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O livro como essência do desenvolvimento e baluarte da paz

Celebra-se neste dia 23 de abril, por iniciativa da UNESCO, o Dia Mundial do Livro como veícolo do saber, de conhecimento e de harmonia entre os seres humanos. Cada ano é escolhido uma cidade capital do livro que promove atividades neste sentido. Este ano é Estrasburgo. Mas um pouco por todo o lado há iniciativas relacionadas com o tema do livro. Trazemos aqu a crónica do editor, Filinto Elísio, sobre a temática e o parecer de algumas pessoas sobre a importância do livro
Dulce Araújo – Vatican News
Nesta quadra do Dia Mundial do Livro, o nosso programa semanal “África em Clave Cultural: personagens e eventos” não podia deixar de se debruçar sobre o tema. Fê-lo no passado dia 17, começando pela crónica do parceiro Filinto Elísio, que não só edita livros através da Rosa de Porcelana Editora, por ele co-fundada como é escritor de ensaios de e de poesia. Eis aqui a sua crónica: 
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.”O Dia Mundial do Livro comemora-se, desde 1996, a cada 23 de abril e é pródiga ocasião para reconhecer a importância e a utilidade dos livros e dos autores, assim como para incentivar hábitos de leitura nas populações.
É ocasião para uma reflexão mais profunda sobre o livro, enquanto fator de transmissão de cultura e informação, e ainda, elemento fundamental no processo educativo e, em consequência, crucial para o desenvolvimento humano.
Na 28ª Conferência Geral da Unesco, em 1995, a escolha desta efeméride justificava-se por ser o livro o elemento mais poderoso de difusão do conhecimento e o meio mais eficaz para sua conservação. Nessa Conferência Geral, chegou-se à conclusão de que toda iniciativa de promoção do livro redundará oportunamente não só no enriquecimento cultural de quantos a ele tenham acesso, mas no máximo desenvolvimento das sensibilidades coletivas em relação aos acervos culturais mundiais e à inspiração de comportamentos de entendimento, tolerância e diálogo.
Segundo a atual diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay: “Ao celebrarmos o livro, celebramos atividades — escrita, leitura, tradução, edição — através das quais o ser humano se eleva e se realiza; e celebramos, fundamentalmente, as liberdades que as tornam possíveis. O livro é o ponto de encontro das mais essenciais liberdades humanas, nomeadamente a liberdade de expressão e de edição.”
E a escolha do dia 23 de abril deve-se exatamente a que facto ou a que factos, perguntarão alguns. É que nesse dia, mas em 1616, faleceu o escritor espanhol Miguel de Cervantes, o criador, entre outros, da novela “D. Quixote de la Mancha”. Também nesse dia, no ano de 1899, nasceu o escritor russo Vladimir Nabokov, autor, entre outros livros, de “Lolita”. O dia é ainda recordado como a data em que nasceu e morreu o escritor inglês William Shakespeare, dramaturgo que, entre as suas peças, figura “Hamlet”. Em verdade, 23 de abril remete a marcos de autores cujas obras são grandes referências para a literatura mundial.
Portanto, o 23 de abril homenageia leitores, tradutores, editores, enfim, todos aqueles envolvidos com o livro, seja na sua produção, seja na sua receção (leitura). É também a oportunidade para celebrar os autores, não apenas como artistas, mas como detentores de direitos legais sobre as suas obras.
Todos os países são interpelados pela UNESCO e pelos seus cidadãos a reverenciarem a literatura mundial, a refletirem sobre a importância da leitura, a formularem políticas públicas de estímulo e acesso a ela, a discutirem as obras dos grandes nomes da literatura, a apresentarem novos autores ao mundo, e a conscientizarem os leitores sobre os direitos de autor.
Neste ano de 2024, o mundo celebra o Centenário do Nascimento de Amílcar Cabral, líder político e patrono das nacionalidades Bissau-guineense e cabo-verdiana, ele próprio poeta, prosador e ensaísta, sendo reconhecido como uma das figuras imortais da Academia Cabo-verdiana de Letras. A própria UNESCO, fixou a data de 12 de setembro, como marco do seu calendário oficial, exortando a celebração da sua memória como proeminente figura da Cultura Universal.
No espírito do Centenário e do posicionamento da UNESCO, o Festival de Literatura-Mundo do Sal (em Cabo Verde), promovido pela Rosa de Porcelana Editora, fará uma homenagem a esse escritor africano e organizará em junho um Colóquio Internacional Amílcar Cabral, apelando à reflexão e ao debate científico sobre o legado de tal personalidade.
Entre as ações editorais em torno do Centenário e posicionando-se sobre a Cinquentenário da Revolução dos Cravos, a recordar o 25 de abril de 1974, estará a edição de cartas e documentos inéditos de Amílcar Cabral, numa parceria entre a Rosa de Porcelana Editora e a Imprensa Nacional/Casa da Moeda, instituição pública portuguesa,
Vale também assinalar que a cidade do Rio de Janeiro foi designada pela UNESCO, como a Capital Mundial do Livro para 2025, o que desafia todos os países de língua oficial portuguesa a uma convergência sobre a afirmação positiva e estratégica do livro e dos autores, momento estratégico para a internacionalização das literaturas dos países considerados lusófonos.
Vale ainda assinalarmos os 500 Anos do Nascimento do poeta português Luís Vaz de Camões, cujo livro “Os Lusíadas”, foi marco histórico essencial para a consolidação da língua portuguesa, hoje uma das seis línguas mais internacionalizadas do mundo, sendo falada e escrita centenas de milhões de pessoas.
É tempo de desafiarmos os nossos países a políticas públicas sérias, sustentáveis e coerentes em relação à leitura pública, às literaturas, às bibliotecas e a todas as cadeias produtoras do livro, apostando na Cultura como o pilar mais importante do Desenvolvimento Humano.
Celebremos o livro como baluarte de fortalecimento da Paz em tempos como estes de guerras e de tensões mundiais.”

A emissão “África em Clave Cultural: personagens e eventos” do dia 18 de abril e que aqui pode ouvir traz não só a crónica de Filinto Elísio em cima reproduzida, mas também o parecer, de Rosa Pinho, Bernardo Suate, Andressa Collet e Filomeno Lopes acerca da importância que atribuem aos livros e do papel que têm desenvolvido nas suas vidas, assim como na promoção da paz nestes tempos de tensões e conflitos.

Menina estudando enquanto vende mercadorias na rua

Em África, para muitas crianças estudar é uma proeza e prova de boa vondate e dedicação. E muitas só podem ter acesso a livros escolares, pois no continente apensas 5 % dos livros editados é para leitura de lazer, enquanto que, na Europa, por exemplo é de 40%. Isto, não favorece muito o hábito de leitura nas crianças africanas.  No entanto, as crianças que adquirem desde cedo o hábito de ler por prazer têm geralmente têm um melhor aproveitamento escolar. É, por isso, importante criar o bom hábito de ler e não perder a ocasião para oferecer um livro a crianças e a adultos. 
Ao celebrarmos este ano o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, vamos dar as mãos para promover a alfabetização e o acesso aos livros, especialmente para os mais desfavorecidos da sociedade, porque – segundo a UNESCO – “um livro representa uma das mais belas invenções para a partilha de ideias e constitui uma ferramenta eficaz para combater a pobreza e construir uma paz duradoura.”
Em 2023 a Capital Mundial do Livro foi Acra, no Gana. No próximo ano será Rio de Janeiro no Brasil. Pedimos aos nossos entrevistados para o programa “África em Clave Cultural: personagens e eventos as suas opiniões sobre isso: 
Andressa Collet

Filomeno Lopes 

Rosa Pinho

Bernardo Suate

Jovem lendo

 
 
 

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