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Pizzaballa: “uma paz verdadeira e duradoura levará muito tempo”

Na Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma lectio magistralis do patriarca de Jerusalém: “devemos trabalhar por um cessar-fogo como um primeiro passo em direção a outras perspectivas políticas que, no entanto, devem ser construídas”. O cardeal falou da fraqueza da comunidade internacional e exortou as religiões a não “jogar gasolina no fogo”.

Antonella Palermo – Vatican News
No dia seguinte à tomada de posse da paróquia de Sant’Onofrio, em Roma, o patriarca de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, proferiu uma lectio magistralis organizada pela Pontifícia Universidade Lateranense sobre o tema “Caracteres e critérios para uma pastoral da paz”, um encontro que também foi particularmente emotivo por causa da afiliação do Instituto de Estudos Teológicos do Patriarcado Latino de Jerusalém com a Faculdade de Teologia da PUL, um vínculo entre Roma e Jerusalém de “importância fundamental para a Igreja de hoje”, observou o patriarca.

À margem de seu discurso articulado, fazendo uma pausa para alguns momentos com os jornalistas, ele ressaltou que “uma paz verdadeira e duradoura levará muito tempo. Agora temos que trabalhar por um cessar-fogo como um primeiro passo para outras perspectivas políticas, mas todas elas devem ser construídas, estão um pouco no ar”. Ele também reiterou que “é muito difícil identificar caminhos e perspectivas enquanto o conflito estiver em andamento”. Apoiou a necessidade da libertação dos reféns israelenses e de pelo menos alguns prisioneiros palestinos e “então veremos”. Os cristãos, acrescentou, podem criar espaços onde organizações, instituições, políticos e religiosos possam se reunir. E a Igreja está comprometida com a criação de locais e contextos facilitadores. Esse aspecto foi o centro do discurso diante de uma assembleia de estudantes, clérigos, operadores, homens e mulheres comprometidos com a paz. O padre Francesco Patton, Custódio da Terra Santa, também estava entre os presentes.
A Terra Santa sangra, a paz se pede com humildade
“O que está ocorrendo na Terra Santa é uma tragédia sem precedentes”, iniciou Pizzaballa. “Além da gravidade do contexto militar e político, que está se deteriorando cada vez mais, o contexto religioso e social também está se deteriorando”, observa. “O sulco da divisão entre as comunidades, os poucos mas importantes contextos de convivência inter-religiosa e civil estão se desintegrando pouco a pouco, com uma atitude de desconfiança que cresce a cada dia. Um panorama desolador”. O cardeal explica que não faltam elementos de esperança, mas que é preciso “reconhecer realisticamente que essas são realidades de nicho e que o quadro geral continua muito preocupante”.
O termo paz “parece ser hoje uma palavra distante e utópica, vazia de conteúdo, se não objeto de uma instrumentalização sem fim”, enfatiza Pizzaballa. Tanto em hebraico quanto em árabe, o termo expressa “plenitude de vida”, uma abordagem integral. “Não é, portanto, apenas uma construção humana ou um objetivo da convivência humana, mas uma realidade que vem de Deus e do relacionamento com ele”. Aquele que evangeliza, lembra o cardeal, anuncia a paz até mesmo aos inimigos, assim como Pedro fez com Cornélio, que era centurião das forças militares que ocupavam sua terra. Pizzaballa se detém em um traço que deve caracterizar aqueles que pedem a paz: “ter consciência da própria fraqueza”: se não se vai mancando em direção ao outro, insiste, corre-se o risco de abrir constantes cenários de guerra, porque “o outro não é mais um outro eu, mas um inimigo, a ser temido ou eliminado”.

Cardeal Pierbattista Pizzaballa

Pela paz estar dispostos a morrer, como Jesus
Pizzaballa esclarece o que não é paz: “não é apenas convenção social, armistício, mera trégua ou ausência de guerra, resultado de esforços diplomáticos e equilíbrios geopolíticos globais ou locais, que na Terra Santa infelizmente estão se rompendo!”. Ele descreve os contornos da paz, que são muito mais amplos, e cita Santo Agostinho, porque “ela se baseia na verdade da pessoa humana. É necessário voltar a colocar o homem no centro, voltar ao rosto do outro, à centralidade da pessoa humana e à sua dignidade sem igual”. “Quando o rosto do outro desaparece”, ressalta, “desaparece também o rosto de Deus e, portanto, a verdadeira paz”. E conclui: “para a paz é preciso arriscar, sempre. É preciso estar disposto a perder a honra, a morrer como Jesus”.
Admitindo que a paz na Terra Santa será sempre um “trabalho em andamento”, o Patriarca lembra que para a “Igreja da Terra Santa, inserida no contexto de uma sociedade multirreligiosa e multicultural, rica em muitas diversidades, mas também em divisões, a ‘paz de Jerusalém’, da qual fala o Salmo 121, não é a supressão das diferenças, a anulação das distâncias, mas também não é uma trégua ou um pacto de não-beligerância garantido por pactos e muros”. Pizzaballa está convencido de que a comunidade é chamada a ser “uma estrada aberta na qual o medo e a suspeita dão lugar ao conhecimento, ao encontro e à confiança, onde as diferenças são oportunidades de companheirismo e colaboração e não um pretexto para a guerra”.
Testemunhas honestas e confiáveis, não uma questão trivial
“Cada vez mais teremos que nos afastar da preocupação em ocupar estruturas físicas e institucionais, para nos concentrarmos mais na bela e boa dinâmica da vida que, como crentes, podemos iniciar”, argumenta ainda o Cardeal Pizzaballa. “Em um contexto social e político em que a opressão, o fechamento e a violência parecem ser a única palavra possível, continuaremos a afirmar o caminho do encontro e do respeito mútuo como a única saída capaz de levar à paz”. Ele acrescentou: “A paz precisa do testemunho de gestos claros e fortes de todos os crentes, mas também precisa ser anunciada e defendida por palavras igualmente claras”.
Evitar entrar em uma lógica de competição e divisão: essa é a principal recomendação do Patriarca. “Nosso estar na Terra Santa como crentes não pode se encerrar em um intimismo devocional, nem pode se limitar apenas ao serviço de caridade para os mais pobres, mas também é “paresia”. E ele insiste que a opção preferencial pelos pobres e fracos, no entanto, não deve se transformar em um partido político.
A liderança religiosa se torna uma voz livre e profética
Em seu discurso, Pizzaballa cham em causa a responsabilidade da liderança religiosa, especialmente no Oriente Médio, que, segundo ele, é essencial. Aponta algumas prioridades: a liderança religiosa deve, argumenta o cardeal, antes de tudo, cooperar com a melhor parte da sociedade na criação de uma nova cultura de legalidade e se tornar uma voz livre e profética de justiça, direitos humanos e paz. Considerando que nunca se pode ser complacente, especialmente no contexto da Terra Santa, Pizzaballa retorna à importante função pública da religião. “Não raro, a política nacional e a religião se encontram hoje no banco dos réus, acusadas do mal de hoje, ou de incapacidade, de atraso, e assim por diante”, enfatiza, ressaltando que a fé religiosa desempenha um papel fundamental para repensar as categorias de história, memória, culpa, justiça, perdão. “Os conflitos interculturais não serão superados a menos que as leituras diferentes e antitéticas de suas próprias histórias religiosas, culturais e de identidade sejam relidas e redimidas. As feridas causadas no passado distante e recente, bem como as de hoje, se não forem curadas, assumidas, processadas, compartilhadas, continuarão a produzir dor mesmo depois de anos ou até séculos”.
As religiões não devem ser gasolina jogada no fogo
O cardeal pede a cooperação de outras Igrejas e comunidades religiosas, alertando que, se as religiões se tornarem funcionais para a luta política, como frequentemente acontece na Terra Santa, “elas se tornam como gasolina jogada no fogo”. Ele enfatiza o valor do diálogo inter-religioso que, se for autêntico, cria uma mentalidade de paz. Em seguida, lamenta que “nunca mais será a mesma coisa, pelo menos entre cristãos, muçulmanos e judeus”. E dá alguns exemplos: “o mundo judeu não se sentiu apoiado pelos cristãos e expressou isso claramente. Os cristãos, por sua vez, divididos como sempre em tudo, incapazes de uma palavra comum, estavam divididos no apoio a um lado ou a outro, ou incertos e desorientados. Os muçulmanos se sentem atacados e considerados coniventes com os massacres cometidos em 7 de outubro… Em resumo, depois de anos de diálogo inter-religioso, descobrimos que não estamos nos entendendo. Para mim, pessoalmente, é uma grande tristeza, mas também uma grande lição”.

Participantes da lectio magistralis do patriarca de Jerusalém

Purificar a memória, a paz está ligada ao perdão
A paz e o perdão estão intimamente ligados. Não se pode ter tudo imediatamente: “a reflexão sobre o perdão leva muito tempo”. E ele enfatiza que “as feridas coletivas, a dor de todos, devem ser levadas em conta”. Purificar a memória é fundamental: “Enquanto não houver uma releitura das relações históricas de cada um, as feridas do passado continuarão a ser uma bagagem a ser carregada nos ombros e um critério de leitura das relações mútuas”. Nessa perspectiva, é necessária uma verdadeira formação cultural em todas as esferas. Dessa forma, a dinâmica da vida pode ser reativada. A esse respeito, Pizzaballa observa que “todos os acordos de paz na Terra Santa até agora fracassaram de fato, porque muitas vezes eram acordos teóricos, que presumiam resolver anos de tragédia sem levar em conta a enorme carga de feridas, dor, ressentimento, raiva que ainda ardiam e que nos últimos meses explodiram de forma extremamente violenta. Além disso, não foi levado em conta o contexto cultural e, principalmente, religioso, que, em vez disso, falava uma linguagem exatamente oposta (a começar pelos líderes religiosos locais) àquela daqueles que falavam de paz”.
O perdão nunca está separado da verdade e da justiça
Pizzaballa é lacônico em um ponto crucial: “o perdão não pode ser separado de duas outras palavras: verdade e justiça”. Ele acrescenta que nenhuma ideologia pode mantê-las unidas, mas somente o amor. E lembra que há décadas, na Terra Santa, existe a ocupação israelense dos territórios da Cisjordânia, “com todas as suas dramáticas consequências na vida dos palestinos e também dos israelenses”. Ele fala da injustiça como a primeira e mais visível consequência dessa situação política. Fala do não reconhecimento dos direitos básicos, do sofrimento em que vive a população palestina na Cisjordânia. “É uma situação objetiva de injustiça”.
“Manter a comunhão entre católicos palestinos e israelenses, nesse contexto dividido e polarizado, é mais difícil do que nunca”, observa o cardeal, que constantemente se refere à sua experiência pessoal no local, olhando os rostos e os escombros. Há uma maneira cristã de estar dentro de um conflito, diz ele, lembrando uma carta enviada à diocese há alguns meses, na qual há um convite para ter coragem de fazer justiça. Ele invoca uma linguagem criativa que dá vida, cria perspectivas, abre horizontes. Em suma, Pizzaballa pede “uma pastoral eclesial que saiba colocar esses três elementos em contínuo, difícil, doloroso, complexo e fadigoso diálogo entre eles”.
A crise dos organismos multilaterais
Concluindo, o Patriarca de Jerusalém expressa com tristeza que na Terra Santa há uma “crescente crise dos organismos multilaterais, como a ONU, que está cada vez mais impotente e, para muitos, refém das grandes potências (basta pensar nos vários poderes de veto). A comunidade internacional está cada vez mais fraca, assim como os vários outros organismos internacionais”. Seu longo discurso na Lateranense termina com uma denúncia da falta de “referências políticas e sociais capazes de fazer gestos no território que gerem confiança, capazes de escolhas corajosas pela paz, de negociar reconciliações, de aceitar os compromissos necessários”. Por fim, adverte contra a tentação fácil de os agentes pastorais tomarem o lugar desses organismos, embora as pressões sejam cada vez mais insistentes. O trabalho pastoral pela paz, conclui ele, tem apenas o Evangelho como referência.
Cristãos em Gaza: situação complexa, mas eles estão se mantendo vivos
No espaço dedicado ao debate na Sala Paulo VI do Pontifício Ateneu, o cardeal pôde então descrever brevemente a condição dos refugiados em Gaza e atualizar o número daqueles que estão atualmente nas paróquias cristãs: 462 pessoas na paróquia latina e 208 na ortodoxa. “Em comparação com os primeiros meses da guerra, a situação está mais calma”, conta o Patriarca, “os alimentos estão começando a chegar, em sua maioria comprados no mercado negro, mas pelo menos estão lá. Todos eles tomaram casas, as doenças estão se espalhando, há falta de medicamentos. A situação é muito complexa, mas eles estão se mantendo vivos, estão bem. O Papa está muito presente, tanto com ligações telefônicas quanto com apoio em ajuda”.
“Eles querem que todos nós nos alistemos”, confidenciou novamente Sua Beatitude, destacando a condição nada fácil mesmo como representantes da Igreja. “Neste momento, não é muito fácil sermos pessoas que querem ser construtivas. Digo isso com dor porque as pessoas que dizem isso partem de uma dor real que elas têm e que deve ser respeitada”. Ele insiste novamente na necessidade de superar a tentação de querer ver o resultado de sua ação, por mais nobre que seja. “Não é o resultado, não é o sucesso que deve guiar o compromisso de uma pessoa, mas o desejo que surge de uma convicção pessoal, de uma experiência de fé que, por sua vez, se origina de ir ao encontro do outro, do amor”. Instigado por uma pergunta sobre o comércio internacional de armas, ele conclui que a denúncia é necessária, “mas deve ser feita de forma inteligente, evitando slogans fáceis, criando, em vez disso, redes, relações de opiniões” para que a intenção do desarmamento seja “verdadeiramente significativa”.

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O Papa: muitos conflitos abertos, não ceder à lógica das armas

Francisco divulgou uma carta por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma a Maria Salus Populi Romani durante a fúria da II Guerra Mundial. O Pontífice pede que o aniversário seja uma oportunidade para “meditar em torno do terrível flagelo da guerra”. Olhando para a Ucrânia, Oriente Médio, Sudão e Mianmar, exorta a ouvir os “gritos de terror e de sofrimento” que questionam a consciência de todos e a “trabalhar pela paz na Europa e no mundo”.
Mariangela Jaguraba- Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta ao vice-gerente da Diocese de Roma, dom Baldassarre Reina, por ocasião dos 80 anos do voto de Pio XII e da cidade de Roma ao ícone de Nossa Senhora conhecido como “Salus Populi Romani” durante a II Guerra Mundial.
O Pontífice une-se espiritualmente a toda a comunidade diocesana que celebra pela primeira vez a memória litúrgica da Salus Populi Romani, e recorda o voto que o povo de Roma e seu Pastor, Papa Pio XII, fez a Nossa Senhora em 4 de junho de 1944 para implorar a salvação da cidade, quando o confronto direto entre o exército alemão e os aliados anglo-americanos estava prestes a acontecer”, escreve o Papa no texto.
“A devoção ao antigo ícone conservado na Basílica de Santa Maria Maior está viva há séculos no coração dos romanos, que recorriam a ele para fazer súplicas e invocações, especialmente durante pragas, desastres naturais e guerras”, escreve ainda Francisco. “Os eventos marcantes da vida religiosa e civil de Roma eram registrados em frente a essa imagem. Portanto, não é de surpreender que o povo romano desejou confiar-se mais uma vez a Maria Salus Populi Romani enquanto a Urbe vivia o pesadelo da devastação nazista”, ressalta ainda o Papa.

Pio XII com os cidadãos romanos após o bombardeio do bairro de São Lourenço

Não ceder à lógica das armas
De acordo com Francisco, “oitenta anos depois, a lembrança desse acontecimento tão cheio de significado quer ser uma ocasião para rezar por aqueles que perderam a vida na II Guerra Mundial e para fazer uma meditação renovada sobre o tremendo flagelo da guerra”.
Muitos conflitos em diferentes partes do mundo ainda estão abertos hoje. Penso em particular na martirizada Ucrânia, na Palestina e Israel, no Sudão e Mianmar, onde as armas ainda fazem barulho e mais sangue humano continua sendo derramado.

“Esses são dramas que afetam inúmeras vítimas inocentes, cujos gritos de terror e sofrimento questionam a consciência de todos: não podemos e não devemos ceder à lógica das armas!”

O apelo de Paulo VI à ONU
O Pontífice recorda que “vinte anos após o fim da II Guerra Mundial, em 1965, o Papa São Paulo VI, falando na ONU, perguntou: ‘Será que o mundo chegará a mudar a mentalidade particularista e bélica que até agora teceu grande parte de sua história?'” Segundo Francisco, “essa pergunta, que ainda aguarda uma resposta, estimula todos a trabalhar concretamente pela paz na Europa e em todo o mundo”.

“A paz é um dom de Deus que também deve encontrar hoje corações dispostos a acolhê-lo e trabalhar para serem construtores da reconciliação e testemunhas da esperança.”

Ser construtor de paz
Francisco espera “que as iniciativas promovidas para comemorar o voto popular à Mãe de Deus, nos quatro lugares que foram protagonistas daquele acontecimento, possam reavivar nos romanos a intenção de serem construtores de uma verdadeira paz em todos os lugares, relançando a fraternidade como condição essencial para recompor conflitos e hostilidade”. “Pode ser construtor de paz”, ressalta o Papa, “quem a possui dentro de si e, com coragem e mansidão, se compromete em criar vínculos, em estabelecer relações entre as pessoas, em apaziguar as tensões na família, no trabalho, na escola, entre os amigos”.
O Pontífice conclui a carta, pedindo a Nossa Senhora Medianeira para que “obtenha para toda a humanidade o dom da concórdia e da paz” e confia “todos os habitantes de Roma, especialmente os idosos, os doentes, as pessoas sozinhas e em dificuldade, à intercessão materna da Salus Populi Romani”.

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Indonésia. Ilha de Flores ainda é uma “terra prometida” de vocações

“Em junho e julho estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”, conta Pe. Galvani
Vatican News

 

Em 1924 os vigários e prefeitos apostólicos encontraram-se pela primeira vez, para definir uma orientação comum sobre diversas questões da vida da Igreja e sobre a relação com as …

“Nesta época de final de ano letivo, estamos obtendo bons resultados vocacionais. Nós, Camilianos, tentamos nos manter em forma tanto quanto possível com muitas pequenas coisas boas para fazer, não apenas no campo vocacional, mas também com nossas iniciativas sociais e de caridade.”
É o que conta à agência missionária Fides o padre Luigi Galvani, pioneiro na Diocese de Maumere, na Indonésia, onde os Missionários Camilianos estão presentes em três dioceses com 4 seminários, dois centros sociais onde coordenam um programa de nutrição para 160 crianças pobres, apoio à distância para cerca de 20 estudantes merecedores, um projeto de “casas especiais” para libertar os doentes mentais de situações de opressão e, por fim, um modesto projeto de produção de água mineral e do sorvete “São Camilo”.
Ordenações diaconais entre os vários institutos missionários
“Em junho e julho – explica ele – estão programadas várias ordenações diaconais entre os vários institutos missionários. No domingo, 2 de junho, 48 foram ordenados diáconos Verbitas, que serão seguidos por outros 8 diáconos Carmelitas no dia 7 de junho, e 27 interdiocesanos (Dioceses de Maumere, Ende, Ruteng, Larantuka e Denpasar) no domingo, 9 de junho. A esses se seguirão as ordenações de cinco diáconos Camilianos no próximo dia 14 de julho, na festa de nosso fundador, São Camilo de Lellis”.
A mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio

Em algumas áreas do país, que o Papa visitará em setembro, membros do clero local e de ordens religiosas masculinas e femininas moram por alguns dias em famílias católicas, …

“Nos próximos meses, haverá também as profissões religiosas de numerosos noviços e noviças dos vários institutos masculinos e femininos presentes na Diocese de Maumere, que, no momento, atingiram o número de 62 comunidades religiosas”.
“Todos esses resultados vocacionais encorajadores – conclui o missionário – certamente recompensam o empenho dos vários promotores, mas também são um testemunho da fé e do espírito missionário de centenas e centenas de famílias na ilha de Flores, que continua sendo a mais católica das 17.000 ilhas do arquipélago indonésio. Talvez seja também por isso que Flores é chamada de “terra prometida” de vocações.
(com Fides)

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África Central, quando uma Porta Santa se abriu para o mundo

O Jubileu Extraordinário da Misericórdia, em 2015, foi aberto em um lugar sem precedentes, longe do coração cristão do mundo, a Basílica de São Pedro, mas dentro do coração do Papa Francisco, em Bangui. O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo da capital da África Central, revive aquele dia memorável e o significado benéfico que a visita do Pontífice produziu ao longo do tempo.
Maria Milvia Morciano e Jean Charles Putzolu – Vatican News
É tarde e a noite se prepara lentamente para chegar, tingindo o céu de rosa e dourado. A porta da Catedral de Notre-Dame em Bangui se abre, empurrada por duas mãos firmes. A figura de Francisco está de pé, vigorosa. Muitos anos se passaram desde aquele 29 de novembro de 2015, o primeiro dia do Advento e a data de início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que foi inaugurado, antecipadamente, em um lugar igualmente extraordinário, na capital da África Central. Pela primeira vez na história, a abertura da Porta Santa não se realiza na Basílica de São Pedro, no túmulo do Apóstolo, no centro do mundo cristão, mas em um lugar remoto, para muitos desconhecido.
Capital espiritual
A África Central é um dos países mais sangrentos e divididos do mundo. O Papa o escolheu justamente por esse motivo, para levar misericórdia e uma mensagem de paz a uma “terra que está sofrendo há vários anos com a guerra e o ódio, a incompreensão e a falta de paz. Mas nessa terra sofrida há também todos os países que estão passando através da cruz da guerra. Bangui se torna a capital espiritual da oração pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Por Bangui, por toda a República Centro-Africana, por todo o mundo, pelos países que estão sofrendo com a guerra, pedimos paz!”, disse o Papa na praça da igreja, depois de sair de um papamóvel, desprovido de qualquer proteção contra possíveis perigos, onde o imã também concordou em se sentar.
Um gesto universal compreendido por todos
Uma tradição antiga é transferida para um país jovem. O significado de abrir a Porta Santa e cruzar o limiar está enraizado em um simbolismo ancestral que, em Bangui, se ramifica e dá novos frutos. Ele está revestido de futuro. O gesto do Papa Francisco foi revolucionário porque, em um lugar fechado, cheio de barreiras, ele abre uma porta para a esperança, convida as pessoas a entrarem para encontrar misericórdia e paz, para encontrar Cristo e serem transformadas. Ele traduz de forma cristã uma metáfora compreensível para todos, em qualquer lugar do mundo, de qualquer tradição, religião, experiência e história. Todos entendem que se trata de um rito de passagem fundamental e sagrado.
A linha de fronteira, o limes latim, ponto final, fechamento, é transformada em limen, limiar, abertura. Talvez não seja coincidência o fato de duas palavras opostas conterem a mesma raiz, mas é interessante lembrar o fato de que, na linguagem eclesiástica, a “visitatio ad limina apostolorum” é a visita dos peregrinos aos túmulos dos apóstolos Pedro e Paulo, que remonta aos primeiros séculos da Igreja, mais tarde estendida aos bispos. Tudo fala de Jubileu.
Portas Santas em toda parte
Naquele ano de Misericórdia, muitas Portas Santas foram abertas em todo o mundo, quase um sistema solar composto por milhares de estrelas brilhantes espalhadas pela Terra, mesmo nos lugares mais remotos. Foi uma grande oportunidade, um presente dado a todos, mesmo àqueles que, por vários motivos, não podiam se locomover e viajar. Foi um jubileu extraordinário que pôde ser vivenciado em todas as igrejas locais, permitindo que aqueles que quisessem vivenciar plenamente o evento, fazer a peregrinação e atravessar a Porta da Misericórdia em sua própria diocese.
Uma esperança que vem de Roma
O cardeal Dieudonné Nzapalainga, então arcebispo de Bangui, é um dos intérpretes nodais de seu país. Sua história é de fé e de uma árdua “luta pela paz”, lembrando o título de seu livro na versão italiana, publicado pela Livraria Editora Vaticana em 2022. O cardeal centro-africano compartilhou com a mídia vaticana, aos microfones de Jean Charles Putzolu, a memória daqueles dias e as consequências benéficas da visita do Papa à África Central.
Gostaria de levá-los de volta ao dia 29 de novembro de 2015, o primeiro domingo do Advento, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Foi em Bangui, na República Centro-Africana, portanto, em seu país: uma tradição muito antiga chegando a um país jovem. Em sua opinião, qual foi o significado desse gesto para todos os centro-africanos?
É um gesto único na história não apenas da Igreja universal, mas também da nossa Igreja.
Porque nós, centro-africanos, diante da violência, do sofrimento e da morte, encontrando-nos vivendo em um estado de absurdo, sentimos a esperança que veio de Roma por meio do homem de Deus, o Papa, que veio para aplacar, para trazer paz, tranquilidade e perdão, para trazer reconciliação, convidando nós, centro-africanos, a abrir as portas de nossos corações, cheios de ódio, rancor e vingança, para que pudéssemos nos enfrentar. É por isso que ele mesmo disse para depormos nossas armas: “leve a justiça, leve o amor”. Acredito que seu gesto será sempre lembrado aqui na República Centro-Africana. Muçulmanos, protestantes, católicos, todos nós somos unânimes em dizer que sua chegada foi salutar.
E o Papa de fato chegou. Ela se lembrou dessa mensagem, desse chamado para depor as armas. Havia uma enorme tensão até quase dois dias antes de sua chegada a Bangui. Houve mais tensão desde então? Essa mensagem foi ouvida? A mensagem do Papa foi ouvida e atendida? As armas ficaram em silêncio?
Acho que a mensagem foi ouvida. Passamos seis meses desde a partida do Papa como se estivéssemos em um país normal, algo impensável até dois dias antes de sua chegada. Sua chegada aliviou a pressão. Vimos muçulmanos saindo de seus enclaves para se juntarem a seus irmãos e irmãs católicos no estádio, para participar da grande celebração. As pessoas iam e vinham. O Km 5 [marco 5] era considerado um local onde havia muitas armas e, portanto, não se podia entrar. Mas fui até lá com os cristãos para acompanhar o Papa, dizendo aos muçulmanos: “vamos caminhar juntos!”
O Papa veio de Roma para a República Centro-Africana, os cristãos de Bangui deixaram nossos bairros para ir ao encontro de nossos irmãos, caminhando pela paz. Bem, nós marchamos e continuamos a fazê-lo desde aquele dia. Um líder rebelde nos disse que deveríamos conversar sobre espiritualidade com os imãs. Os imãs organizaram uma grande reunião para pedir aos líderes rebeldes que depusessem suas armas e muita coisa mudou desde então. Isso também foi resultado da visita do Papa.
Os imãs realizaram um grande encontro para pedir aos líderes rebeldes que deponham as armas e isso mudou muito. Esse também foi o resultado da visita do Papa, que nos deu um empurrão, nos fez recomeçar e agora estamos vendo os resultados. Hoje as armas não circulam mais como antes.
Em sua opinião, quais foram os outros frutos desse evento?
Foram os encontros entre jovens muçulmanos e jovens cristãos. Encontros bastante regulares entre mulheres muçulmanas e mulheres cristãs, e entre nós, líderes. Há pouco tempo, em março, uma mesquita a 250 quilômetros daqui foi vandalizada. O imã, o pastor protestante e eu falamos ao coração de nossos fiéis para desarmá-los e convidá-los a cooperar, respeitar, valorizar e respeitar o local. Esse, em minha opinião, é o fruto dessa passagem. Agora também pedimos que a justiça seja feita. Isso significa que aqueles que perderam suas casas devem poder recuperá-las, o que significa que aqueles que moram na casa do vizinho há muito tempo devem ter a gentileza de sair. E nós, líderes religiosos, trabalhamos com o coração. Há alguns que saem para deixar a casa para os proprietários sem passar pelos tribunais ou pelo Estado. Portanto, acho que isso também é proveitoso. Agora os corações estão dispostos e podemos conversar, podemos imaginar um futuro comum.
Quando o senhor diz que eles saem de casa, é porque eles realmente a devolvem ao seu legítimo proprietário, certo?
Exatamente isso.
Em um nível mais pessoal, Vossa Eminência, quais são suas lembranças mais fortes e talvez mais vívidas daquele período?
A lembrança mais vívida é a de entrar no quilômetro 5 dois dias antes: era impossível atravessar o posto de controle. Eu estava lá. Vi com meus próprios olhos: o Papa escolheu ir em um veículo não blindado, mas em campo aberto. Todos sabiam que havia muitas armas no local. Francisco teve a coragem de ir até lá e vimos que o imã também concordou em ir no papamóvel. Essa é a imagem mais forte. Quando saí para ir ao estádio, vi muçulmanos saindo em massa, arriscando suas vidas. Foi sua fé que os levou a sair. Um imã nos disse: ‘O Papa não veio para vocês, cristãos, mas para nós, muçulmanos. Estávamos no enclave, estávamos na escravidão. Ele nos libertou!”
Eminência, uma última pergunta: o senhor se tornou inseparável do Imã… entre cristãos e muçulmanos e também com os protestantes. Vocês realizam iniciativas juntos quase diariamente. Esse é outro fruto. É claro que é o resultado de seu trabalho, mas também é o resultado da visita do Papa…
A visita do papa nos confortou, incentivou e apoiou nesse trabalho. E fomos nós três que pedimos a ele que viesse à República Centro-Africana. Acho que todos nós somos gratos a ele. Esse é o fruto de sua passagem.
O Jubileu de 2025. Como estão se preparando para ele?
O Jubileu de 2025 é um momento importante para a Igreja. Bem, já estão sendo criados grupos aqui para refletir, orar, reunir-se e também para ver como, localmente, viveremos esse momento. Este ano celebraremos 130 anos de evangelização na República Centro-Africana e, ao mesmo tempo, estaremos caminhando para 2025, que está logo ali, e estamos trabalhando em ambos. Portanto, acho que há muito entusiasmo. Eu estava com um grupo de jovens que se encontrava na igreja em massa e dissemos uns aos outros: este é um momento importante porque é um momento de graça, mas também é um momento complicado e elevado. Não podemos deixar passar esse momento favorável.

O cardeal Dieudonné Nzapalainga

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