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O Papa a católicos e ortodoxos: combater a falta de paz, trabalhar pela comunhão

No dia seguinte ao encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos no Hemisfério Norte, Francisco recebeu no Vaticano os membros da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais. Este encontro é uma ocasião para reafirmar a importância de prosseguir no caminho rumo à plena unidade através de três diálogos: o da caridade, o da verdade e o da vida.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (26/01), na Sala do Consistório, no Vaticano, os membros da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais.

«Que a graça e a paz sejam abundantes para vocês». Com estas palavras da Primeira Carta de São Pedro, o Santo Padre “agradeceu-lhes pela presença e pelo compromisso de caminhar juntos nos caminhos da unidade, que também são caminhos de paz”.
“Apoiados pelos santos e mártires que nos acompanham unidos do céu, rezamos e trabalhamos incansavelmente pela comunhão e para combater a falta de paz em muitas partes da Terra, incluindo várias regiões de onde vocês vêm”, disse Francisco.
A presença dos jovens alimenta a esperança

“Hoje é para mim uma alegria dupla em recebê-los, pois neste 20° aniversário de sua Comissão vocês quiseram ser acompanhados por uma delegação de jovens sacerdotes e monges das Igrejas Ortodoxas Orientais. Assim, a presença dos jovens alimenta a esperança e a oração orienta o caminho!”

A seguir, o Papa recordou as visitas, ao Vaticano, no ano passado, de Sua Santidade Tawadros, Sua Santidade Baselios Marthoma Mathews III e Sua Santidade Aphrem. Visitas que horaram o Pontífice.

A chegada do Papa Francisco na Sala do Consistório

Para Francisco, “essas visitas são preciosas, pois permitem que o ‘diálogo da caridade’ ande de mãos dadas com o ‘diálogo da verdade’ que esta Comissão conduz. Desde os primeiros tempos da Igreja, essas visitas, bem como a troca de cartas, delegações e presentes, têm sido sinais e meios de comunhão; essa Comissão observou isso no documento intitulado «O exercício da comunhão na vida da Igreja primitiva e suas repercussões em nossa busca de comunhão hoje»”.
“Teologia em ação”
Segundo o Papa, “esses gestos, arraigados no reconhecimento do único Batismo, não são meros atos de cortesia ou diplomacia, mas têm um significado eclesial e podem ser considerados verdadeiros lugares teológicos. Como afirmou São João Paulo II na Encíclica Ut unum sint: «O reconhecimento da fraternidade […] vai muito além de um simples ato de cortesia ecumênica e constitui uma afirmação básica de eclesiologia»”.

“Nesse sentido, estou convencido de que o “diálogo da caridade” não deve ser entendido apenas como uma preparação para o “diálogo da verdade”, mas como uma “teologia em ação”, capaz de abrir novas perspectivas para o caminho de nossas Igrejas. Num momento em que, graças a Deus, as relações entre nós estão se intensificando, parece-me que é bom reler nosso tecido de relações, desenvolvendo uma “teologia do diálogo na caridade”.”

A seguir, o Papa recordou que a Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais realizou sua primeira reunião no Cairo em janeiro de 2004. Desde então, tem se reunido quase todos os anos e adotou três importantes documentos de natureza eclesiológica, que refletem a riqueza das tradições cristãs copta, siríaca, armênia, malankara, etíope, eritreia e latina.
Esse “diálogo, que reúne tantas riquezas, foi enriquecido pelo pensamento da unidade na diversidade, como atesta o primeiro documento que vocês redigiram: ele diz que, «arraigada na diversidade dos contextos culturais, sociais e humanos, a Igreja assume diferentes expressões teológicas da mesma fé e diferentes formas de disciplinas eclesiásticas, ritos litúrgicos e patrimônios espirituais em todas as partes do mundo. Essa riqueza mostra de maneira ainda mais esplêndida a catolicidade da única Igreja»”.

Papa Francisco saúda os participantes da audiência

Outra característica do diálogo da Comissão Mista “é a constante preocupação pastoral, ilustrada pelo último documento sobre «Os Sacramentos na Vida da Igreja». “Nesse sentido, a recente iniciativa de organizar visitas anuais e recíprocas de estudo para jovens sacerdotes e monges merece ser continuada”, disse ainda Francisco, recordando que “quatro delegações de jovens sacerdotes e monges ortodoxos orientais já vieram a Roma para conhecer melhor a Igreja Católica, a convite do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e uma delegação de jovens sacerdotes católicos foi a Etchmiadzin, no ano passado, a convite da Igreja Apostólica Armênia”. “Envolver os jovens na aproximação de nossas Igrejas é um sinal do Espírito, que rejuvenesce a Igreja na harmonia, inspirando caminhos de comunhão, doando sabedoria às novas gerações e profecia aos idosos. Que esse “diálogo da vida” continue sob o sinal do Espírito! E não nos esqueçamos de que a harmonia é criada pelo Espírito Santo”, sublinhou.

“Diálogo da caridade, diálogo da verdade, diálogo da vida: três maneiras inseparáveis de proceder no caminho ecumênico que a sua Comissão promove há vinte anos. Vinte anos: esta é a idade da juventude, a idade em que são feitas escolhas decisivas.”

Que este aniversário seja, portanto, uma oportunidade para louvar a Deus pelo caminho percorrido, recordando com gratidão aqueles que contribuíram para ele com a competência teológica e a oração, e que renove também a convicção de que a plena comunhão entre as nossas Igrejas não é apenas possível, mas urgente e necessária “para que o mundo creia”.
Entrega a Maria, Mãe de Deus e nossa
“Como a fase atual de seu diálogo diz respeito à Virgem Maria no ensinamento e na vida da Igreja, proponho que confie seu trabalho a ela, a Santa Mãe de Deus e nossa Mãe”, concluiu o Papa.

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