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SECAM condena investimentos estrangeiros que alimentam conflitos em África

O Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM) condenou os investimentos estrangeiros que levaram à exploração de recursos minerais e naturais em África, alimentando assim a violência e os conflitos em muitas partes do Continente.
Cidade do Vaticano
Num seminário realizado de 8 a 10 de março de 2024, em Accra (Gana), sob o tema “Conflitos em África no contexto da exploração dos recursos naturais e mineiros”, os participantes, entre eles Bispos, sacerdotes e leigos católicos, deliberaram sobre a ligação entre a exploração dos recursos naturais e os conflitos no continente africano.
No encontro de três dias, os mais de 40 participantes discutiram uma miríade de tópicos, incluindo a exploração mineira e de outros recursos naturais em África, reflexões teológicas, quadros legais e regulamentos, o empenho da Igreja, iniciativas de defesa, bem como estratégias para futuros esforços destinados a enfrentar os desafios multifacetados associados a estas situações, particularmente os conflitos e as suas ramificações decorrentes da exploração dos recursos naturais.
Os participantes fizeram eco dos sentimentos do Papa Francisco durante a sua viagem apostólica à República Democrática do Congo (RDC) e ao Sudão do Sul, de 31 de janeiro a 5 de fevereiro de 2023, na qual implorou: “Tirem as mãos de África! Deixem de sufocar a África: ela não é uma mina a ser despojada ou um terreno a ser saqueado. Que a África seja protagonista do seu próprio destino! Que a África, o sorriso e a esperança do mundo, conte mais. Que se fale mais dela, que tenha mais peso e prestígio entre as nações!”
O Cardeal Fridolin Ambongo, Arcebispo da Arquidiocese Metropolita de Kinshasa (RDC) e Presidente do SECAM, sublinhou o cenário paradoxal em que os investimentos estrangeiros significativos em petróleo, gás, minas e recursos naturais não beneficiam adequadamente as populações locais do Continente. O Cardeal Ambongo sublinhou a necessidade urgente de a Igreja em África adotar uma abordagem pastoral à ecologia integral e à conversão ecológica informada pela sua doutrina social, particularmente no que diz respeito às indústrias extractivas.
Os participantes identificaram os principais desafios associados à exploração mineira e de recursos naturais no Continente africano e trocaram experiências sobre as respostas actuais da Igreja a estes desafios em certas Conferências Episcopais e regiões do mundo.
Foram examinadas várias situações em todo o Continente, levando à formulação de propostas accionáveis destinadas a promover um futuro melhor para os crentes de todas as denominações, comunidades religiosas e sociedade em geral.
Entre as propostas, destaca-se a defesa da criação de um Dia Continental de Oração e Solidariedade em África, para realçar questões específicas em Países específicos e amplificar as vozes dos marginalizados. Além disso, há um apelo a uma educação reforçada sobre ecologia integral, bem como a um maior envolvimento dos profissionais do direito e dos meios de comunicação social na monitorização da exploração dos recursos naturais e nos esforços de defesa.
O seminário de março foi organizado em colaboração com o Dicastério Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, Misereor, Catholic Relief Services (CRS), Mosaiko Institute for Citizenship, Centre d’Etudes pour l’Action Sociale (CEPAS), Denis Hurley Peace Institute (DPHI) e Catholic Peacebuilding Network da Universidade de Notre Dame.

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