Contexto da cidade do Rio de Janeiro” e como lema: “Corações ardentes, pés a caminho”. O objetivo principal desta caminhada sinodal é estar mais atentos à Voz do Espírito, enquanto comunidade reunida, para que assim busquemos formas de despertar uma renovação missionária em nossa Arquidiocese, tendo como objetivos específicos:
1) Despertar e formar a consciência a respeito da centralidade da missão em toda a vida e ação a Igreja;
2) Estimular o ardor missionário de todos os fiéis da Arquidiocese;
3) Organizar estruturas missionárias em todos os níveis da vida eclesial arquidiocesana;
4) Orientar o planejamento de ações missionárias permanentes e específicas.
Tal caminhada é composta de 3 etapas: a Preparatória e de Consulta, iniciada no ano passado, a de Escuta e Discernimento, que constitui o Sínodo propriamente dito, onde são realizadas as Assembleias gerais e a terceira etapa, a Conclusiva, que se desenvolverá a partir do ano de 2025, quando a redação dos documentos sinodais será confiada a diversas comissões. Neste ano já tivemos uma belíssima participação na primeira Assembleia Arquidiocesana, que trouxe grandes contribuições para os futuros encaminhamentos.
A vivência sinodal, que destaca a caminhada conjunta, o diálogo e a partilha entre todos os membros da comunidade eclesial, é um tesouro que nos impulsiona a buscar novos caminhos para a missão. Neste espírito, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro vivencia o II Sínodo Arquidiocesano, que trata, justamente, da Missão Evangelizadora, refletindo sobre como podemos responder com eficácia aos desafios do nosso tempo.
Vivemos num tempo marcado por intensas mudanças sociais, culturais e espirituais, onde muitas pessoas se encontram perdidas, distanciadas da fé e desiludidas com as instituições religiosas. Neste cenário, os “desigrejados”, aqueles que se afastaram da comunidade de fé por diversas razões, e a crescente polarização global, constituem desafios prementes à nossa missão evangelizadora.
Em sua encíclica Fratelli Tutti, o Papa Francisco nos lembra que “somos todos irmãos” (FT, 8), chamados a viver em comunhão e solidariedade. Este apelo ressoa com urgência em nossos dias, marcados por estes, e tantos outros desafios, que clamam por uma resposta de fé ativa e encarnada. Eis o nosso desafio nestes tempos de polarizações e ódios que dividem o nosso povo.
O fenômeno dos “desigrejados”, ou daqueles que se denominam como “sem religião” por exemplo, reflete uma sede profunda por autenticidade, comunhão e significado, que muitas vezes se percebe não saciada pelas formas tradicionais de expressão da fé. Este afastamento é um apelo urgente a uma reflexão profunda e uma renovação da nossa prática pastoral. Somos chamados a ser uma Igreja que acolhe, que escuta e que se faz próxima de todos, especialmente daqueles que, por alguma razão, sentem-se distantes da comunidade de fé ou excluídos dela. Um grande sinal para todos é justamente o trabalho social que está presente em todas as paróquias e comunidades.
Este desafio nos convoca a sermos, mais do que nunca, uma Igreja em saída, disposta a encontrar as pessoas onde elas estão, com suas alegrias, esperanças, tristezas e angústias. Somos interpelados a abrir nossos corações e nossas portas a todos os que procuram sentido e comunhão.
A polarização global, por sua vez, tem criado divisões profundas não apenas entre nações e culturas, mas também dentro de nossas comunidades. É um desafio que nos convoca a fortalecer os laços de fraternidade e a promover o diálogo e a compreensão mútua, tendo sempre o amor de Cristo como nosso guia. O Concílio Vaticano II, especialmente através da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, já enfatizava a importância do diálogo e o respeito mútuo entre pessoas de diferentes crenças e ideologias.
Em diversas ocasiões, o Papa Francisco tem falado sobre a superação da polarização, levando-nos a uma reflexão profunda sobre a questão que se insere no contexto do chamado à fraternidade universal e à construção de pontes em vez de muros. O Pontífice adverte sobre os perigos da polarização e da divisão na sociedade em geral, que se reflete também dentro da Igreja, indicando como caminho a ser trilhado a valorização da cultura do encontro, onde o diálogo e a compreensão mútua superam as diferenças. Na encíclica Fratelli Tutti, encontramos o apelo à fraternidade e à amizade social como meios para superar a polarização, ressaltando, ainda, a importância de ver o outro não como um adversário ou inimigo, mas como um irmão ou irmã.
Neste contexto de celebração e desafio, a experiência sinodal que vivenciamos, particularmente através do II Sínodo Arquidiocesano, cuja assembleia arquidiocesana vivemos neste ano, emerge não somente como uma luz que guia nossa caminhada, mas torna-se imperativo para que retomemos com vigor a missão própria do cristão, que é a de ser luz do mundo e sal da terra (cf. Mt 5,13-14). O Sínodo, centrado na missão da Igreja, é um testemunho vivo do nosso compromisso de escutar, dialogar e responder aos sinais dos tempos, com o coração firmado na esperança que o Evangelho de Jesus Cristo oferece. É tempo de retomarmos com vigor a missão própria do cristão.
Somos chamados a promover uma revolução pastoral, mais do que nunca centrada no poder transformador do Evangelho, que toca os corações e transforma vidas; reacender a chama do diálogo com a humanidade, compartilhando alegrias, esperanças, tristezas e angústias, e buscando, juntos, superar cada uma delas. É necessário que nos abramos a novos métodos e expressões de evangelização que respondam aos anseios e desafios do homem e da mulher de hoje.
Vivendo essa sinodalidade, e inspirados pelo tema do Grande Jubileu de 2025, devemos assumir o protagonismo de sermos “Peregrinos de esperança e construtores de paz”. Deste modo, antes de começar a sua jornada, o peregrino, mantém um objetivo definido em seu coração e mente. Contudo, para alcançar tal destino, é crucial focar no momento atual, necessitando de leveza e desprendimento de qualquer fardo desnecessário, carregando somente o essencial. Dia após dia deve-se esforçar para que o cansaço, o medo, as dúvidas e as sombras não impeçam o progresso da caminhada iniciada. Afirma o Papa: “Por isso ser peregrino significa partir todos os dias, recomeçar sempre, reencontrar o entusiasmo e a força de percorrer as várias etapas do percurso que, apesar das fadigas e dificuldades, sempre abrem diante de nós novos horizontes e panoramas desconhecidos”. 
Nossa cidade tem desafios e dificuldades de uma guerra urbana, de sofrimentos, muitas vezes de violência, de falta de liberdade ou de ir e vir, mas com um povo bom, trabalhador e sempre de muita fé. Não podemos ter medo ou fechar os olhos diante dos problemas, mas abrir-nos ainda mais, sermos uma Igreja em saída, o fermento no meio da massa. Nossa missão leva a anunciar Jesus Cristo e o nosso compromisso com o tempo novo. Temos visto como neste tempo pascal a repetição do cumprimento do Ressuscitado – A paz esteja convosco – ressoa em nossas assembleias! Com a luz do Espírito Santo, sejamos construtores da paz nessa nossa bela e grande cidade. Não podemos nos acomodar com a “guerra urbana” e tanta violência ao nosso redor! Somos chamados a ser presença de paz e unidade em todo o território de nossa urbe. Diante de tantas situações e de dependências que encontramos, a vida de oração é necessária para nos impulsionar a ir ao encontro das realidades, a fim de descobrir caminhos para que nosso povo tenha “vida em abundância”.
Devemos, portanto, intensificar o nosso compromisso com a missão de dialogar com a humanidade em todas as suas dimensões, partilhando as alegrias e esperanças, tristezas e angústias do nosso tempo. Este diálogo autêntico exige de nós uma escuta profunda e um coração aberto, dispostos a aprender tanto quanto a ensinar.
Neste espírito, convido cada um de vocês, irmãos e irmãs, a se engajarem numa pastoral de encontro que priorize o acolhimento e a compaixão. Que possamos ser uma Igreja que vai ao encontro das pessoas onde elas estão, oferecendo um testemunho vivo do amor incondicional de Deus por cada um de Seus filhos. Que nossa ação evangelizadora seja um reflexo do amor e da misericórdia que Cristo tem por nós, uma manifestação do Reino de Deus “onde a justiça e a paz se abraçam” (Salmo 85,10).
Convido-os a participarem ativamente na vida e missão da Igreja, contribuindo para o diálogo sinodal e para a construção de uma comunidade de fé viva, inclusiva e missionária. Necessitamos encontrar atitudes e atividades que nos levem a explicitar melhor esse nosso trabalho missionário em nossas comunidades e no entorno delas.
Encorajo também a todos a se unirem em oração e ação, buscando caminhos concretos para animar e apoiar uns aos outros na superação dos desafios que enfrentamos. Juntos, podemos construir pontes de entendimento e solidariedade, fazendo da nossa fé um instrumento de paz e reconciliação.
5.         Conclusão
Que este tempo de Jubileu seja para nós um tempo de graça, no qual, fortalecidos pela experiência sinodal, possamos renovar nosso compromisso com o Evangelho e com a missão que nos é confiada. O Cristo Redentor, que daqui do Corcovado preside o Brasil com seus braços abertos, num belíssimo trabalho de nosso povo para projetar, construir e conservar o maior símbolo do nosso país, nos indique sempre mais os rumos de nossos caminhos que passam pelo acolhimento e a proximidade. O mundo precisa de homens e mulheres renovados, que enfrentam a luta de cada dia e assim testemunham a Ressurreição, fazendo-nos enxergar novos horizontes a partir do olhar de Jesus, que segue vencendo em nossas vidas. O Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, pregador do retiro em nossa Assembleia Geral da CNBB, concluiu uma reflexão sobre a comunhão, em que falou da fraternidade efetiva entre nós dizendo: “o futuro da Igreja está em seus inícios”. Deixemo-nos inspirar pela palavra deste tempo pascal que nos traz os inícios da Igreja e, com o coração ardente, empenhemo-nos em nos colocar a caminho com entusiasmo e cheios de esperanças e alegrias, como na manhã da Ressurreição, ao anunciar: Jesus está vivo, nós o encontramos! E assim levá-lo aos nossos irmãos e irmãs.
A Virgem Maria, a Senhora dos mil nomes, Estrela da Nova Evangelização, interceda por nós, guiando-nos sempre mais para Cristo, nossa esperança e nossa paz. Fortalecidos pela experiência sinodal e pelos Jubileus que celebramos, possamos avançar com fé e coragem, renovando nosso compromisso de ser, verdadeiramente, uma Igreja em saída, ao encontro de todos.
Com uma bênção especial,
São Sebastião do Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024
Cardeal Orani João Tempesta. O. Cist.
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

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O Papa: muitos conflitos abertos, não ceder à lógica das armas

Francisco divulgou uma carta por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma a Maria Salus Populi Romani durante a fúria da II Guerra Mundial. O Pontífice pede que o aniversário seja uma oportunidade para “meditar em torno do terrível flagelo da guerra”. Olhando para a Ucrânia, Oriente Médio, Sudão e Mianmar, exorta a ouvir os “gritos de terror e de sofrimento” que questionam a consciência de todos e a “trabalhar pela paz na Europa e no mundo”.
Mariangela Jaguraba- Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldassarre Reina, por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma ao ícone de Nossa Senhora conhecido como “Salus Populi Romani” durante a II Guerra Mundial.
O Pontífice une-se espiritualmente a toda a comunidade diocesana que celebra pela primeira vez a memória litúrgica da Salus Populi Romani, e recorda o voto que o povo de Roma e seu Pastor, Papa Pio XII, fez a Nossa Senhora em 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando o confronto direto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos estava prestes a acontecer”, escreve o Papa no texto.
“A devoção ao antigo ícone conservado na Basílica de Santa Maria Maior está viva há séculos no coração dos romanos, que recorriam a ele para fazer súplicas e invocações, especialmente durante pragas, desastres naturais e guerras”, escreve ainda Francisco. “Os eventos marcantes da vida religiosa e civil de Roma eram registrados em frente a essa imagem. Portanto, não é de surpreender que o povo romano desejou confiar-se mais uma vez a Maria Salus Populi Romani enquanto a Urbe vivia o pesadelo da devastação nazista”, ressalta ainda o Papa.

Pio XII com os cidadãos romanos após o bombardeio do bairro de São Lourenço

Não ceder à lógica das armas
De acordo com Francisco, “oitenta anos depois, a lembrança desse acontecimento tão cheio de significado quer ser uma ocasião para rezar por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e para fazer uma meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.
Muitos conflitos em diferentes partes do mundo ainda estão abertos hoje. Penso em particular na martirizada Ucrânia, na Palestina e Israel, no Sudão e Mianmar, onde as armas ainda fazem barulho e mais sangue humano continua sendo derramado.

“Esses são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento questionam a consciência de todos: não podemos e não devemos ceder à lógica das armas!”

O apelo de Paulo VI à ONU
O Pontífice recorda que “vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falando na ONU, perguntou: ‘Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?'” Segundo Francisco, “essa pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus que também deve encontrar hoje corações dispostos a acolhê-lo e trabalhar para serem construtores da reconciliação e testemunhas da esperança.”

Ser construtor de paz
Francisco espera “que as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”. “Pode ser construtor de paz”, ressalta o Papa, “quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se compromete em criar vínculos, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”.
O Pontífice conclui a carta, pedindo a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz” e confia “todos os habitantes de Roma, especialmente os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade, à intercessão materna da Salus Populi Romani”.

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Indonésia. Ilha de Flores ainda é uma “terra prometida” de vocações

“Em junho e julho estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”, conta Pe. Galvani
Vatican News

 

Em 1924 os vigários e prefeitos apostólicos encontraram-se pela primeira vez, para definir uma orientação comum sobre diversas questões da vida da Igreja e sobre a relação com as …

“Nesta época de final de ano letivo, estamos obtendo bons resultados vocacionais. Nós, Camilianos, tentamos nos manter em forma tanto quanto possível com muitas pequenas coisas boas para fazer, não apenas no campo vocacional, mas também com nossas iniciativas sociais e de caridade.”
É o que conta à agência missionária Fides o padre Luigi Galvani, pioneiro na Diocese de Maumere, na Indonésia, onde os Missionários Camilianos estão presentes em três dioceses com 4 seminários, dois centros sociais onde coordenam um programa de nutrição para 160 crianças pobres, apoio à distância para cerca de 20 estudantes merecedores, um projeto de “casas especiais” para libertar os doentes mentais de situações de opressão e, por fim, um modesto projeto de produção de água mineral e do sorvete “São Camilo”.
Ordenações diaconais entre os vários institutos missionários
“Em junho e julho – explica ele – estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”.
A mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio

Em algumas áreas do país, que o Papa visitará em setembro, membros do clero local e de ordens religiosas masculinas e femininas moram por alguns dias em famílias católicas, …

“Nos próximos meses, haverá também as profissões religiosas de numerosos noviços e noviças dos vários institutos masculinos e femininos presentes na Diocese de Maumere, que, no momento, atingiram o número de 62 comunidades religiosas”.
“Todos esses resultados vocacionais encorajadores – conclui o missionário – certamente recompensam o empenho dos vários promotores, mas também são um testemunho da fé e do espírito missionário de centenas e centenas de famílias na ilha de Flores, que continua sendo a mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio. Talvez seja também por isso que Flores é chamada de “terra prometida” de vocações.
(com Fides)

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África Central, quando uma Porta Santa se abriu para o mundo

O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015, foi aberto em um lugar sem precedentes, longe do coração cristão do mundo, a Basílica de São Pedro, mas dentro do coração do Papa Francisco, em Bangui. O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo da capital da África Central, revive aquele dia memorável e o significado benéfico que a visita do Pontífice produziu ao longo do tempo.
Maria Milvia Morciano e Jean Charles Putzolu – Vatican News
É tarde e a noite se prepara lentamente para chegar, tingindo o céu de rosa e dourado. A porta da Catedral de Notre-Dame em Bangui se abre, empurrada por duas mãos firmes. A figura de Francisco está de pé, vigorosa. Muitos anos se passaram desde aquele 29 de novembro de 2015, o primeiro dia do Advento e a data de início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que foi inaugurado, antecipadamente, em um lugar igualmente extraordinário, na capital da África Central. Pela primeira vez na história, a abertura da Porta Santa não se realiza na Basílica de São Pedro, no túmulo do Apóstolo, no centro do mundo cristão, mas em um lugar remoto, para muitos desconhecido.
Capital espiritual
A África Central é um dos países mais sangrentos e divididos do mundo. O Papa o escolheu justamente por esse motivo, para levar misericórdia e uma mensagem de paz a uma “terra que está sofrendo há vários anos com a guerra e o ódio, a incompreensão e a falta de paz. Mas nessa terra sofrida há também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui se torna a capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana, por todo o mundo, pelos países que estão sofrendo com a guerra, pedimos paz!”, disse o Papa na praça da igreja, depois de sair de um papamóvel, desprovido de qualquer proteção contra possíveis perigos, onde o imã também concordou em se sentar.
Um gesto universal compreendido por todos
Uma tradição antiga é transferida para um país jovem. O significado de abrir a Porta Santa e cruzar o limiar está enraizado em um simbolismo ancestral que, em Bangui, se ramifica e dá novos frutos. Ele está revestido de futuro. O gesto do Papa Francisco foi revolucionário porque, em um lugar fechado, cheio de barreiras, ele abre uma porta para a esperança, convida as pessoas a entrarem para encontrar misericórdia e paz, para encontrar Cristo e serem transformadas. Ele traduz de forma cristã uma metáfora compreensível para todos, em qualquer lugar do mundo, de qualquer tradição, religião, experiência e história. Todos entendem que se trata de um rito de passagem fundamental e sagrado.
A linha de fronteira, o limes latim, ponto final, fechamento, é transformada em limen, limiar, abertura. Talvez não seja coincidência o fato de duas palavras opostas conterem a mesma raiz, mas é interessante lembrar o fato de que, na linguagem eclesiástica, a “visitatio ad limina apostolorum” é a visita dos peregrinos aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que remonta aos primeiros séculos da Igreja, mais tarde estendida aos bispos. Tudo fala de Jubileu.
Portas Santas em toda parte
Naquele ano de Misericórdia, muitas Portas Santas foram abertas em todo o mundo, quase um sistema solar composto por milhares de estrelas brilhantes espalhadas pela Terra, mesmo nos lugares mais remotos. Foi uma grande oportunidade, um presente dado a todos, mesmo àqueles que, por vários motivos, não podiam se locomover e viajar. Foi um jubileu extraordinário que pôde ser vivenciado em todas as igrejas locais, permitindo que aqueles que quisessem vivenciar plenamente o evento, fazer a peregrinação e atravessar a Porta da Misericórdia em sua própria diocese.
Uma esperança que vem de Roma
O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo de Bangui, é um dos intérpretes nodais de seu país. Sua história é de fé e de uma árdua “luta pela paz”, lembrando o título de seu livro na versão italiana, publicado pela Livraria Editora Vaticana em 2022. O cardeal centro-africano compartilhou com a mídia vaticana, aos microfones de Jean Charles Putzolu, a memória daqueles dias e as consequências benéficas da visita do Papa à África Central.
Gostaria de levá-los de volta ao dia 29 de novembro de 2015, o primeiro domingo do Advento, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Foi em Bangui, na República Centro-Africana, portanto, em seu país: uma tradição muito antiga chegando a um país jovem. Em sua opinião, qual foi o significado desse gesto para todos os centro-africanos?
É um gesto único na história não apenas da Igreja universal, mas também da nossa Igreja.
Porque nós, centro-africanos, diante da violência, do sofrimento e da morte, encontrando-nos vivendo em um estado de absurdo, sentimos a esperança que veio de Roma por meio do homem de Deus, o Papa, que veio para aplacar, para trazer paz, tranquilidade e perdão, para trazer reconciliação, convidando nós, centro-africanos, a abrir as portas de nossos corações, cheios de ódio, rancor e vingança, para que pudéssemos nos enfrentar. É por isso que ele mesmo disse para depormos nossas armas: “leve a justiça, leve o amor”. Acredito que seu gesto será sempre lembrado aqui na República Centro-Africana. Muçulmanos, protestantes, católicos, todos nós somos unânimes em dizer que sua chegada foi salutar.
E o Papa de fato chegou. Ela se lembrou dessa mensagem, desse chamado para depor as armas. Havia uma enorme tensão até quase dois dias antes de sua chegada a Bangui. Houve mais tensão desde então? Essa mensagem foi ouvida? A mensagem do Papa foi ouvida e atendida? As armas ficaram em silêncio?
Acho que a mensagem foi ouvida. Passamos seis meses desde a partida do Papa como se estivéssemos em um país normal, algo impensável até dois dias antes de sua chegada. Sua chegada aliviou a pressão. Vimos muçulmanos saindo de seus enclaves para se juntarem a seus irmãos e irmãs católicos no estádio, para participar da grande celebração. As pessoas iam e vinham. O Km 5 [marco 5] era considerado um local onde havia muitas armas e, portanto, não se podia entrar. Mas fui até lá com os cristãos para acompanhar o Papa, dizendo aos muçulmanos: “vamos caminhar juntos!”
O Papa veio de Roma para a República Centro-Africana, os cristãos de Bangui deixaram nossos bairros para ir ao encontro de nossos irmãos, caminhando pela paz. Bem, nós marchamos e continuamos a fazê-lo desde aquele dia. Um líder rebelde nos disse que deveríamos conversar sobre espiritualidade com os imãs. Os imãs organizaram uma grande reunião para pedir aos líderes rebeldes que depusessem suas armas e muita coisa mudou desde então. Isso também foi resultado da visita do Papa.
Os imãs realizaram um grande encontro para pedir aos líderes rebeldes que deponham as armas e isso mudou muito. Esse também foi o resultado da visita do Papa, que nos deu um empurrão, nos fez recomeçar e agora estamos vendo os resultados. Hoje as armas não circulam mais como antes.
Em sua opinião, quais foram os outros frutos desse evento?
Foram os encontros entre jovens muçulmanos e jovens cristãos. Encontros bastante regulares entre mulheres muçulmanas e mulheres cristãs, e entre nós, líderes. Há pouco tempo, em março, uma mesquita a 250 quilômetros daqui foi vandalizada. O imã, o pastor protestante e eu falamos ao coração de nossos fiéis para desarmá-los e convidá-los a cooperar, respeitar, valorizar e respeitar o local. Esse, em minha opinião, é o fruto dessa passagem. Agora também pedimos que a justiça seja feita. Isso significa que aqueles que perderam suas casas devem poder recuperá-las, o que significa que aqueles que moram na casa do vizinho há muito tempo devem ter a gentileza de sair. E nós, líderes religiosos, trabalhamos com o coração. Há alguns que saem para deixar a casa para os proprietários sem passar pelos tribunais ou pelo Estado. Portanto, acho que isso também é proveitoso. Agora os corações estão dispostos e podemos conversar, podemos imaginar um futuro comum.
Quando o senhor diz que eles saem de casa, é porque eles realmente a devolvem ao seu legítimo proprietário, certo?
Exatamente isso.
Em um nível mais pessoal, Vossa Eminência, quais são suas lembranças mais fortes e talvez mais vívidas daquele período?
A lembrança mais vívida é a de entrar no quilômetro 5 dois dias antes: era impossível atravessar o posto de controle. Eu estava lá. Vi com meus próprios olhos: o Papa escolheu ir em um veículo não blindado, mas em campo aberto. Todos sabiam que havia muitas armas no local. Francisco teve a coragem de ir até lá e vimos que o imã também concordou em ir no papamóvel. Essa é a imagem mais forte. Quando saí para ir ao estádio, vi muçulmanos saindo em massa, arriscando suas vidas. Foi sua fé que os levou a sair. Um imã nos disse: ‘O Papa não veio para vocês, cristãos, mas para nós, muçulmanos. Estávamos no enclave, estávamos na escravidão. Ele nos libertou!”
Eminência, uma última pergunta: o senhor se tornou inseparável do Imã… entre cristãos e muçulmanos e também com os protestantes. Vocês realizam iniciativas juntos quase diariamente. Esse é outro fruto. É claro que é o resultado de seu trabalho, mas também é o resultado da visita do Papa…
A visita do papa nos confortou, incentivou e apoiou nesse trabalho. E fomos nós três que pedimos a ele que viesse à República Centro-Africana. Acho que todos nós somos gratos a ele. Esse é o fruto de sua passagem.
O Jubileu de 2025. Como estão se preparando para ele?
O Jubileu de 2025 é um momento importante para a Igreja. Bem, já estão sendo criados grupos aqui para refletir, orar, reunir-se e também para ver como, localmente, viveremos esse momento. Este ano celebraremos 130 anos de evangelização na República Centro-Africana e, ao mesmo tempo, estaremos caminhando para 2025, que está logo ali, e estamos trabalhando em ambos. Portanto, acho que há muito entusiasmo. Eu estava com um grupo de jovens que se encontrava na igreja em massa e dissemos uns aos outros: este é um momento importante porque é um momento de graça, mas também é um momento complicado e elevado. Não podemos deixar passar esse momento favorável.

O cardeal Dieudonné Nzapalainga

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