Notícias

Mianmar. Bispo de Loikaw: “urge um alvorecer de nova esperança para a nação”

Apesar da tragédia, três anos após o golpe militar, o bispo de Loikaw tem palavras de esperança: “Cristo ressuscitou para nós também, vejo luz nos rostos das pessoas que sofrem e isso me consola. Não percamos a esperança porque é Deus quem a dá a nós. As pessoas sofrem, resistem e têm esperança. Mas precisamos de um alvorecer de nova esperança. Agradecemos ao Papa Francisco, que continua a lembrar ao mundo nosso sofrimento e a orar por nós”, afirma dom Celso Ba Shwe
Vatican News

Em uma carta difundida no Domingo de Ramos pelo arcebispo de Yangun, um apelo “para acabar com as longas noites de conflito e medo”. Uma oração para que Deus “abranda os corações …

“Estou na paróquia de Soudu, um vilarejo na Diocese de Loikaw. É uma das paróquias onde a vida pastoral ainda é possível. Nossa catedral em Loikaw ainda está ocupada pelo exército birmanês. Mais da metade das igrejas da diocese está fechada e vazia porque os fiéis fugiram. Vivemos em uma condição de deslocamento e tribulação, mas agradeço ao Senhor porque, com essa experiência, Ele me deu a oportunidade de estar mais perto do meu povo, mais perto das pessoas, que têm tanta necessidade de consolo e solidariedade”, disse à agência missionária Fides dom Celso Ba Shwe, bispo de Loikaw, que também vive a condição de refugiado, forçado desde novembro de 2023 a deixar sua catedral e o centro pastoral adjacente, ocupados pelo exército birmanês que fez do complexo uma base militar. O bispo passou primeiro o Natal, depois a Quaresma e a Páscoa longe de sua igreja, dedicando-se a visitar os refugiados e a celebrar com eles as festas religiosas.
Iniciar caminhos de negociação, diálogo e reconciliação
Hoje, três anos após o golpe, ele diz com amargura: “Não podemos continuar com uma guerra interna por tanto tempo. A nação e toda a população sairão prostradas, enfraquecidas, aniquiladas. É necessário agora encontrar uma saída, iniciar caminhos de negociação, diálogo e reconciliação. Estamos muito preocupados com a situação social e política, o tecido social está dilacerado, as pessoas estão confusas e desorientadas. Há pessoas deslocadas por toda parte, a violência campeia solta, a cidade de Loikaw agora está ocupada apenas pelas forças de combate, ou seja, os soldados e as milícias da oposição. Estamos testemunhando uma morte lenta, dia após dia, de nossa bela nação. Estamos realmente cansados com tudo isso. Oramos a Deus para que abra um caminho de paz, pois não podemos continuar assim”.

Na audiência geral desta quarta-feira (10), na Praça São Pedro, um enésimo apelo de Francisco em favor da paz na Ucrânia, Palestina, Israel, Mianmar e em todas as partes do mundo …

Agradecimento ao Papa Francisco
Apesar da tragédia, o bispo também tem palavras de esperança: “Cristo ressuscitou para nós também, vejo luz nos rostos das pessoas que sofrem e isso me consola. Não percamos a esperança porque é Deus quem a dá a nós. As pessoas sofrem, resistem e têm esperança. Mas precisamos de um alvorecer de nova esperança. Agradecemos ao Papa Francisco, que continua a lembrar ao mundo nosso sofrimento e a orar por nós”.
Avançada das forças de oposição
Enquanto isso, na guerra civil, os rebeldes, após o sucesso da “Operação 1027”, estão tentando conquistar estrategicamente as áreas fronteiriças para impedir o abastecimento da junta, que, por sua vez, controla a parte central do país e as cidades maiores. Dias atrás, as forças de oposição conquistaram outra cidade importante, desferindo um golpe significativo contra os militares: trata-se da cidade de Myawaddy, no sudeste, na fronteira com a Tailândia, onde se localizava uma base militar, abandonada pelo exército regular. Uma importante passagem de fronteira, um centro de comércio e suprimentos da Tailândia para Mianmar, Myawaddy caiu após uma ofensiva do exército Karen, uma das milícias étnicas aliadas à oposição birmanesa.
Situação econômica degenerada em Mianmar

Dizimado pelas perdas em campo, o exército birmanês recrutou à força homens da minoria muçulmana e os enviou para a linha de frente na batalha contra o Exército Arakan no Estado de …

O outro capítulo sobre o qual os representantes da Igreja católica expressam considerável preocupação é a situação econômica em Mianmar, que se degenerou, com o aumento dos preços e a escassez de produtos básicos, resultando em miséria e desnutrição generalizadas. Diante desse cenário, o plano de emergência da Onu para Mianmar este 2024 precisa de um financiamento de US$ 1 bilhão (valor que ainda não foi levantado entre os doadores) para alcançar mais de 5 milhões de pessoas necessitadas no território birmanês. De acordo com os números da Onu, há mais de 2,6 milhões de pessoas deslocadas internamente e esse número continua aumentando.
(com Fides)

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Vistos

Sair da versão mobile