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Francisco, da misericórdia à esperança

Estas são ideias fortes nos 11 anos de pontificado e inspiração para dois Jubileus. Em 2023 a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa foi revelação de paz e fraternidade, com tempo para o Papa tocar a fragilidade em Fátima. Neste ano de 2024, a XVI Assembleia do Sínodo será semente de esperança.
Rui Saraiva – Portugal
Os 11 anos do pontificado de Francisco (eleição a 13 de março de 2013) estão marcados pela misericórdia e pela esperança. Temas com expressão jubilar no percurso do Papa: o Jubileu da Misericórdia em 2015-2016 foi etapa essencial para compreender o percurso do Papa Francisco, assim como também será o Jubileu de 2025 que está a ser preparado com o tema da Esperança.
Deus perdoa sempre
A misericórdia marca a vida e a experiência espiritual de Bergoglio desde sempre, a ponto de ter ficado gravada no seu mote episcopal e também papal: “miserando atque eligendo”. Uma frase retirada das Homilias de São Beda o Venerável, sacerdote, que comentando o episódio evangélico da vocação de S. Mateus, escreve: “Viu Jesus um publicano e dado que olhou para ele com sentimento de amor e o escolheu, disse-lhe: Segue-me”.
Logo no primeiro Angelus do seu pontificado, no domingo 17 de março de 2013, Francisco afirmou que o Senhor nos perdoa sempre e tem um coração de misericórdia para todos.
“Ele, nunca se cansa de perdoar, mas nós, por vezes, cansamo-nos de pedir perdão. Nunca nos cansemos, nunca nos cansemos! Ele é o Pai amoroso que perdoa sempre, que tem um coração de misericórdia para todos nós. E também nós aprendamos a ser misericordiosos para com todos”, disse o Santo Padre.
Gestos de misericórdia para uma revolução cultural
Para Francisco a misericórdia realiza-se com pequenos gestos, uma pequena revolução cultural que é um antídoto contra a indiferença. O Santo Padre afirmou-o em outubro de 2016 numa audiência geral no Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Segundo disse o Santo Padre nesse dia, não basta experimentar a misericórdia de Deus, é preciso que a pessoa que a recebe se torne também sinal e instrumento dela para os outros. Não são precisos grandes esforços ou gestos sobre-humanos. Jesus indica-nos uma estrada muito simples, feita de gestos pequenos, são as obras de misericórdia, afirmou Francisco. As corporais e as espirituais.
Dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestir uma pessoa nua, acolher um forasteiro, visitar um doente e visitar um preso, são as obras corporais.
As obras espirituais são: dar bons conselhos, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo e rezar a Deus por vivos e defuntos.
Todos estes gestos simples de misericórdia podem ser o início de uma revolução. “Estou convencido que através destes simples gestos quotidianos podemos cumprir uma verdadeira revolução cultural”, disse Francisco.
Com o processo sinodal, um novo modo de ser Igreja
Com o Sínodo iniciado em outubro de 2021, Francisco lançou o maior processo de reforma da Igreja desde o Concílio Vaticano II. Mais do que um método, a sinodalidade é um novo modo de ser Igreja. Teve como primeira fase, um trabalho de base nas dioceses, que envolveu milhões de fiéis, num processo sinodal em curso que liberta energias, suscita participação, inclui vozes e testemunhos, num percurso que teve também uma inédita fase continental de aprofundamento.
Este processo sinodal é uma grande oportunidade pastoral que permite aplicar o Concílio Vaticano II. Partindo sempre da oração e da escuta da Palavra de Deus, o método sinodal coloca-nos em caminho. Um caminho conjunto em abertura pastoral aos irmãos e ao mundo.
Os participantes na primeira sessão do Sínodo em 2023 publicaram uma Carta ao Povo de Deus, na qual pedem que todos devem ser escutados. “Para progredir no seu discernimento, a Igreja precisa absolutamente de escutar todos”, escrevem os participantes do Sínodo salientando que essa escuta deve “começar pelos mais pobres”.
Da primeira sessão do Sínodo que decorreu em Roma em 2023 foi publicado um Relatório de Síntese que apresenta um texto que “recolhe as convergências, as questões a aprofundar e as propostas que surgiram do diálogo” sobre cada um dos 20 temas apresentados.
Como ser Igreja sinodal em missão? é a pergunta orientadora da reflexão que as dioceses de todo o mundo estão a fazer em 2024 a partir deste primeiro documento da XVI Assembleia do Sínodo. “As mulheres na vida e na missão da Igreja”, “o bispo na comunhão eclesial” e os “organismos de participação” são alguns dos principais temas da reflexão e discernimento a fazer até outubro deste ano.
Viver a fraternidade em Lisboa
“Todos, todos, todos”, pode ser a expressão que marca o imaginário de quem participou ou assistiu pela televisão à Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023. O Santo Padre disse-a várias vezes pedindo inclusão na Igreja. “Na Igreja há lugar para todos”, disse o Papa.
Num momento em que a Igreja procura reorientar a sua atitude perante o mundo e a sua missão evangelizadora, através do Sínodo, o modo como decorreu a JMJ de Lisboa foi bálsamo de fé e esperança.
Os participantes na JMJ chegaram inspirados pela sua fé em Jesus Cristo e convocados pelo Papa Francisco. Rumaram a Portugal vindos de mais de 180 países. Das suas bandeiras fizeram convites à relação. Espalharam a alegria pela cidade comunicando as suas sensibilidades e tradições nacionais. Com as suas canções, danças, orações, jogos, sorrisos, lágrimas e abraços, semearam a beleza da diferença.
Eram cerca de um milhão e meio de jovens de mãos dadas, sem preocupações com hierarquias e lugares. Uma multidão acreditando na paz e na fraternidade. Apresentaram-se sedentos de encontro, abertos ao diálogo, disponíveis para partilhar a vida na simplicidade. Nos momentos de oração e celebração revelaram-se capazes de fazer silêncio. Todos pecadores e, por isso mesmo, sementes de esperança.
E desses dias maravilhosos fica o apelo do Papa: “Não tenham medo”. É este o “santo povo fiel de Deus que caminha na alegria do Evangelho” afirmou o Papa Francisco na Missa de domingo 6 de agosto na JMJ de Lisboa.
Tocar a fragilidade em Fátima
As mensagens e emoções sobre a JMJ 2023 partilhadas pelos que viveram intensamente a experiência de seis dias de fraternidade em Lisboa, devem ser registadas para memória futura. Cabe nessa linha de registo, a passagem do Papa Francisco pelo Santuário de Fátima na manhã de sábado dia 5 de agosto.
Jovens com deficiência e seus acompanhantes, leigos e consagrados rezaram em várias línguas, os cinco mistérios gozosos do Terço, na Capelinha das Aparições. Um momento no qual o Santo Padre pode tocar a fragilidade e que ficou registado pela reportagem da jornalista da Agência Ecclesia, Sónia Neves.
Daniela Sá é uma jovem portadora de deficiência que esteve na Capelinha das Aparições perto do Papa Francisco com a sua acompanhante Joana Cardoso. Juntamente com outros jovens rezou o terço com o Santo Padre e cumprimentou o pontífice no final.
“Foi muito bom, também lhe dei um beijinho e foi incrível, gostei muito, foi único”, disse Daniela Sá, no final da visita do Papa ao santuário mariano da Cova da Iria.
Sobre este abraço e toque a Francisco, a jovem com deficiência afirmou que o Papa cheira “a paz”. “Foi, sem dúvida, um momento indescritível, o ponto alto desta Jornada até agora foi este momento mais íntimo com o Papa Francisco”, disse Joana Cardoso, a acompanhante de Daniela Sá.
O primeiro mistério, em português, foi rezado por Daniela Sá e por Joana Cardoso e teve como intenção os jovens presidiários, “para que, com o auxílio de Maria, possam sentir a ternura de Deus Pai nas suas vidas e vivam na confiança de que Ele nunca os abandona”.
“Foi sem dúvida mostrar que a pessoa com deficiência é mais do que a sua deficiência, temos que conseguir ver primeiro a pessoa e depois a deficiência. E isso hoje foi sem dúvida, marcante, notório, e foi um passo muito importante dado pelo Papa”, destacou Joana Cardoso.
A casa de Francisco é com os pobres
Um dos episódios mais relevantes da profunda sintonia de Francisco com os mais pobres e esquecidos, foi a sua visita ao bairro de Kangemi, em África, no Quénia, a 27 de novembro de 2015. Um dos sete bairros de lata da cidade de Nairobi no qual vivem milhares de pessoas em condições de grande precariedade e exclusão. Aí o Papa pode revelar a sua absoluta opção preferencial pelos pobres. Disse que se sentia ali como se estivesse em casa.
“Sinto-me em casa, partilhando este momento com irmãos e irmãs que têm um lugar preferencial na minha vida e nas minhas opções, não me envergonho de o dizer. Estou aqui porque quero que saibais que as vossas alegrias e esperanças, as vossas angústias e as vossas dores não me são indiferentes. Conheço as dificuldades que encontrais dia-a-dia!”, disse o Papa no Quénia.
Na ocasião, o Papa denunciou as injustiças e a marginalização promovida por “minorias que concentram o poder e a riqueza”, pediu trabalho para todos e melhores condições de vida naqueles bairros. Denunciou ainda a “apropriação de terras por parte de investidores privados sem rosto e também a criminalidade organizada que usa os mais jovens nas suas atividades ilícitas.
Em Buenos Aires, nos seus tempos de arcebispo, era possível encontrar o cardeal Jorge Mário Bergoglio, visitando às “villas miseria” que são os bairros de lata da grande metrópole argentina. A sua presença era habitual e um lugar onde ele, na missão eclesial de pastor, sentia em modo direto o “odor das ovelhas” do seu “rebanho”.
Destaque no pontificado de Francisco para a criação do Dia Mundial dos Pobres que se celebra no 33º Domingo do Tempo Comum do calendário litúrgico e foi criado pelo Papa para assinalar o Jubileu da Misericórdia. A primeira edição foi em 2017.
Abrir o coração à esperança que é Jesus
O caminho com Francisco leva-nos da misericórdia à esperança, que será tema do Jubileu no ano 2025. “Peregrinos de esperança”, é a frase motivadora que acolhe o tradicional ano santo que a Igreja celebra a cada 25 anos. E a esperança acompanha o pontificado de Francisco desde os primeiros dias em 2013.
Logo na primeira Páscoa como Papa, 11 dias após a eleição, no Domingo de Ramos, a 24 de março de 2013, perante mais de 200 mil fiéis na Praça de S. Pedro, o Santo Padre dirigiu-lhes palavras de encorajamento dizendo para viverem na esperança: “E por favor, não deixeis que vos roubem a esperança! Não deixeis que roubem a esperança! Aquela que nos dá Jesus”, disse o Papa.
Recordemos que Francisco dedicou ao tema da esperança cristã vários meses das suas catequeses nas audiências gerais das quartas-feiras, entre dezembro de 2016 e outubro de 2017. Momentos de reflexão, entretanto compilados no livro “Alegres na Esperança” e nos quais anuncia Jesus como fonte de esperança.
Por exemplo, na audiência geral de quarta-feira dia 14 de dezembro de 2016 o Papa propôs mais uma catequese na qual recordou o profeta Isaías que nos convida a abrirmo-nos à esperança, acolhendo a Boa-Nova da salvação que é Jesus. E segundo o Santo Padre existem motivos para a esperança: a paz, a liberdade e a consolação, afirmou.
“Quando tudo parece perdido, quando à vista de tantas realidades negativas torna-se difícil acreditar e vem a tentação de dizer que já nada tem sentido, faz-se ouvir a Boa Nova: Deus está a chegar, para realizar algo de novo, instaurar um Reino de paz, vem trazer liberdade e consolação. O mal não triunfará para sempre, acabará a tribulação”, sublinhou o Papa.
Somos chamados a ser homens e mulheres de esperança, lembrou Francisco, pois a humanidade tem fome e sede de justiça e de paz. E a promessa cumpre-se no Menino de Belém, uma criança que nasce “necessitada de tudo” colocada “numa manjedoura”. Ali está todo poder do Deus que salva. “É preciso abrir o coração – o Natal é o dia para abrir o coração”, declarou o Santo Padre afirmando que no Natal é preciso abrir o coração a toda a “pequenez” que está ali naquele Menino. Abrir o coração à esperança que é Jesus.
“É a surpresa de um Deus Menino, de um Deus pobre, de um Deus débil, de um Deus que abandona a sua grandeza para se fazer próximo de cada um de nós”, disse Francisco no final da sua catequese nesse mês de dezembro de 2017.
Desde 2013, que misericórdia e esperança são marcas muito fortes de Francisco em 11 anos de pontificado. E neste ano de 2024, a XVI Assembleia do Sínodo será semente de esperança, preparando o ano jubilar de 2025 que verá a abertura da porta santa na noite de Natal no próximo mês de dezembro.
Laudetur Iesus Christus

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O Papa: muitos conflitos abertos, não ceder à lógica das armas

Francisco divulgou uma carta por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma a Maria Salus Populi Romani durante a fúria da II Guerra Mundial. O Pontífice pede que o aniversário seja uma oportunidade para “meditar em torno do terrível flagelo da guerra”. Olhando para a Ucrânia, Oriente Médio, Sudão e Mianmar, exorta a ouvir os “gritos de terror e de sofrimento” que questionam a consciência de todos e a “trabalhar pela paz na Europa e no mundo”.
Mariangela Jaguraba- Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldassarre Reina, por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma ao ícone de Nossa Senhora conhecido como “Salus Populi Romani” durante a II Guerra Mundial.
O Pontífice une-se espiritualmente a toda a comunidade diocesana que celebra pela primeira vez a memória litúrgica da Salus Populi Romani, e recorda o voto que o povo de Roma e seu Pastor, Papa Pio XII, fez a Nossa Senhora em 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando o confronto direto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos estava prestes a acontecer”, escreve o Papa no texto.
“A devoção ao antigo ícone conservado na Basílica de Santa Maria Maior está viva há séculos no coração dos romanos, que recorriam a ele para fazer súplicas e invocações, especialmente durante pragas, desastres naturais e guerras”, escreve ainda Francisco. “Os eventos marcantes da vida religiosa e civil de Roma eram registrados em frente a essa imagem. Portanto, não é de surpreender que o povo romano desejou confiar-se mais uma vez a Maria Salus Populi Romani enquanto a Urbe vivia o pesadelo da devastação nazista”, ressalta ainda o Papa.

Pio XII com os cidadãos romanos após o bombardeio do bairro de São Lourenço

Não ceder à lógica das armas
De acordo com Francisco, “oitenta anos depois, a lembrança desse acontecimento tão cheio de significado quer ser uma ocasião para rezar por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e para fazer uma meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.
Muitos conflitos em diferentes partes do mundo ainda estão abertos hoje. Penso em particular na martirizada Ucrânia, na Palestina e Israel, no Sudão e Mianmar, onde as armas ainda fazem barulho e mais sangue humano continua sendo derramado.

“Esses são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento questionam a consciência de todos: não podemos e não devemos ceder à lógica das armas!”

O apelo de Paulo VI à ONU
O Pontífice recorda que “vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falando na ONU, perguntou: ‘Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?'” Segundo Francisco, “essa pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus que também deve encontrar hoje corações dispostos a acolhê-lo e trabalhar para serem construtores da reconciliação e testemunhas da esperança.”

Ser construtor de paz
Francisco espera “que as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”. “Pode ser construtor de paz”, ressalta o Papa, “quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se compromete em criar vínculos, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”.
O Pontífice conclui a carta, pedindo a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz” e confia “todos os habitantes de Roma, especialmente os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade, à intercessão materna da Salus Populi Romani”.

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Indonésia. Ilha de Flores ainda é uma “terra prometida” de vocações

“Em junho e julho estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”, conta Pe. Galvani
Vatican News

 

Em 1924 os vigários e prefeitos apostólicos encontraram-se pela primeira vez, para definir uma orientação comum sobre diversas questões da vida da Igreja e sobre a relação com as …

“Nesta época de final de ano letivo, estamos obtendo bons resultados vocacionais. Nós, Camilianos, tentamos nos manter em forma tanto quanto possível com muitas pequenas coisas boas para fazer, não apenas no campo vocacional, mas também com nossas iniciativas sociais e de caridade.”
É o que conta à agência missionária Fides o padre Luigi Galvani, pioneiro na Diocese de Maumere, na Indonésia, onde os Missionários Camilianos estão presentes em três dioceses com 4 seminários, dois centros sociais onde coordenam um programa de nutrição para 160 crianças pobres, apoio à distância para cerca de 20 estudantes merecedores, um projeto de “casas especiais” para libertar os doentes mentais de situações de opressão e, por fim, um modesto projeto de produção de água mineral e do sorvete “São Camilo”.
Ordenações diaconais entre os vários institutos missionários
“Em junho e julho – explica ele – estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”.
A mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio

Em algumas áreas do país, que o Papa visitará em setembro, membros do clero local e de ordens religiosas masculinas e femininas moram por alguns dias em famílias católicas, …

“Nos próximos meses, haverá também as profissões religiosas de numerosos noviços e noviças dos vários institutos masculinos e femininos presentes na Diocese de Maumere, que, no momento, atingiram o número de 62 comunidades religiosas”.
“Todos esses resultados vocacionais encorajadores – conclui o missionário – certamente recompensam o empenho dos vários promotores, mas também são um testemunho da fé e do espírito missionário de centenas e centenas de famílias na ilha de Flores, que continua sendo a mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio. Talvez seja também por isso que Flores é chamada de “terra prometida” de vocações.
(com Fides)

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África Central, quando uma Porta Santa se abriu para o mundo

O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015, foi aberto em um lugar sem precedentes, longe do coração cristão do mundo, a Basílica de São Pedro, mas dentro do coração do Papa Francisco, em Bangui. O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo da capital da África Central, revive aquele dia memorável e o significado benéfico que a visita do Pontífice produziu ao longo do tempo.
Maria Milvia Morciano e Jean Charles Putzolu – Vatican News
É tarde e a noite se prepara lentamente para chegar, tingindo o céu de rosa e dourado. A porta da Catedral de Notre-Dame em Bangui se abre, empurrada por duas mãos firmes. A figura de Francisco está de pé, vigorosa. Muitos anos se passaram desde aquele 29 de novembro de 2015, o primeiro dia do Advento e a data de início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que foi inaugurado, antecipadamente, em um lugar igualmente extraordinário, na capital da África Central. Pela primeira vez na história, a abertura da Porta Santa não se realiza na Basílica de São Pedro, no túmulo do Apóstolo, no centro do mundo cristão, mas em um lugar remoto, para muitos desconhecido.
Capital espiritual
A África Central é um dos países mais sangrentos e divididos do mundo. O Papa o escolheu justamente por esse motivo, para levar misericórdia e uma mensagem de paz a uma “terra que está sofrendo há vários anos com a guerra e o ódio, a incompreensão e a falta de paz. Mas nessa terra sofrida há também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui se torna a capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana, por todo o mundo, pelos países que estão sofrendo com a guerra, pedimos paz!”, disse o Papa na praça da igreja, depois de sair de um papamóvel, desprovido de qualquer proteção contra possíveis perigos, onde o imã também concordou em se sentar.
Um gesto universal compreendido por todos
Uma tradição antiga é transferida para um país jovem. O significado de abrir a Porta Santa e cruzar o limiar está enraizado em um simbolismo ancestral que, em Bangui, se ramifica e dá novos frutos. Ele está revestido de futuro. O gesto do Papa Francisco foi revolucionário porque, em um lugar fechado, cheio de barreiras, ele abre uma porta para a esperança, convida as pessoas a entrarem para encontrar misericórdia e paz, para encontrar Cristo e serem transformadas. Ele traduz de forma cristã uma metáfora compreensível para todos, em qualquer lugar do mundo, de qualquer tradição, religião, experiência e história. Todos entendem que se trata de um rito de passagem fundamental e sagrado.
A linha de fronteira, o limes latim, ponto final, fechamento, é transformada em limen, limiar, abertura. Talvez não seja coincidência o fato de duas palavras opostas conterem a mesma raiz, mas é interessante lembrar o fato de que, na linguagem eclesiástica, a “visitatio ad limina apostolorum” é a visita dos peregrinos aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que remonta aos primeiros séculos da Igreja, mais tarde estendida aos bispos. Tudo fala de Jubileu.
Portas Santas em toda parte
Naquele ano de Misericórdia, muitas Portas Santas foram abertas em todo o mundo, quase um sistema solar composto por milhares de estrelas brilhantes espalhadas pela Terra, mesmo nos lugares mais remotos. Foi uma grande oportunidade, um presente dado a todos, mesmo àqueles que, por vários motivos, não podiam se locomover e viajar. Foi um jubileu extraordinário que pôde ser vivenciado em todas as igrejas locais, permitindo que aqueles que quisessem vivenciar plenamente o evento, fazer a peregrinação e atravessar a Porta da Misericórdia em sua própria diocese.
Uma esperança que vem de Roma
O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo de Bangui, é um dos intérpretes nodais de seu país. Sua história é de fé e de uma árdua “luta pela paz”, lembrando o título de seu livro na versão italiana, publicado pela Livraria Editora Vaticana em 2022. O cardeal centro-africano compartilhou com a mídia vaticana, aos microfones de Jean Charles Putzolu, a memória daqueles dias e as consequências benéficas da visita do Papa à África Central.
Gostaria de levá-los de volta ao dia 29 de novembro de 2015, o primeiro domingo do Advento, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Foi em Bangui, na República Centro-Africana, portanto, em seu país: uma tradição muito antiga chegando a um país jovem. Em sua opinião, qual foi o significado desse gesto para todos os centro-africanos?
É um gesto único na história não apenas da Igreja universal, mas também da nossa Igreja.
Porque nós, centro-africanos, diante da violência, do sofrimento e da morte, encontrando-nos vivendo em um estado de absurdo, sentimos a esperança que veio de Roma por meio do homem de Deus, o Papa, que veio para aplacar, para trazer paz, tranquilidade e perdão, para trazer reconciliação, convidando nós, centro-africanos, a abrir as portas de nossos corações, cheios de ódio, rancor e vingança, para que pudéssemos nos enfrentar. É por isso que ele mesmo disse para depormos nossas armas: “leve a justiça, leve o amor”. Acredito que seu gesto será sempre lembrado aqui na República Centro-Africana. Muçulmanos, protestantes, católicos, todos nós somos unânimes em dizer que sua chegada foi salutar.
E o Papa de fato chegou. Ela se lembrou dessa mensagem, desse chamado para depor as armas. Havia uma enorme tensão até quase dois dias antes de sua chegada a Bangui. Houve mais tensão desde então? Essa mensagem foi ouvida? A mensagem do Papa foi ouvida e atendida? As armas ficaram em silêncio?
Acho que a mensagem foi ouvida. Passamos seis meses desde a partida do Papa como se estivéssemos em um país normal, algo impensável até dois dias antes de sua chegada. Sua chegada aliviou a pressão. Vimos muçulmanos saindo de seus enclaves para se juntarem a seus irmãos e irmãs católicos no estádio, para participar da grande celebração. As pessoas iam e vinham. O Km 5 [marco 5] era considerado um local onde havia muitas armas e, portanto, não se podia entrar. Mas fui até lá com os cristãos para acompanhar o Papa, dizendo aos muçulmanos: “vamos caminhar juntos!”
O Papa veio de Roma para a República Centro-Africana, os cristãos de Bangui deixaram nossos bairros para ir ao encontro de nossos irmãos, caminhando pela paz. Bem, nós marchamos e continuamos a fazê-lo desde aquele dia. Um líder rebelde nos disse que deveríamos conversar sobre espiritualidade com os imãs. Os imãs organizaram uma grande reunião para pedir aos líderes rebeldes que depusessem suas armas e muita coisa mudou desde então. Isso também foi resultado da visita do Papa.
Os imãs realizaram um grande encontro para pedir aos líderes rebeldes que deponham as armas e isso mudou muito. Esse também foi o resultado da visita do Papa, que nos deu um empurrão, nos fez recomeçar e agora estamos vendo os resultados. Hoje as armas não circulam mais como antes.
Em sua opinião, quais foram os outros frutos desse evento?
Foram os encontros entre jovens muçulmanos e jovens cristãos. Encontros bastante regulares entre mulheres muçulmanas e mulheres cristãs, e entre nós, líderes. Há pouco tempo, em março, uma mesquita a 250 quilômetros daqui foi vandalizada. O imã, o pastor protestante e eu falamos ao coração de nossos fiéis para desarmá-los e convidá-los a cooperar, respeitar, valorizar e respeitar o local. Esse, em minha opinião, é o fruto dessa passagem. Agora também pedimos que a justiça seja feita. Isso significa que aqueles que perderam suas casas devem poder recuperá-las, o que significa que aqueles que moram na casa do vizinho há muito tempo devem ter a gentileza de sair. E nós, líderes religiosos, trabalhamos com o coração. Há alguns que saem para deixar a casa para os proprietários sem passar pelos tribunais ou pelo Estado. Portanto, acho que isso também é proveitoso. Agora os corações estão dispostos e podemos conversar, podemos imaginar um futuro comum.
Quando o senhor diz que eles saem de casa, é porque eles realmente a devolvem ao seu legítimo proprietário, certo?
Exatamente isso.
Em um nível mais pessoal, Vossa Eminência, quais são suas lembranças mais fortes e talvez mais vívidas daquele período?
A lembrança mais vívida é a de entrar no quilômetro 5 dois dias antes: era impossível atravessar o posto de controle. Eu estava lá. Vi com meus próprios olhos: o Papa escolheu ir em um veículo não blindado, mas em campo aberto. Todos sabiam que havia muitas armas no local. Francisco teve a coragem de ir até lá e vimos que o imã também concordou em ir no papamóvel. Essa é a imagem mais forte. Quando saí para ir ao estádio, vi muçulmanos saindo em massa, arriscando suas vidas. Foi sua fé que os levou a sair. Um imã nos disse: ‘O Papa não veio para vocês, cristãos, mas para nós, muçulmanos. Estávamos no enclave, estávamos na escravidão. Ele nos libertou!”
Eminência, uma última pergunta: o senhor se tornou inseparável do Imã… entre cristãos e muçulmanos e também com os protestantes. Vocês realizam iniciativas juntos quase diariamente. Esse é outro fruto. É claro que é o resultado de seu trabalho, mas também é o resultado da visita do Papa…
A visita do papa nos confortou, incentivou e apoiou nesse trabalho. E fomos nós três que pedimos a ele que viesse à República Centro-Africana. Acho que todos nós somos gratos a ele. Esse é o fruto de sua passagem.
O Jubileu de 2025. Como estão se preparando para ele?
O Jubileu de 2025 é um momento importante para a Igreja. Bem, já estão sendo criados grupos aqui para refletir, orar, reunir-se e também para ver como, localmente, viveremos esse momento. Este ano celebraremos 130 anos de evangelização na República Centro-Africana e, ao mesmo tempo, estaremos caminhando para 2025, que está logo ali, e estamos trabalhando em ambos. Portanto, acho que há muito entusiasmo. Eu estava com um grupo de jovens que se encontrava na igreja em massa e dissemos uns aos outros: este é um momento importante porque é um momento de graça, mas também é um momento complicado e elevado. Não podemos deixar passar esse momento favorável.

O cardeal Dieudonné Nzapalainga

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