Eu vos incentivo a continuar nesse caminho, buscando ações de prevenção e cuidado e tecendo muitos relacionamentos valiosos, que são indispensáveis para combater e derrotar o tráfico de pessoas: é a exortação de Francisco aos participantes da Assembleia Geral de Talitha Kum, que estiveram reunidos em Sacrofano, perto de Roma, de 18 a 22 de maio
Raimundo de Lima – Vatican News
Em meu coração, há muita gratidão pelo que fazeis, tanto pessoalmente quanto em conjunto, para derrotar o tráfico de pessoas, um dos mais terríveis flagelos de nosso tempo. É uma efusiva manifestação de reconhecimento pelo que fazem e de agradecimento de Francisco dirigida aos participantes da Assembleia Geral de Talitha Kum, que reuniu cerca de 300 delegados, representando religiosas e religiosos de todos os continentes e delegados da organização comprometida com o combate ao tráfico de pessoas e a exploração humana.
Na mensagem do Santo Padre enviada aos participantes reunidos desde o último sábado, dia 18, em Sacrofano, perto de Roma, cuja segunda Assembleia Geral concluiu-se esta quarta-feira (22/05), Francisco afirma que o tráfico de pessoas é um mal “sistêmico” e, portanto, podemos e devemos eliminá-lo por meio de uma abordagem sistemática em vários níveis.
O tráfico de pessoas é reforçado por guerras e conflitos
O Papa observa que o tráfico de pessoas é reforçado por guerras e conflitos, beneficia-se dos efeitos das mudanças climáticas, das desigualdades socioeconômicas, aproveita-se da vulnerabilidade das pessoas forçadas a migrar e da situação desigual em que se encontram as mulheres e as meninas em particular.
O tráfico de pessoas é uma atividade que não respeita ninguém, “garantindo grandes lucros a pessoas sem escrúpulos morais”, ressalta o Pontífice, acrescentando que este tráfico “está em constante evolução e sempre encontra novas formas de se desenvolver, como aconteceu durante a pandemia. No entanto, não devemos nos desanimar. Com o poder do Espírito de Jesus Cristo e a dedicação de muitos, podemos conseguir eliminá-lo”.
Apoiar as vítimas, ouvi-las, ajudá-las a se reerguer
Francisco evidencia que é preciso que prossigamos no caminho como eles, de Talitha Kum, sempre fizeram: apoiar as vítimas, ouvi-las, ajudá-las a se reerguer e, juntos, agir contra o tráfico.
Contudo, “para sermos realmente eficazes contra esse odioso fenômeno criminoso, precisamos ser uma comunidade”, ressalta o Pontífice, observando que isso está bem expresso no tema da assembleia: “Caminhar juntos para acabar com o tráfico de pessoas: compaixão em ação para a transformação”.
Um chamado à responsabilidade dos governos e instituições
Francisco reconhece que não é fácil, “mas nesses 15 anos nos mostrastes, em todas as latitudes, que isso pode ser feito. A Talitha Kum se tornou uma rede capilar e global e, ao mesmo tempo, também está bem radicada nas Igrejas locais. Ela se tornou um ponto de referência para as vítimas, suas famílias, pessoas em situação de risco e comunidades vulneráveis. Além disso, vossos apelos são um forte chamado à responsabilidade dos governos e instituições nacionais e locais”.
Ao concluir, Francisco os exorta a prosseguirem nesse caminho, buscando ações de prevenção e cuidado e tecendo muitos relacionamentos valiosos, que são indispensáveis para combater e derrotar o tráfico de pessoas, e agradece ao Senhor por todo o trabalho que lhes permitiu fazer ao longo destes anos.