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Papa recorda 50 anos do assassinato de Pe. Mugica, mártir argentino dos pobres

O jesuíta argentino assassinado em 1974 deve continuar inspirando a comunidade argentina a lutar contra a injustiça e a cultura da indiferença. Em carta lida neste domingo (12/05) pelo arcebispo de Buenos Aires, o Papa ainda exortou a cuidar daqueles “que carregam cruzes pesadas”, “colocando o coração e o corpo ao lado daqueles que sofrem todos os tipos de pobreza”. Assim como fez Pe. Mugica, que “deu a vida pelos mais pobres e pelo Evangelho”, destacou em missa, dom Jorge García Cuerva.
Andressa Collet – Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta à comunidade católica da Argentina, recordando o aniversário de 50 anos de martírio do Padre Carlos Mugica (1930-1974), jesuíta de clara opção pelos mais pobres, fundador do Movimento de Sacerdotes do Terceiro Mundo e do Movimento de Curas Villeros. A missiva, escrita em espanhol e datada de 11 de maio, foi compartilhada neste domingo (12/05) pelo serviço de comunicação eclesial da Arquidiocese de Buenos, EnCamino.org.ar, e lida durante uma missa presidida pelo arcebispo de Buenos Aires, dom Jorge García Cuerva, no estádio Luna Park.
“Carlos Mugica deu a vida pelos mais pobres e pelo Evangelho”, afirmou García Cuerva que recordou a “Meditação na Vila” escrita pelo sacerdtoe em 1972, que destaca as carências, injustiças, abusos de poder e a dor de uma Argentina convulsionada naquela época. Hoje, como enfatizou o arcebispo, a situação não parece ter mudado, mas a Argentina é diferente: “50 anos depois, queremos estar perto dos mais pobres como o Padre Carlos estava, porque somente a proximidade que nos torna amigos nos permite apreciar profundamente os valores dos pobres de hoje, seus anseios legítimos e sua maneira de viver sua fé”. A celebração encerrou a Semana Mugica de resgate da figura sacerdotal do jesuíta, entre oficinas de análise sobre a sua obra, missas e vigílias de oração, além de marchas comemorativas e um museu itinirante.

A missa em homenagem a Pe. Mugica no Luna Park (Foto: Arquidiocese de Buenos Aires)

A carta do Papa Francisco
Na carta lida pelo arcebispo à comunidade católica de Buenos Aires, o Papa saudou todos que se reuniram para recordar “a morte violenta” do jesuíta. Um momento de celebração da Igreja, “que é muito mais que uma comemoração histórica”, mas uma oportunidade “para renovar a presença fraterna e comprometida entre aqueles que carregam cruzes pesadas. Eu lhes agradeço e os encorajo a continuar colocando o coração e o corpo ao lado daqueles que sofrem todo tipo de pobreza”.
Ainda hoje, continuou Francisco, “o Padre Carlos nos encoraja que em cada bairro se fortaleça uma comunidade que se organiza para acompanhar a vida do nosso povo e nos desafia a lutar contra todo tipo de injustiça, a ter um diálogo inteligente com o Estado e com a sociedade”. O jesuíta, escreveu ainda o Pontífice, “nos ensina a não nos deixarmos arrastar pela colonização ideológica, nem pela cultura da indiferença”.
O Papa terminou a carta estendendo sua exortação a todos os argentinos para que busquem “lugares de integração, descartando a desqualificação do outro. Que a brecha seja superada, não com silêncios e cumplicidades, mas olhando nos olhos uns dos outros, reconhecendo erros e erradicando a exclusão”.

O Papa Francisco durante a Audiência Geral da última quarta-feira (08/05)

O martírio de Pe. Mugica
O Padre Carlos Mugica, após ameaças de morte, foi assassinado a tiros em 11 de maio de 1974 por um agente anticomunista, quando apenas havia terminado a missa na igreja paroquial de São Francisco Solano, no bairro popular de Villa Luro, em Buenos Aires. Os restos mortais do mártir dos pobres descansam na Paróquia Cristo Obrero desde 1999.

Padre Carlos Mugica (1930-1974)

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