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O Papa: padre Hamel, luz contra a violência blasfema em nome de Deus

Na mensagem lida pelo núncio na França arcebispo Celestino Migliore, na entrega do prêmio dedicado ao sacerdote assassinado em 2016, Francisco sublinha o papel da informação na construção de “um mundo mais fraterno, no respeito das crenças de todos”.
Benedetta Capelli – Lourdes
“Um sacerdote idoso, bom, doce, fraterno e pacífico diante da violência selvagem e cega desencadeada em nome de Deus”. Este é o retrato do padre Jacques Hamel traçado pelo Papa Francisco na mensagem enviada à 27ª edição dos Encontros Internacionais de São Francisco de Sales, que teve início na terça-feira, 24, em Lourdes. A mensagem foi lida pelo núncio na França, dom Celestino Migliore, no momento da entrega do prêmio dedicado ao sacerdote assassinado em Rouen, a duas jornalistas: a canadense Sarah-Christine Bourihane e sua colega italiana Romina Gobbo.
Francisco recorda a importância de difundir “este testemunho insubstituível” para que seja “um antídoto aos excessos de violência, de intolerância, de ódio e de rejeição dos outros, dos quais, infelizmente, as nossas sociedades são cada vez mais palco”.
O Papa sublinha então a importância deste prêmio, quase sete anos depois do violento assassinato do religioso na sua igreja em Saint-Étienne-du-Rouvray, em 26 de julho de 2016, por dois fundamentalistas islâmicos. Um Prêmio que pretende promover a paz e o diálogo inter-religioso, “é um feliz meio para encorajar, apoiar e premiar aqueles que trabalham para a construção de um mundo mais fraterno, respeitando as crenças de todos”. Por esta razão, a profissão jornalística é chamada a participar “na formação e na educação das consciências, em particular das gerações mais jovens”.
A violência em nome de Deus é blasfêmia
 
Neste tempo, o desafio torna-se difícil porque muitas vezes se veiculam informações errôneas, “deliberadamente falsas” – escreve o Papa – destinadas a colocar uns contra os outros, acolhidas com credulidade por pessoas que perderam o sentido do discernimento crítico ou que se aproveitam do seu estado de fraqueza e miséria”. Este é um terreno fértil para fenômenos de radicalização, “em particular – acrescenta – em alguns grupos religiosos que acabam por pregar a violência em nome de Deus, o que é uma blasfêmia. Eis porque  a verdade é uma exigência essencial do trabalho jornalístico ao serviço do diálogo inter-religioso”.
Verdade e autenticidade
 
O caminho a seguir, que nasce do respeito por quem lê, é o de “anunciar a verdade sobre quem somos, sobre o que acreditamos, e procurar honestamente o que os outros são e em que acreditam, é a base indispensável para viver uma fraternidade no respeito das diferenças”. Disto o pedido de Francisco para ser sempre “verdadeiros, autênticos nas relações humanas como na busca intelectual!”; aprofundar a fé, ajudar os leitores neste caminho e recorrer ao Evangelho se for necessário “purificá-la”. No entanto, é fundamental dar a conhecer o pensamento dos outros, sem cair em estereótipos “e também ter a coragem – muitas vezes necessária – de denunciar os seus erros e desvios inaceitáveis, especialmente quando violam a dignidade do homem e da fraternidade”.
Ver com o coração
 
Cabeça e coração são as forças a serem mobilizadas, oferecendo “uma leitura cristã dos acontecimentos que não se abandona à cultura da agressão”, do denegrir o outro que, no entanto, deveria ser olhado com um olhar benevolente, construindo relações sinceras.
A este propósito o Papa cita Fratelli tutti, recordando que a própria benevolência transfigura “a forma de debater e comparar as ideias, quando se torna cultura em uma sociedade”.

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