O mito de Narciso é uma história da mitologia grega, que narra a trajetória de um jovem caçador muito belo, filho do deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope. Ele se tornou um símbolo da vaidade, representando o excesso de individualismo e falta de empatia (colocar-se no lugar do outro). A história nos ensina sobre os perigos da vaidade extrema e da falta de consideração pelos outros. É uma narrativa rica em simbolismo e reflexões sobre a natureza humana.
Diác. Adelino Barcellos Filho – Diocese de Campos – RJ
Em nossa realidade, o “narcisismo espiritual” está superando em muito, o egoísmo acirrado dos crentes e não crentes. A inversão de valores está promovendo que, “o mal é bonzinho”, “mentirinha do bem”, “eu sou tão bom, que não preciso ter compromisso com nada, nem ninguém, nunca matei, nunca roubei”, “todo mundo faz, por que eu tenho que ser diferente?” De antemão fico com a poesia do jovem músico Naldo José “Escuta aí: eu não sou diferente dos iguais, eu sou diferente dos diferentes”. “Só preciso estar de joelhos, uma Bíblia, um terço, uma vela” e a participação nos Sacramentos da Santa Igreja; sobretudo, no Santo Sacrifício da Missa.
O Papa Francisco, no dia Mundial da Vida Consagrada (2/fev/2024), confirmou nossa reflexão, elencando questionamentos: “evangelizar o mundo é uma responsabilidade também nossa? Acolher o Senhor, o Menino Deus das novidades e das surpresas, o passado, abrir-se ao futuro? O velho que sobrevive em nós, está apto a abrir-se ao novo que Ele gera? Sabemos que isto não é simples, porque na vida religiosa de cada cristão é difícil, por ser a força do velho. De fato, não é fácil para o velho que há em nós, acolher a criança, o novo, acolher o novo da nossa perícia (avaliação especializada); a novidade de Deus é apresentar-se como uma criança e, nós com todos os nossos hábitos, medos, temos à nossa frente esta criança? Abraçar lamas (pecados), é dar espaço, brecha ao inimigo; tentaremos contagiar Velho e o Novo procurando deixar-nos perturbar o menos possível, pela presença da novidade de Deus?”
Ao ouvir e ver estes questionamentos, recordamos da Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi (EN), do dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, do ano de 1975, décimo terceiro do pontificado do Papa Paulo VI, atualíssima para nossos tempos, em seus parágrafos (21-22), ao afirmar que, “O fenômeno dos não praticantes é muito antigo na história do cristianismo e anda ligado a uma fraqueza natural, a uma incoerência profunda que nós, por nosso mal, trazemos no fundo de nós próprios.” Nos tempos atuais, ele apresenta roupagem nova, características novas e explica-se frequentemente pelos desenraizamentos típicos da nossa época, de incertezas, inseguranças, notícias falsas (fake news).
Ele nasce também do fato de os cristãos hoje viverem lado a lado com os não-crentes e de receberem constantemente o contrachoque da incredulidade. Além disso, “os não praticantes contemporâneos, mais do que os de outras épocas, procuram explicar e justificar a própria posição em nome de uma religião interior, de autonomia ou de autenticidade pessoal” (EN – “narcisismo espiritual”). Ateus e incrédulos por um lado, e não praticantes pelo outro, (também nas nossas comunidades eclesiais) opõem, assim, resistências à evangelização, à Verdade, em nome de um “eu quero, eu posso, eu consigo”, “eu determino a Deus e Ele faz, eu consigo”.
Existe uma forte tendência à resistência que algumas pessoas têm diante de mudanças significativas, sejam elas de ordem social, filosófica ou espiritual. Resistem por meio de uma recusa, uma incapacidade para aceitar o novo em suas vidas ou atualização do novo, aliás Ευαγγέλιο = “evangelho” significa “boa mensagem”, “boa notícia” ou “boas-novas”. A ideia é que essa aceitação só é possível a partir do Absoluto de Deus, ou seja, a partir de uma perspectiva Divina. Padre Rafael Solano, sobre a Exortação Apostólica do Papa Paulo VI, nos diz o seguinte: “a (EN) tem como pressuposto fundante e princípio, do início ao fim: como podemos anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo?” Um grande desafio que os religiosos, em “seu testemunho silencioso, de pobreza e de despojamento (desapego), de pureza e de transparência, de entrega para a obediência, pode tornar-se capaz de tocar o coração mesmo dos não-cristãos de boa vontade, sensíveis a certos valores”.
É grande a importância do testemunho silencioso dos Religiosos e Religiosas, Bispos, Padres, Diáconos, que vivem uma vida de pobreza, despojamento (desapego), pureza, transparência e obediência. Esse testemunho pode se tornar uma interpelação para o mundo e para a própria Igreja de Jesus Cristo, sendo uma pregação eloquente, sem fingimento, capaz de tocar o coração até mesmo daqueles que não são cristãos, mas que possuem boa vontade e são sensíveis a certos valores. Os Consagrados à Oração, ao Silêncio, à Penitência e ao sacrifício desempenham um papel importante na Evangelização. Eles têm o “poder” (Serviço) de influenciar e tocar as pessoas de maneira profunda. Dedicam-se diretamente ao Anúncio de Jesus Cristo, realizando uma Ação Missionária, em saída.
O conceito da expressão “Amizade Social” parte do princípio de atingir uma unidade multiforme que gera Nova Vida (Jesus Cristo). Caminha-se numa visão INTEGRAL como futuro possível de reconhecimento da Dignidade Humana, de respeito à Criação e Temor ao Divino; Grito dos profetas que clamam no deserto. A prática da amizade social envolve a vivência de valores fundamentais como a solidariedade, a compaixão, o respeito mútuo e a busca pelo bem comum. Ela se manifesta por meio de ações concretas que promovem a união, a Fraternidade e a Justiça Social.
Além disso, a amizade social incentiva o diálogo intercultural, a inclusão e a promoção da dignidade humana, tendo sempre como meta a Salvação Eterna. A prática da amizade social precisa estar presente no cotidiano, seja por meio de gestos simples de Gentileza e Empatia (colocar-se no lugar do outro), ou por meio de engajamento em Projetos Sociais e Comunitários. Ela se manifesta na maneira como nos relacionamos com os outros, na disposição para ouvir e compreender o próximo, e na disposição para contribuir para o bem-estar coletivo, sem fingimento ou interesses escusos. Podemos considerar uma “atualização” da EN.
Em seu parágrafo 70 a Evangelii Nuntiandi (EN) aponta que os leigos têm um papel fundamental na vivência e promoção do Evangelho no mundo. Embora a Instituição e o desenvolvimento da Comunidade Eclesial sejam papéis específicos dos Pastores (Bispos, Padres e Diáconos), a tarefa imediata dos leigos é colocar em prática as possibilidades Cristãs e Evangélicas presentes no mundo. O campo de atuação dos Leigos na Evangelização abrange a política, a realidade social, a economia, a cultura, as ciências, as artes, a vida internacional, os meios de comunicação, bem como outras realidades como o Amor, a Família, a Educação, o Trabalho e o Sofrimento, instrumentos para a edificação do Reino de Deus e para a Salvação em Jesus Cristo. Enfim, os leigos têm um papel crucial na transformação do mundo, à luz do Evangelho de Jesus Cristo.
Maria Santíssima, Esposa amorosa do Espírito Santo, entrego meu corpo aos vossos cuidados. Fazei que sempre me lembre que meu corpo é um Templo para o Espírito Santo que habita em mim. Não permitais nunca, que peque contra Ele cometendo atos impuros e contra a virtude da pureza, seja sozinho ou com outras pessoas. A Vossa Obediência seja Modelo em perceber, qual seja a Santíssima Vontade de Deus no dia a dia. Obrigado Mãe querida, Senhora da Luz, das Candeias, dos Navegantes!
Diácono da Igreja Católica Apostólica Romana (Ordenado com vistas à Ordenação Sacerdotal). Pós-graduado em Gerenciamento Socioambiental Costeiro – COPPE/UFRJ. Especialista em Educ. Profissional e EJA (Educação de Jovens e Adultos, Catecumenato) IFF/RJ. Teologia – ISTARJ (Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro). Licenciatura Plena em Filosofia – PUC/MG. Professor na Formação Pedagógica de Educadores; Formação Humana e Profissional de mais de 500 dentistas, na FOC – Faculdade de Odontologia de Campos/RJ; Coordenação e Docência em dois Institutos Federais (IFRJ e IFF). Atualização de estudos teológicos – ETRM/RJ (Escola Teológica Redemptoris Mater). Convalidação Teológica iniciada no Centro Educacional Claretiano (com TCC defendido). Atualmente provisionado por Sua Exa. Reverendíssima Dom Roberto Francisco Ferrería Paz – Bispo da Diocese de Campos/RJ, na Paróquia São Tomé. Experiência na área de Teologia e Filosofia, Ambiente e Educação, podendo atuar nos seguintes temas: teologia, filosofia, espiritualidade, catecumenato, proeja, proeja fic, pronatec, eja, mundo do trabalho, aquicultura e pesca, sustentabilidade, turismo, interdisciplinaridade. Orientações e participações em bancas de TCC (mais de 60): Pós Graduações e Ensino Médio.