No dia em que a Igreja recorda o padroeiro dos jornalistas, se abrem na França os encontros a ele dedicados centrados na Inteligência Artificial e no Sínodo sobre a sinodalidade. Há também um olhar sobre os conflitos recentes que também eclodiram na Europa. A entrega do prêmio Hamel na quinta-feira.
Benedetta Capelli – Lourdes (França)
Entre os Pirenéus, sob o manto da Bem-Aventurada Virgem Maria e em memória de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, cerca de 250 correspondentes, repórteres e editores de todo o mundo se reúnem nesta quarta-feira, 24 de janeiro, na 27ª edição dos Encontros Internacionais de São Francisco de Sales, organizados pela Federação dos Meios de Comunicação Católicos Franceses em colaboração com o Dicastério para a Comunicação, Signis e a União Católica da Imprensa Italiana. Um encontro que pretende refletir com quem trabalha na comunicação sobre o “Tempo de turbulência”, tema do encontro que se conclui na sexta-feira, 26 de janeiro.
IA e Sínodo no centro da reflexão
A Inteligência Artificial e o Sínodo sobre Sinodalidade são as duas trilhas sobre as quais a reflexão será articulada. “O que eles têm em comum?”, pergunta Xavier Le Normand, coordenador do programa dos Encontros. “A resposta não é óbvia porque aparentemente não há nada que os ligue, mas são temas que abalam hábitos e consciências. Trata-se de provocações que desafiam os jornalistas, tanto porque trabalham na mídia quanto por serem católicos. Soma-se a isso a preocupação com o conflito na Ucrânia e a guerra entre Israel e Hamas, cenários em que os jornalistas, ao relatarem o que está acontecendo, não estão isentos de colocar suas vidas em perigo.
O programa
Os encontros começaram na tarde desta quarta-feira (24/01) com a missa celebrada na Basílica da Imaculada Conceição, uma forma de iniciar a peregrinação dos jornalistas sob a proteção de Maria, confiando a ela as riquezas e os perigos da profissão, pedindo luz justamente neste “tempo de turbulência”. Em seguida, haverá uma sessão dedicada ao papel da mídia diante da guerra.
O prêmio, que leva o nome do padre assassinado, em 2016 em Rouen, que este ano se tornou internacional, será atribuído às jornalistas Sarah-Christine Bourihane pela história de uma …
Na quinta-feira, a reflexão se concentrará no uso da Inteligência Artificial e nas questões éticas decorrentes dela. Esse assunto será discutido por jornalistas especializados em tecnologia digital, especialistas que ajudaram empresas no desenvolvimento da IA e também por Mathieu Guillermin que, na Sala de Imprensa da Santa Sé, apresentou a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 1º de janeiro, centrada na Inteligência Artificial. Em seguida, Alessandro Gisotti, vice-diretor editorial do Dicastério para a Comunicação, fará uma reflexão sobre o papel da mídia no processo sinodal. “O ChatGPT tem lugar nas redações?” é a pergunta que a jornalista francesa Cécilia Gabizon tentará responder.
Dom Migliore e o Prêmio Hamel
Na tarde de quinta-feira, 25 de janeiro, tomará a palavra dom Celestino Migliore, núncio apostólico na França desde 2020, que tem uma longa missão na diplomacia vaticana. Ele foi subsecretário para as Relações com os Estados de 1995 a 2002, antes de ser nomeado observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas. Posteriormente, atuou como núncio na Polônia, Rússia e Uzbequistão. Ele será o responsável por entregar o prêmio Padre Jacques Hamel 2024 a Sarah-Christine Bourihane, por seu artigo Captive et libre (Cativo e livre), publicado no Le Verbe em março-abril de 2023, no qual ela conta a história de uma religiosa da congregação de Notre-Dame que viajou para a África e viveu o inferno durante seu sequestro, sustentada apenas pela fé.
Também foi premiada a jornalista italiana Romina Gobbo por seu artigo L’angelo delle donne (O anjo das mulheres), publicado em setembro de 2023 na revista italiana Messaggero di Sant’Antonio, Pádua, centrado na figura do dr. Mukwege, médico congolês, ginecologista e fundador do Hospital Panzi em Bukavu, onde são tratadas mulheres vítimas de “estupro como arma de guerra”.
Em 2018, o dr. Mukwege recebeu o Prêmio Nobel da Paz junto com Nadia Murad. O Prêmio Jacques Hamel nasceu em 2017, um ano após a morte do Padre Jaques, assassinado em sua igreja em Saint-Étienne-du-Rouvray, em 26 de julho de 2016, por dois fundamentalistas islâmicos.
O prêmio destina-se a premiar os trabalhos que destacaram uma iniciativa em favor da paz e do diálogo inter-religioso. O último dia dos Encontros Internacionais de São Francisco de Sales, sexta-feira, 26 de janeiro, será centrado na necessidade de regras para a gestão da AI, mas haverá mais discussões sobre o Sínodo como instrumento para curar as divisões que existem na Igreja.