“Existe um grande tráfico de jovens indígenas no interior do Brasil”, denuncia Irmã Isabel Do Rocio Kuss, coordenadora nacional da rede que atua no combate a esse crime no país. Na Itália para um encontro internacional da Rede Talitha Kum, ela conta sobre os 15 jovens de São Gabriel da Cachoeira que foram para a Turquia: “dizem que era para uma organização religiosa, mas sabíamos que era para o armamento, para soldados de guerra”.
Andressa Collet – Vatican News
A comunidade e o Poder Público de Itacoatiara, no Amazonas, acabam de se comprometer na criação e implementação de um plano municipal de prevenção e enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes que estará em vigor pelos próximos 10 anos. O lançamento da iniciativa aconteceu nesta segunda-feira (20/05) com a participação da Caritas e da Rede Um Grito Pela Vida, uma rede intercongregacional formada por religiosas de diversas congregações e leigos que tem como missão sensibilizar contra o tráfico de pessoas e acolher as vítimas. A coordenadora nacional, Irmã Isabel Do Rocio Kuss, da Congregação das Irmãs Franciscanas Catequistas, está na Itália para trabalhar a temática em âmbito internacional através de assembleia geral da Rede Talitha Kum que termina na próxima sexta-feira (24/05) em Sacrofano, a 30Km de Roma.
A assembleia geral da Talitha Kum está sendo realizada em Sacrofano
Em entrevista a Svitlana Dukhovych, do Vatican News, Ir. Isabel reforçou que o tráfico de pessoas é um crime que precisa ser combatido também no Brasil, sobretudo com o aumento registrado pós-pandemia. A vulnerabilidade social e a pobreza fazem com que as mulheres jovens sejam as principais vítimas no país. Os maiores índices são registrados na Amazônia, alertou a coordenadora:
“Muitas meninas estão saindo do interior e vindo para as cidades. E ali na cidade, ela fica vulnerável às redes criminosas. Também existe grande tráfico dos indígenas, jovens, do interior do Brasil: de São Gabriel da Cachoeira indo para a Turquia. Uma rede levou cerca de 15 jovens para a Turquia. Dizem que era para uma organização religiosa, mas sabíamos que era para o armamento, para soldados de guerra.”
“O nosso trabalho como Igreja e como sociedade civil é a prevenção e a sensibilização”, acrescentou Ir. Isabel, sobre as formas de enfrentamento do crime por parte da Rede. “A educação é o que vai salvar a nossa juventude e as nossas crianças”, ressaltou ela, já que o trabalho conjunto é realizado muito pontual nas comunidades, nas escolas e universidades.
“Nós somos Rede Talitha Kum lá no Brasil através da Rede Um Grito pela Vida. E quando a gente está numa assembleia desse porte, vendo que o mesmo problema que temos no Brasil, tem na África, tem na Ásia, tem na Europa, nos empodera para a luta contra o tráfico de pessoas, nos empodera mesmo! E ainda com a mística da espiritualidade e da compaixão que a gente abraça junto, da solidariedade, do cuidado, do ‘menina, levanta-te, nós estamos lá, mas não somos a única rede’, pois estamos em mais de 100 e poucos países na mesma busca.”
A Irmã Isabel foi eleita coordenadora nacional da rede até 2025